O estado de Rondônia é, antes de tudo, território ancestral forjado em tempos de encontros e dispersões, com sua composição sócio-histórica dando-se também pelas confluências entre povos originários, afro-antilhanos e imigrantes. Possui uma história marcada por diversos períodos migratórios, impulsionados por diferentes períodos econômicos na região. Desses ciclos e dispersões, surgem os artistas Bado, Quilomboclada e Sandra Breids.

Bado é um artista nativo, oriundo do movimento “Grito de Cantadores”, ocorrido em 1979, no SESC Rondônia, em Porto Velho. Sua música retrata os elementos desse território diverso, pujante, que evoca tempos distintos na cultura amazônica refletida na memória, nos costumes e na história desses povos que vivem nessa região da Latinoamérica.

Quilomboclada traz em si a ideia da ressignificação de valores da cultura dominante que a Música Popular Beradeira pretende questionar. O nome vem da fusão dos termos quilombo, que designa resistência, e “caboclada”, o habitante local/nativo. A banda aborda em suas letras essa nova configuração de sentidos que outrora estava por vezes invisibilizado pelos canais da cultura oficial. Para a circulação no Sonora Brasil a banda vem com a formação: Béra Ákilas e Samuel Béra (no vocal), Lauriano Pororoca (bateria), Mestre Xoroquinho (percussão) Oseias Araújo (guitarra) e Adriano Pereira (contrabaixo).

A presença feminina na Música Beradeira é bastante significativa, uma de suas representantes é Sandra Breids. Mulher negra, mãe, militante feminista, beradeira, umbandista, rapper, compositora e trancista. Se descobre arteira, ao se entender militante, mostrando que sua vida artística está intrinsecamente ligada à sua luta.

Juntos Bado, Quilomboclada e Sandra Breids circulam o Brasil com o espetáculo Paneiro do Norte, um trabalho que perpassa vários estilos que demonstram um pouco das influências e confluências da MPBera – Música Popular Beradeira.