Bixiga pra mim não é só a graça das fachadas das casas construídas pelos italianos no começo do século XX.
Bixiga pra mim é a diversidade dos cheiros, das cores, texturas, temperos, cores das peles, dos ritmos e ruídos…
Sou constituída dessa infinidade de estímulos, onde cada sentido se sobrepõe. A peculiaridade desse tempo e espaço atravessa meu corpo desde que nasci.
Meus trajetos são construídos por sobreposições dessas camadas, criando um universo particular, onde o sensorial estimula a sensação única que é saber estar no Bixiga.
Os horizontes internos de cada pessoa que transita nesse território identificam suas peculiaridades, detalhes muitas vezes adormecidos, esquecidos ou apagados em outros bairros de São Pau-lo.
O Bixiga acolhe, abraça e aquece. Ali pessoas encontram o afeto que uma cidade como São Paulo muitas vezes ignora.
Se você está com os olhos atentos aos detalhes e o coração manso, os instantes chegam como uma dança às vezes sútil, às vezes voraz.
As ruas do Bixiga têm um jeito próprio, uma atmosfera própria. Quem entra no Bixiga, sabe que chegou.
A cada esquina, a cada portinha, a cada passo, a luz encontra seu lugar e criam-se espontaneamente diversas cenas de filme. Os moradores e trabalhadores viram personagens, as ruelas, fachadas e o interior visto das janelas constroem cenários espetaculares, criam-se então fragmentos de cenas irrepetíveis.
É a leveza do celular que ajuda a capturar os fragmentos de beleza que rodeia o viajante que estiver por lá. O celular sempre fácil e constante em nossa rotina vira instrumento de captura dessas cenas. Muitas vezes eu nem guardo o celular na bolsa, porque sei que a cada instante, em fração de segundos, posso encontrar fragmentos poéticos da vida real.
Confira o ensaio na íntegra:
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