Aos Leitores
Por Danilo Santos de Miranda
O Sesc – Serviço Social do Comércio é fruto de uma iniciativa cuja originalidade
se assenta em um sólido projeto cultural e educativo. Criado e mantido
pelo empresariado do comércio de bens, serviços e turismo, o Sesc conta
com uma rede de centros socioeducativos voltada para a promoção do bem-estar
e da melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores desses setores, bem
como da sociedade em geral.
Em suas unidades, o Sesc desenvolve rotineiramente atividades para o
usufruto do tempo livre, o que, inegavelmente, também perfaz a experiência
de ócio construtivo, orientado para o desenvolvimento humano. Diante
de uma sociedade imersa no tempo do trabalho, na qual a competividade e
os ritmos exaustivos dão a tônica enquanto o ócio e o tempo livre aparecem
com menor ênfase, torna-se imprescindível refletir sobre o viver bem, o lazer
e a diversão (cuja raiz etimológica guarda relação com “divergir”, “mudar de
direção”), uma reflexão que pode servir de contraponto a uma vida regrada
pelo tempo do relógio e orientada somente para a eficiência e a produtividade.
O Sesc percebeu a necessidade de dar continuidade aos debates e estudos
sobre tempo livre que a instituição promove desde a década de 1960, organizando
– vinte anos após a edição do Congresso Mundial de Lazer intitulada
“Lazer em uma sociedade globalizada” – uma nova edição do mesmo evento,
em torno do tema “Lazer sem restrições”. O Congresso de 2018 joga luz sobre
o imperativo da transposição das principais barreiras que ainda existem e
dificultam o acesso das pessoas ao lazer, contemplando a reflexão e o enfrentamento
sistemático desses entraves e contribuindo para seu redimensionamento
como um direito na sociedade contemporânea.
Por ocasião da realização do Congresso, esta edição especial da Revista
do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc São Paulo traz artigos que abordam
os estudos do lazer e do ócio advindos dos debates do ciclo “Perspectivas
Contemporâneas sobre Ócio, Lazer e Tempo Livre”, realizado nos meses de
junho e julho de 2018.
O artigo “Perspectivas contemporâneas do lazer”, de Luiz Octávio de
Lima Camargo, reflete sobre o futuro do lazer a partir da tríade tempo, espaço
e atividade e os protocolos recomendados pelo sociólogo francês Joffre Dumazedier,
indicando a tendência a se buscar o entretenimento e a ludicidade
em todos os tempos e espaços do cotidiano.
Adentrando no conceito de ócio, José Clerton de Oliveira Martins delineia
seu percurso histórico e sugere que o conceito envolve muito mais que descanso
e um “nada fazer”, abrindo-se para a recriação da vida, a contemplação
e apreensão da integridade humana.
Em “Panorama da pesquisa em políticas públicas de lazer no Brasil”, Sílvia
Cristina Franco Amaral apresenta um cenário dos estudos em políticas
públicas de lazer no Brasil a partir de um levantamento dos atuais grupos de
estudos distribuídos no território nacional (…)
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