Na narrativa tradicional sobre os mais de 300 anos de escravidão atlântica, parcas são as menções sobre resistências; assim, passam a certeza de que a negritude, por covardia ou leniência, nada fez para romper com o destino que a Europa lhe impôs. Pois bem: então, como se explica Chica da Silva? Chico Rei? Luís Gama? Tereza de Benguela? Isso porque a África, de fato, não é um continente que caiu do céu em 1500 e, ao atingir a superfície do Atlântico, o fez com tal violência que espalhou assustados e acovardados escravos pretos por todos os cantos, desse lado do oceano.  
Narrando algumas das revoltas pequenas e grandes, greves, tramas, sincretismos e quilombos, essa palestra procura lançar um tanto de luz, embora tênue, sobre as pesadas sombras propositais que a história oficial insiste em projetar sobre a negritude.