Neste ano de 2017, o Decreto-Lei n. 25, considerado a certidão de nascimento
da institucionalização do patrimônio no Brasil comemora 80 anos.
O decreto é entendido como o deflagrador da primazia do tombamento
na gestão dos bens culturais. Inegavelmente, o é. O campo do patrimônio
moldou-se institucionalmente no Brasil a partir dos anos de 1930 recorrendo
a este instrumento de preservação para a manutenção de seus bens,
em especial, os edificados, mas tutorado por duas chaves importantes:
as dimensões histórica e artística. Torna-se muito importante observar o
quanto estas dimensões criaram um imaginário acerca dos bens culturais
no país, imputando um conhecimento tecnocrático de valoração que apartava
os bens do próprio ambiente social, muito embora fossem os produtos
ligados à sociedade que o Patrimônio no Brasil buscasse salvaguardar.
O patrimônio brasileiro foi visto, então, por décadas, como um ente ligado
às artes e à história, assunto de intelectuais, e decidido nos altos círculos
de governança da União, e, depois, dos estados e municípios. Falar
do âmbito orçamentário, e, mais, de seu consumo, nunca foi recorrente no
país, e demorou a tornar-se pauta de outras áreas.
Estas considerações são um pequeno preâmbulo para mostrar o impacto
que esta publicação do SESC que estamos analisando poderá ter
na seara preservacionista do Brasil. O livro de Françoise Benhamou, professora
francesa de ciências sociais e de economia da cultura, intitulado
Economia do Patrimônio Cultural, lançado em 2016, vem consolidar uma
perspectiva ampliada acerca do universo da preservação dos bens culturais.
Enfrentando uma tarefa que no ambiente acadêmico brasileiro não é
usual, a da economia e dos impactos que certa financeirização da cultura
promove, Benhamou abre uma senda instigante para a compreensão do
quanto a sociedade contemporânea transformou a ideia de patrimônio (…)
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