Em um local fechado a quatro paredes, possivelmente um cômodo de uma casa, situações comuns, inerentes e cotidianas começam a acontecer. Possibilidades multiplicam-se com a repetição dos hábitos mais corriqueiros. No decorrer da obra, esses gestos assumem aspectos involuntários, inconscientes. Eventos inesperados e a princípio impróprios ao ambiente vão surgindo. A confluência entre dança, teatro, música, artes visuais e cinema permeia a lógica dos acontecimentos, envolvendo percursos criativos específicos e diferenciados. Como um efeito de ação e reação, tudo pode mudar a partir de uma mínima desordem, da ocorrência do imprevisto, do acaso da vida. A cena se expande da normalidade à estranheza, conforme suas transformações. Se as realidades podem ser também construções do imaginário, surge a pergunta: seriam elas — e nós mesmos — transformáveis?

A principal referência para a criação de SCinestesia veio da animação Tango, de Zbigniew Rybczyński. A partir daí, um leque de possibilidades foram se desvelando, desde 2018 até a finalização da obra. Mas, quando se trata de uma obra com matriz no Surrealismo, as transformações se renovam a cada apresentação. Da animação em vídeo à obra coreográfica, muitas experimentações aconteceram. A começar pelo convite para a parceria dramatúrgica com Matteo Bonfitto (ator-performer, diretor teatral e professor titular do Departamento de Artes Cênicas da Unicamp). Essa parceria trouxe algo que ultrapassou as aparências, desobrigou o compromisso com o real, linear, convencional. Outra importante colaboração foi a interlocução com Luciano Sallun, musicista que já compôs para a Companhia em outras obras. Ainda, nos campos da cenografia e figurino, a presença de Julio Dojcsar e Bruna Recchia veio coroar o processo de criação, incorporando ainda mais o universo surreal buscado.

A Companhia de Danças de Diadema desenvolve, desde 1995, na cidade de Diadema, um Programa de Difusão e Acesso à Linguagem da Dança. É uma realização que mantém atividades artístico-sociais, como espetáculos, oficinas permanentes de dança em diversos estilos, vivências em dança em entidades socioculturais públicas e privadas, que acontecem em Diadema e por todo país. Desenvolve um programa por meio do qual proporciona à comunidade do município noções de dança, educação, arte e cidadania, bem como valoriza a inclusão cultural através desses ensinamentos. Com 29 anos de existência, traz em seu repertório 31 obras coreográficas criadas pelos mais diversos artistas do cenário nacional e internacional da dança. Suas ações já circularam por aproximadamente 90 municípios do Brasil e em turnês por países como França, México, Chile, Portugal e Peru.

Ficha técnica
Direção geral e concepção coreográfica: Ana Bottosso
Dramaturgia cênica: Ana Bottosso e Matteo Bonfitto
Assistente de direção e produção administrativa: Ton Carbones
Assistente de coreografia: Carolini Piovani
Concepção musical: Luciano Sallun
Desenho de luz: Alexandre Zullu e Ana Bottosso
Sonoplastia: Jehn Sales
Cenografia e adereços cênicos: Júlio Dojcsar
Figurinos: Bruna Recchia
Confecção de figurinos: Zezé de Castro
Arte de logotipo: Tono Guimarães
Professores de dança clássica: Ilara Lopes, Márcio Rongetti e Paulo Vinícius
Professores de pilates: Wil Helvecio
Professores de dança contemporânea: Ana Bottosso, Ton Carbones
Professor de viewpoints: Bruno de Oliveira
Professores convidados: Daniela Moraes (improvisação) e Henrique Lima (floorwork)
Condicionamento físico: Carolini Piovani
Orientação em yoga: Daniele Santos
Assistente de produção: Jehn Sales
Assistência de comunicação: Cristina Ávila
Intérpretes colaboradores: Carlos Veloso, Carolini Piovani, Daniele Santos, Felipe Julio, Flávia Rodrigues, Guilherme Nunes, Leonardo Carvajal, Noemi Esteves, Thaís Lima, Ton Carbones.