Aline Bispo realiza pintura de obra inédita ‘Dança de Fartura’ no Sesc Campo Limpo 

10/05/2024

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Criação é inspirada na obra ‘Mitologia dos Orixás’, de Reginaldo Prandi

Nascida e criada na região do Campo Limpo, a artista, ilustradora e curadora Aline Bispo retorna ao território para deixar sua contribuição. “Fiz um trabalho que para mim é uma honra: a renovação da caixa d´água [do Sesc Campo Limpo], o que me deixa muito contente, porque nasci aqui e vivi a minha vida inteira, praticamente, na região do Campo Limpo”, pontua ela. 

Imagem do layout de ‘Dança de Fartura’, de Aline Bispo 

Feliz por contribuir com a composição de Dança de Fartura no lugar onde nasceu, cresceu e viveu, Aline explica a respeito da inspiração no livro Mitologia dos Orixás, de Reginaldo Prandi. “Fartura não só no sentido de questões materiais, mas também nas questões de fartura quando a gente pensa em afeto, em alimento, em tudo que compõe a construção humana: esse poema fala disso”, destaca Bispo. 

Reconhecida mundialmente por seus trabalhos em espaços urbanos, como as pinturas feitas em empenas – paredes sem janelas dos prédios – no Minhocão, Aline aponta que sua produção artística carrega em si sua própria história. “Me faz olhar para minha construção social, étnica, de gênero, e isso se amplia para um território que vai além do meu corpo”, salientando ainda a importância de seu extenso trabalho de pesquisa sobre as nossas múltiplas brasilidades e as composições étnicas, raciais e sociais do país. 

Voltar e deixar sua marca no Campo Limpo foi uma satisfação para Aline BispoFoto: Juci Fernandes 

A obra, que ressignifica a caixa d´água do Sesc Campo Limpo, e fica à disposição para apreciação das pessoas até dezembro deste ano, nas palavras dela, ganha o mundo e com isso, novos significados. “Acredito que a obra de arte não é mais minha, é do público, então nesse processo de troca, deixo esse desejo de fartura e levo também outros desejos de afeto junto comigo”, finaliza Aline.  

Dança de Fartura, de Reginaldo Prandi (em ‘Mitologia dos Orixás) 

No começo dos tempos, Olodumare criou os homens […] 
Orunmilá, também chamado Obá Jeunjeum, 
ou “Rei-que-Come-Alimento”, na língua dos orixás, 
ofereceu-se para levar os homens ao mundo e cuidar deles la 
com o gue Olodumare concordou plenamente. 
Previdente, Orunmilá consultou o babalaô, 
que o mandou oferecer sacrifícios antes de partir. 
Ele deveria preparar sementes de legumes e tubérculos. 

O ebó foi feito. 
Do Orun, Orunmilá despejou essas ofertas na Terra. 
Caindo no solo, as sementes germinaram, os tubérculos brotaram. 
As plantas cresceram, dando folhas, frutos e sementes. 
e foi com essa abundância que Orunmilá alimentou os homens. 
Os seres humanos reproduziram-se e se espalharam pela Terra toda. 

Reginaldo Prandi, Mitologia dos Orixás (2001) 

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