Mais de cem

30/09/2024

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Conheça cinco casarões centenários que estão abertos à visitação e ajudam a contar a história da cidade de São Paulo (Instituto Artium; foto de João Caldas Filho)

POR LUNA D’ALAMA 

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Neste ano, edifícios icônicos da cidade de São Paulo completam um século de existência. Um deles é o Palácio das Indústrias, obra do engenheiro e arquiteto Ramos de Azevedo (1851-1928) que, no passado, já abrigou a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, a Prefeitura de São Paulo e, desde 2009, é a sede do Museu Catavento.

Outros dois importantes prédios também acabam de completar cem anos: o Edifício Martinelli – que começou a ser construído em 1924 e foi inaugurado cinco anos depois – e o Edifício Sampaio Moreira, sede da Secretaria Municipal da Cultura desde 2018. Assim que terminou de ser erguido, o Martinelli ostentou o título de maior arranha-céu da capital, mas perdeu o posto para o Banespa (atual Farol Santander), em 1944. Atualmente, o prédio tem promovido visitas guiadas (mediante agendamento online) e festas em comemoração ao centenário. Tanto o Martinelli quanto o Sampaio Moreira foram projetados em estilo arquitetônico eclético, misturando elementos clássicos, medievais, renascentistas, barrocos e neoclássicos.

A seguir, conheça outros cinco prédios da capital paulista que já chegaram aos cem anos – ou ultrapassaram a marca de um século –, são patrimônios históricos e culturais da cidade e estão de portas abertas para visitação gratuita. Bom passeio!

INSTITUTO ARTIUM
Construído entre 1920 e 1921, por um industrial sueco, o Palacete Stahl tem referências da arquitetura eclética do século 20 e, também, do estilo Luís 16, com cores claras e detalhes em dourado. Testemunha de diferentes ciclos econômicos e transformações urbanas de São Paulo, o casarão já serviu de residência para os cônsules da Suécia e do Japão, além de ter sido o lar de um cafeicultor e de um banqueiro. Por quase três décadas, entre 1980 e 2007, a edificação – localizada próximo ao Parque Buenos Aires – ficou fechada, até ser comprada e restaurada. Desde 2021, abriga a sede do Instituto Artium de Cultura e é considerado patrimônio histórico municipal, com amplos cômodos, jardins externos e bancos para leitura. Até 3 de novembro, o Artium apresenta a exposição Matéria prima, da artista Gisela Colón, sob curadoria de Simon Watson.

Rua Piauí, 874, Higienópolis, São Paulo (SP). Quarta a sexta, das 12h às 18h. Sábados e domingos, das 10h às 18h. Grátis.

CASA DA IMAGEM
Conhecida como Casa nº 1 da cidade de São Paulo e situada ao lado do Solar da Marquesa de Santos, a Casa da Imagem data do fim do século 19. No entanto, registros apontam que, antes dela, havia uma residência de taipa de pilão no terreno, pertencente ao sertanista Francisco Dias Velho (1622-1687), que a vendeu ao bandeirante Gaspar Godoy Moreira (1635-1693). Por volta de 1880, o major e banqueiro Benedito Antônio da Silva (1822-1902) demoliu o casarão e construiu um imóvel de três andares, que se mantém até hoje. A Casa nº 1 foi vendida ao Estado em 1894 e, por mais de um século, abrigou diversos órgãos e instituições públicas ou sem fins lucrativos, como o Instituto Genealógico Brasileiro e o Departamento do Patrimônio Histórico. Em 1998, a edificação foi incluída no tombamento da região do Pátio do Colégio. O prédio foi restaurado entre 2008 e 2011, quando foi inaugurada a Casa da Imagem, que detém uma coleção de 84 mil fotografias pertencentes ao Museu da Cidade – formado por outros 11 casarões históricos, como o Solar da Marquesa e a Casa Modernista. Criada para ser a sede do acervo iconográfico paulistano, a Casa da Imagem desenvolve ações voltadas à memória da imagem documental da cidade, promovendo sua preservação, pesquisa e difusão.

Rua Roberto Simonsen, 136-B, Sé, São Paulo (SP). Terça a domingo, das 9h às 17h.

No acervo da Casa da Imagem, a história de São Paulo é contada por meio de registros fotográficos da arquitetura, do cotidiano e dos habitantes da cidade (foto: Nelson Kon).

MUSEU DO LIVRO ESQUECIDO
A Casa Ranzini foi construída há exatos cem anos, em estilo eclético florentino, com fachada ornamentada com elementos renascentistas, para residência do arquiteto italiano Felisberto Ranzini (1881-1976). O neto do proprietário viveu no endereço até 2006, quando o casarão foi vendido e passou a abrigar oficinas e exposições de arte e fotografia. Em 2021, foi adquirido por um grupo de sócios, que restaurou parcialmente o local e o transformou no Museu do Livro Esquecido, inaugurado há dois meses. O acervo inclui três mil itens, entre obras raras e primeiras edições de literatura brasileira e estrangeira, além de títulos acadêmicos ligados à história do livro e da tipografia. Está em cartaz no local, até 23 de fevereiro de 2025, a exposição A solidão e a escrita, que destaca a trajetória e os trabalhos das brasileiras Carolina Maria de Jesus (1914-1977) e Teresa Margarida da Silva e Orta (1711-1793), além da italiana Cristina de Pisano (1364-1431). O museu oferece visitas guiadas e audioguias. A casa também abriga um laboratório de restauro e encadernação de livros em seu porão.

Rua Santa Luzia, 31, Sé, São Paulo (SP). Sábados e domingos, das 10h às 17h. Durante a semana, funciona mediante agendamento. Grátis.

O acesso aos livros do acervo do Museu do Livro Esquecido é feito mediante solicitação de consulta por telefone ou e-mail (foto: Pedro Zimerman).

MUSEU DO TJSP
No alto de uma colina, com vista para o vale do rio Tamanduateí, foi erguido o Palacete Conde de Sarzedas, entre 1891 e 1895. O nome faz referência ao patriarca da família proprietária, o administrador português D. Bernardo José de Lorena (1756-1818), que governou a capitania de São Paulo por quase uma década e recebeu, do rei da Espanha, o título de 5º Conde de Sarzedas. Os descendentes de Lorena ocuparam o imóvel até 1939. Em 2002, o casarão foi restaurado e tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) e, em 2007, passou a abrigar o Museu do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Trata-se de um espaço de difusão cultural, cujo objetivo é preservar e expor objetos, documentos, móveis, símbolos e outros elementos ligados à história do Poder Judiciário paulista. No local, há mostras, eventos e outras atividades relativas à memória do tribunal.

Rua Conde de Sarzedas, 100, Sé, São Paulo (SP). Segunda a sexta, das 13h às 17h. Grátis.

No núcleo Tribunal do Júri, o visitante do Museu do TJSP encontra o processo do “Crime da mala” e o “Crime do restaurante chinês”, entre outros casos que marcaram a história de São Paulo (foto: Klaus Silva).

CASA DA BOIA
Considerada referência na venda de produtos de cobre, latão, bronze e alumínio, além de boias para caixa-d’água e itens de jardinagem, a Casa da Boia teve sua sede edificada em 1909, em estilo eclético e com elementos de art nouveau. O sobrado tem dois pavimentos (o andar inferior era comercial e o superior, residencial) e foi fundado pelo empresário de origem síria Rizkallah Jorge Tahan (1869-1949). Em 2003, uma sala no segundo piso foi reformada e passou a abrigar o Museu Rizkallah Jorge, com fotos, documentos, peças e máquinas antigas da empresa. Em 2008, a Casa da Boia foi restaurada e recuperou suas cores originais. Além dos clientes habituais, o casarão recebe visitas monitoradas e gratuitas, na última quinta-feira de cada mês, em dois horários: às 10h e às 14h. Os guias são historiadores que recebem turmas de até 30 pessoas.

Rua Florêncio de Abreu, 123, Centro, São Paulo (SP). Segunda a sexta, das 8h às 17h45. Grátis.

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