Entrevista com Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo.
1) No dia 13 de setembro de 2015 o Sesc completou 69 anos de existência. Já se trata de uma instituição cuja longevidade abrange 3 gerações de brasileiros (1946-2015). Em vista desse tempo, como pode ser entendida a missão institucional do Sesc?
Para expor a missão do Sesc, é preciso lembrar do quadro histórico. Diante da nova ordem econômica do pós-guerra, o Brasil atravessava profundas transformações na economia agrária e avançava no processo de urbanização das cidades, preparando-se para os novos rumos de sua industrialização e para o crescimento de seu mercado interno no consumo dos bens produzidos. Ou seja, o modelo de produção brasileiro baseado na indústria agrária começava a mudar para uma indústria baseada em elementos mais modernos, avançados. Isso transforma as cidades; os comércios e serviços crescem, as populações explodem. Era um país que tinha 80% da sua população no campo e 20% na cidade e essa equação começa a se inverter. Então isso transforma a sociedade, e o Estado tenta responder, mas não consegue por uma série de razões.
Para essa expansão, eram imprescindíveis a formação de novos quadros e a qualificação da mão-de-obra existente, tanto para a indústria quanto para o comércio. Os empresários dessas áreas começam, então, a assumir compromissos. E esse comprometimento pode ser referido na noção de bem-estar e também, hoje, na tão falada noção de responsabilidade social. É nesse momento que isso começa a acontecer. Essa responsabilidade se dá pelo compromisso do empresariado em defesa da paz social diante das diversas tensões que grassavam no país. É assinada pelos empresários, em 1946, num encontro em Teresópolis, a “Carta da Paz Social”, que ainda hoje é atualíssima. Nela, os empresários falam da importância do emprego, da função social da empresa, do compromisso da mudança e da transformação na vida das pessoas. Os empresários dessas áreas propuseram uma união nacional com o objetivo de reduzir as desigualdades sociais, criando condições para a melhoria de vida dos trabalhadores, numa parceria singular com o Estado.
Desse espírito nascem essas instituições, os chamados “S”. O Senai foi criado primeiro, em 1942. E em 1946 são criados o Sesi, o Senac e o Sesc. Se constitui, então, um embrião desse mecanismo de obter recursos das empresas voltados para o bem-estar social do trabalhador e da formação profissional. Um dos pontos significativos do regimento de criação dessas entidades é que elas deviam ser administradas autonomamente, ou seja, cada uma com suas características e em cada Estado, geograficamente falando, se adaptando às necessidades locais.
Eu, particularmente, recuso um pouco a denominação de “Sistema S”, porque no momento que designamos de forma unificada, juntamos num mesmo conceito instituições absolutamente diferentes, com objetivos, culturas, modos de agir e perspectivas diversos.
Pensando especificamente no Sesc de São Paulo, o entendimento da política de ação educativa e cultural que desempenhamos é abrangente desde o nascedouro. Atualmente, portanto, e aqui entra uma terceira noção, ligada à centralidade que a cultura e a educação têm para nós, trata-se de uma política que pode ser definida como sociocultural, uma vez que se refere à implementação de programas para públicos variados e com objetivos culturais, sociais, desportivos e artísticos próprios. Cada unidade do Sesc configura um centro que oferece um conjunto de atividades esportivas, artísticas, de lazer e cultura.
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