“Racismo Ambiental, (In)justiça Climática e a Importância da perspectiva das mídias periféricas” 

20/06/2024

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“Tratar a pauta do clima desconsiderando o racismo ambiental é negacionismo”. A frase da jornalista Bianca Santana, diretora-executiva da Casa Sueli Carneiro que integra a Coalizão Negra por Direitos, abre o texto de contracapa da publicação Racismo Ambiental e Emergências Climáticas no Brasil, lançado no final de 2023 pelo Instituto de Referência Negra Peregum e a editora Oralituras. 

Esta afirmação destaca a urgência de racializar o debate climático, tanto pelo reconhecimento de que são as populações negras e indígenas as que mais sofrem no Brasil com os efeitos desta crise, quanto por serem também os grupos que historicamente produzem saberes e estratégias para enfrentar as problemáticas ambientais. 

O mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)1 reforça este olhar ao destacar a disparidade do impacto da crise climática sobre diferentes povos e comunidades, ao mesmo tempo em que constata que as pessoas mais afetadas são as que menos contribuem para o aquecimento global. 

Acontecimentos recentes envolvendo eventos climáticos extremos, como os desabamentos ocorridos no litoral norte de São Paulo em fevereiro de 2023, após grande volume de chuvas, e as inundações em proporções sem precedentes na região sul do país em maio de 2024, alertam para a maior vulnerabilidade entre comunidades negras, maioria nas áreas periféricas. Nas regiões mais pobres e marginalizadas, as estatísticas revelam uma realidade assustadora: o número de mortes relacionadas a eventos climáticos extremos, como secas, enchentes e tempestades, é até 15 vezes maior do que em áreas mais desenvolvidas.2 

Com o intuito de expandir e qualificar este debate, tendo em vista a necessidade de um olhar interseccional sobre ele, e de valorizar o papel das mídias locais e periféricas, suas estratégias, linguagens, em abril de 2023 o Sesc Interlagos realizou o encontro “Racismo Ambiental, Justiça Climática e a Comunicação nos Territórios à Margem” em parceria com representantes de mídias contra-hegemônicas de diferentes regiões do país3

Escutar estas vozes e valorizar estas perspectivas é fundamental para que a construção de estratégias de enfrentamento à emergência climática seja para todos, incluindo os territórios à margem. Não há justiça climática sem justiça racial.  

Participaram do encontro comunicadores de comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas e de quebrada, mobilizados a assumir o protagonismo destas discussões e torná-las acessível nos contextos onde vivem e atuam. A partir desse encontro os coletivos A Terceira Margem da Rua, Desenrola e Não Me Enrola e Periferia em Movimento desenvolveram o material Racismo Ambiental e (In)justiça Climática: ideias e dicas para levar essa conversa para a sua rua ainda hoje, que pode ser acessado e baixado gratuitamente clicando no link abaixo.

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