Prevenção de quedas: passos firmes e sem tropeços

03/07/2024

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Quedas são mais do que incidentes cotidianos; elas se tornaram uma das principais causas de mortalidade entre os idosos no Brasil; tema foi abordado em palestra gratuita no Sesc Birigui

As cenas são comuns. Uma pessoa está em casa, sem grandes preocupações, quando, de repente, tropeça no tapete da sala e cai. Ou está distraída, passando um pano molhado no chão e, sem perceber que criou uma armadilha para si mesma, leva um escorregão.

As quedas são mais do que incidentes cotidianos; elas se tornaram uma das principais causas de mortalidade entre os idosos no Brasil. De acordo com dados do Ministério da Saúde, entre 2013 e 2022, o número de óbitos devido a quedas saltou de 4.816 para 9.892 vítimas no ano. No período a soma assusta: 70.516 mortes por quedas da própria altura.

Especialistas apontam três fatores principais para essa crescente incidência de quedas. O primeiro deles é o aumento da expectativa de vida da população, o que faz o número de idosos ser cada vez maior. Em 2022, o total de pessoas com 60 anos ou mais no país, segundo o Censo Demográfico, era de 32,11 milhões, o que representa 15,6% da população. O aumento é de 56% na comparação a 2010, quando os idosos somavam 20,5 milhões (10,8%).

O segundo fator é uma menor subnotificação dos casos pela rede hospitalar enquanto o terceiro, a falta de políticas públicas direcionadas à mobilidade e segurança dos idosos.

Diante desse cenário, é fundamental levar informação e oferecer orientações práticas para prevenir quedas e seus impactos na vida dos idosos.

Palestra sobre prevenção de quedas

Neste contexto, o Sesc Birigui realizou a palestra “Prevenção de Quedas em Pessoas Idosas”, com o educador físico Felipe Barbosa. Em encontro com a presença de atletas da melhor idade, ele falou sobre a importância do treinamento funcional para fortalecer a musculatura e melhorar o equilíbrio. Esses aspectos são fundamentais para prevenir acidentes e promover uma vida ativa e saudável na terceira idade.

Um dos temas centrais da palestra foi a sarcopenia, condição que causa a perda progressiva da massa muscular e redução do desempenho físico. Essa síndrome é mais comum em pessoas idosas e, por isso, as orientações médicas são especialmente direcionadas para essa faixa etária.

Segundo Barbosa, a sarcopenia está associada a diversos problemas sérios, incluindo perda de equilíbrio, dificuldades na locomoção, aumento do risco de quedas e consequentemente maior chance de fraturas. Porém, não é o único indicativo ou sinal de alerta para o risco de quedas. Também merecem atenção:


  • Histórico de quedas anteriores: pessoas que já caíram têm maior probabilidade de cair novamente.
  • Fraqueza muscular: perda de força nas pernas e nos músculos centrais pode dificultar o equilíbrio.
  • Problemas de equilíbrio e marcha: dificuldade em se equilibrar ao caminhar ou mudar de posição.
  • Uso de medicamentos: alguns medicamentos, especialmente aqueles que afetam o sistema nervoso central, podem causar tonturas ou diminuir a capacidade de reação.
  • Visão comprometida: diminuição da acuidade visual, visão periférica ou capacidade de perceber contrastes.
  • Dificuldade cognitiva: problemas de memória, confusão ou dificuldade de concentração.
  • Mobilidade: auxílios para a locomoção (como bengalas ou andadores) podem indicar um alto risco de queda quando há uso incorreto ou se houver problemas com sua eficácia.
  • Ambiente doméstico: obstáculos, tapetes escorregadios, falta de iluminação adequada ou superfícies irregulares.

Treinamento funcional

O treinamento funcional desempenha um papel crucial na prevenção de quedas, pois se concentra em exercícios que ajudam as pessoas a realizar as atividades do dia a dia de forma mais segura e eficiente. Além disso, fortalece os músculos necessários para movimentos específicos e melhorando o equilíbrio e a coordenação. É indicado para todas as pessoas, principalmente as idosas, que têm mais problemas de mobilidade e estabilidade.

Além disso, estratégias simples em casa reduzem o risco de quedas, como o uso de tapetes antiderrapantes em áreas molhadas (banheiro e pias), calçados fechados e com solado de borracha, iluminação adequada e a remoção de obstáculos.

Alerta

Barbosa alerta para um mito: de que as quedas atingem apenas pessoas idosas, pois os números mostram aumento de acidentes também com adultos jovens.

“A saúde geral não oferece garantias de imunidade. Vários fatores, como mudanças na visão, perda de força muscular e alterações na marcha, contribuem para o risco de quedas em qualquer etapa da vida”, ressalta.

Embora seja comum associar quedas a problemas de equilíbrio, a realidade é mais complexa. “Fatores como alterações no estado mental (como confusão ou agitação), distúrbios neurológicos, déficits sensoriais, histórico de quedas anteriores, medicamentos que afetam o sistema nervoso central e urgências urinárias/intestinais desempenham papéis significativos no aumento do risco de quedas”, diz o profissional.


Felipe Barbosa é graduado em Educação Física pela Unesp Bauru e pós-graduando em Treinamento Funcional, Prevenção de Lesões e Performance. É também coordenador técnico esportivo da Afpesp Bauru; proprietário e coordenador técnico na Rede Make – Pilates Studios; educador em atividades fisicoesportivas no Sesc São Paulo.

Acompanhe a programação do Sesc Birigui em www.sescsp.org.br/birigui

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