Projeto Literatura Livre lança segunda edição com 15 e-books gratuitos

08/08/2024

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Avatar, A metamorfose, Hōjōki e Mil novecentos e oitenta e quatro estão entre os clássicos disponibilizados gratuitamente

Em sua segunda edição, o projeto Literatura Livre disponibiliza gratuitamente quinze obras clássicas da literatura mundial traduzidas do idioma original. Os e-books trazem traduções do espanhol, japonês, inglês, italiano, russo, francês, alemão e árabe, com nomes de destaque da literatura ocidental, como George Orwell, Franz Kafka e Katherine Mansfield.  
 
A curadoria dessa edição também dá atenção especial à literatura latino-americana, com livros de Roberto Arlt, Horacio Quiroga e Clemente de Palma, além de contos e lendas da tradição árabe, crônica japonesa e um clássico da literatura russa. É possível ler ou baixar gratuitamente os livros nos formatos ePub e PDF em sescsp.org.br/literaturalivre

As obras também estão disponíveis no site do Instituto Mojo e, a partir do dia 19 de agosto, poderão ser encontrados na Amazon e demais plataformas comerciais, sempre de forma gratuita. 

Os títulos que integram o projeto estão em domínio público e esta é uma de suas principais características. Até mesmo as capas, produzidas pelo artista Chris M. Brito para o projeto, são criadas por meio de colagens a partir de bancos de imagens em domínio público. 

O projeto Literatura Livre é fruto de uma parceria entre o Sesc São Paulo e o Instituto Mojo de Comunicação Intercultural. A primeira edição, realizada em 2021, viabilizou o acesso gratuito a outros 14 e-books com obras representantes dos movimentos migratórios que participaram da formação cultural do Brasil. Títulos de Joseph Conrad, Clorinda Matto de Turner e Jonathan Swift, além de coletâneas de contos africanos e chineses fazem parte da coleção de estreia. 

A iniciativa integra a política do Sesc São Paulo de acesso gratuito a bens culturais no ambiente digital. Agora com 29 títulos, esse conjunto de obras literárias é matéria-prima para alimentar novas programações em unidades físicas do Sesc, como também da sociedade como um todo, uma vez que o conteúdo distribuído é livre. Além disso, o projeto reforça os valores de sustentabilidade e de inovação defendidos pelo Sesc em suas ações. 

>>> Acesse: sescsp.org.br/literaturalivre 

Conheça as obras da segunda temporada:  

Avatar (Avatar, 1856) 
Théophile Gautier (1811–1872) 
Tradução: Bruno Anselmi Matangrano 

Uma das obras pioneiras da ficção-científica moderna, Avatar conta a história da paixão de Octave de Saville pela condessa Prascovie Labinska. O conflito se dá quando ela rejeita o pretendente e permanece fiel ao marido, o conde Olaf, ocasionando em Octave um estado progressivo de depressão. Seus amigos e parentes recorrem a um médico peculiar e enigmático, o doutor Balthazar Cherbonneau, que se oferece para trocar a mente de Octave com a de Olaf usando de seus conhecimentos ancestrais. Acesse aqui.

Contos malévolos (Cuentos malévolos, 1904) 
Clemente de Palma (1872–1946) 
Tradução: Camille Pezzino 

Com pesadas críticas à religião e ao modelo filosófico medieval em voga na época, Palma mistura passado, futuro e diferentes culturas, criando uma literatura ficcional comparável a de grandes nomes como Edgar Allan Poe, H. G. Wells, Horacio Quiroga e Machado de Assis. Acesse aqui.

Livro do tigre e do raposo (Kitāb Annamir wa Aṯṯaclab, séc. 8-9) 
Sahl Bin Hārūn (m. c. 830 d.C.) 
Tradução: Mamede Jarouche  

Produzido por influência do clássico árabe Kalīla e Dimna, considerado por muitos como o precursor da obra de Maquiavel, o Livro do tigre e do raposo é um elogio à astúcia e à sagacidade. Um fabulário político que realça seu tom islâmico ao trazer versos de poetas da tradição árabe e não poupar o uso de provérbios, que almejam contribuir com a formação moral e cultural dos indivíduos. Acesse aqui.

Na baía (At the bay, 1922) 
Katherine Mansfield (1888–1923) 
Tradução: Carol Chiovatto  

Esta obra é considerada o melhor e mais maduro trabalho da autora, um exemplo luminoso de seu impressionismo literário. A história narra o cotidiano das mulheres e das famílias de colonos em uma praia da Nova Zelândia, as cooperações, dilemas e conflitos entre seus habitantes. Acesse aqui.

A bota de ferro (The iron heel, 1908) 
Jack London (1876–1916) 
Tradução: Ricardo Giassetti 

Do autor do célebre Caninos brancos, este livro é uma das principais distopias políticas do século 20 e conquistou admiradores como Leon Trotski, para quem o autor abriu mão de recursos estilísticos privilegiando “análise e prognóstico sociais”. O ponto de partida desta história é a descoberta, num futuro distante e utopicamente harmonioso, de um manuscrito redigido em 1932. O texto relata uma insurreição da classe trabalhadora que teria ocorrido entre 1914 e 1918 e que seria a responsável direta pelo estado de equilíbrio social em que o personagem vive no futuro. Acesse aqui.

Xingu (Xingu, 1916) 
Edith Wharton (1862–1937) 
Tradução: Adriana Zoudine 

Essa história, ambientada no início dos anos 1900, é uma sátira social. Um grupo de distintas senhoras da alta sociedade de uma pequena cidade se reúne mensalmente para o que elas chamam de “Almoço Erudito”. Certa vez, uma famosa escritora que está de passagem pela cidade é convidada a participar. No entanto, o que prometia ser um momento perfeito para as madames exibirem sua bagagem cultural e, principalmente, suas coleções de arte e posses materiais, acabou não saindo como o planejado. A obra expõe as entranhas de uma suposta elite intelectual, que, na verdade, é fútil e alheia à realidade do mundo, interessada apenas em criar e viver em sua própria bolha social. Acesse aqui.

Gravuras cariocas (Aguafuertes cariocas, 1930) 
Roberto Arlt (1900–1942) 
Tradução: Camille Pezzino 

Este livro é composto por 40 crônicas escritas pelo argentino Roberto Arlt durante uma breve estadia no Rio de Janeiro, em 1930. Com valor literário, histórico e sociológico, elas são consideradas por muitos como o melhor extrato de sua farta produção jornalística e um retrato muito lúcido e crítico do Brasil daquela época. Alguns textos colocam Buenos Aires e a soc iedade argentina como o contraponto moderno e civilizado ao atraso do Brasil e de sua capital à época. Acesse aqui.

O retorno (Возвращение, 1946) 
Andrei Platonov (1899–1951) 
Tradução: Francisco de Araújo 

A obra narra a história do capitão Aleksei Ivanov, que se prepara para voltar para casa ao fim da Primeira Grande Guerra, após muitos anos longe da família. Sua esposa o aguarda ansiosa, seu filho mais velho se tornou o homem da casa antes do tempo e sua filha mais nova sequer se lembra dele. A distância e o sofrimento tiveram efeitos diferentes em cada um dos membros da família e o reencontro não é um grande alívio para todos.  Acesse aqui.

A metamorfose (Die Verwandlung, 1915) 
Franz Kafka (1883–1924) 
Tradução: Giovane Rodrigues 

“Certa manhã, ao acordar de sonhos inquietos, Gregor Samsa se viu em sua cama transformado num imenso inseto” – talvez este seja o início de livro mais famoso do mundo. É assim que Kafka abre sua obra mais conhecida: a história de um jovem que, transformado da noite para o dia em um inseto gigante, torna-se um objeto de desgraça para sua família, um forasteiro em sua própria casa, um homem essencialmente alienado. Acesse aqui.

O ventre de Nápoles (Il ventre di Napoli, 1884–1905) 
Matilde Serao (1856–1927) 
Tradução: Luciana Cammarota 

A jornalista italiana Matilde Serao inovou com uma obra híbrida, que mescla investigação jornalística, crônica de costumes e observação sociológica para descrever e analisar as contradições de uma cidade repleta de belezas, mas também assolada por inúmeros problemas, como a ausência do Estado no planejamento urbano, no acesso ao emprego e à alimentação adequada, bem como na gestão do orçamento público. Acesse aqui.

O boneco raivoso (El juguete rabioso, 1926) 
Roberto Arlt (1900–1942) 
Tradução: Ricardo Giassetti 

O “boneco” do título é o próprio protagonista, Silvio Astier, que se vê predestinado a pertencer para sempre à classe baixa, sem perspectivas de uma vida melhor. Aqui e ali, ele se envolve em pequenos furtos e frequenta subempregos, sem nunca se livrar de um impasse dramático: o vislumbre de outros mundos alcançado por meio da literatura e a desilusão com as estruturas estabelecidas das classes sociais, que impedem um jovem de escolher sua profissão. Acesse aqui.

Contos da selva (Cuentos de la selva, 1918) 
Horacio Quiroga (1878–1937) 
Tradução: Ricardo Giassetti 

A selva é o cenário e o personagem onipresente dessas histórias. Aqui encontramos uma coletânea de fábulas que remetem às Mil e uma noites e a O livro da selva, de Kipling. Embora tenham em si os cenários conhecidos da selva sul-americana, aparecem alguns convidados inusitados como flamingos, tartarugas gigantes e tigres. Acesse aqui.

Contos de amor de loucura e de morte (Cuentos de amor de locura y de muerte, 1917) 
Horacio Quiroga (1878–1937) 
Tradução: Renato Roschel e Adriana Zoudine 

Contos de amor de loucura e de morte (sem vírgulas, por demanda do autor) foram publicados originalmente na aclamada revista “Caras y Caretas”. E o título do livro é auto explicativo, revelando o fascínio do autor pelos temas da morte, dos enlaces amorosos e do sobrenatural. Apesar de o compararem com frequência a Edgar Allan Poe, sua originalidade está no olhar sobre a natureza e o cotidiano. A sensação é de que estamos presenciando episódios como observadores de dentro da mente dos personagens. Acesse aqui.

Mil novecentos e oitenta e quatro

Mil novecentos e oitenta e quatro (Nineteen eighty four, 1949) 
George Orwell (1903–1950) 
Tradução: Ricardo Giassetti 

O trabalho diário do protagonista Winston Smith é criar notícias falsas e distorcer a verdade em benefício da classe dominante, alterando a memória dos cidadãos e mantendo a classe trabalhadora na ignorância e na amnésia geracional. Qualquer semelhança com o fenômeno atual das fake news e da polarização política é mera coincidência. Este livro é um assombro justamente pela quantidade de situações que o autor foi capaz de antever. Publicado pela primeira vez em 1949, o livro Mil novecentos e oitenta e quatro é, em suma, uma crítica inflamada ao totalitarismo nazista e stalinista e também ao excepcionalismo estadunidense e ao colonialismo britânico. Acesse aqui.

Hōjōki

Hōjōki (方丈記, 1212) 
Kamo no Chōmei (1155–1216) 
Tradução: Nana Yoshida 

Grande obra de testemunho literário do Japão medieval, Hōjōki é uma curta crônica social em que o autor busca seu lugar no mundo regido pelo princípio da impermanência, afastando-se da antiga capital Heiankyō, atual Kyoto, assolada por uma série de calamidades no final do século 12, e isolando-se nas montanhas. Ao construir uma cabana rústica e eliminar o desejo, o poeta e inja, retirado budista, acreditava que seria poupado da angústia que se abateu sobre os habitantes da cidade. No entanto, o autor é consumido pela dúvida, questionando sua própria sanidade e a integridade de seu propósito. Sua voz vem do passado distante e fala diretamente ao coração, surpreendentemente moderno e intensamente humano. A nitidez das tradições do passado e as calamidades presentes no cotidiano dos cidadãos transformam o futuro em uma névoa indissolúvel, misteriosa e desalentadora; ao mesmo tempo, o autor enaltece o limiar da vida em acontecimento. Embora idoso e solitário, seus pequenos prazeres e memórias mantêm a chama de sua alma viva. Acesse aqui.

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