Toinho Melodia: O pernambulista mais paulibucano do Brasil

08/04/2021

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Fotos por Felipe Larozza — Nos protestos de 2013 fez suas primeiras aparições na imprensa. Em 2019 sua série de fotos RADIOLAS foi exposta e passou a fazer parte do acervo do MIS — Museu da Imagem e Som no programa “Nova Fotografia”. De 2014 até o começo de 2019, foi fotógrafo, editor de fotografia e diretor de filmes da Vice Brasil. Atualmente segue como freelancer para agências e veículos nacionais e internacionais.

Às vezes as histórias precisam começar a ser contadas pelo fim e a primeira grande notícia neste texto é: Toinho Melodia está vacinado contra o covid-19. Na terça-feira, 2 de março, ele recebeu a primeira dose do imunizante e é um dos 7,3 milhões de brasileiros (que já receberam a dose inicial até o dia 4 de março) com uma ponta de esperança em meio à pandemia. Além do isolamento social, em 2020, mais especificamente em julho, o pernambulista (mistura de pernambucano com paulista) teve que aprender a lidar com uma nova condição: um mieloma múltiplo, câncer que enfraquece os ossos e deixa a saúde debilitada. Qualquer queda, topada ou batida pode ter uma recuperação lenta e delicada. Um dos remédios que ajudam a seguir firme no tratamento é o canabidiol, produto feito a partir da folha da maconha que diminui as dores. E é com confiança que ele segue, às vezes em ritmo de samba, às vezes ao som do dub.

Bom, se você não entendeu nada até aqui, vamos rebobinar um pouco a fita. Este texto se presta a contar a história de Toinho Melodia, um sambista — infelizmente — pouco celebrado pelos barracões de escolas de samba e rodas de bambas por aí. Um homem que andou, sambou e fez parcerias com grandes nomes da música malandra de São Paulo, um dos gigantes do telecoteco que segue sua vida voando abaixo do radar e longe dos holofotes. Acima de tudo, um homem da música que recentemente afinou sua relação com o reggae, com o dub e que permitiu se reinventar quando a maioria já se petrifica no passado. “Não vou deixar de ser sambista, mas sou do reggae. Eu sou jamaicano nessa porra”, brinca.


“Eu ficava três dias virados no samba, não dormia. Estalava, tomava café com Coca-Cola, amassava um Melhoral, metia dentro do cigarro, fumava e ficava na batucada.”


Registrado Antônio Freire de Carvalho Filho, nasceu na cidade de Recife, mais especificamente no Outeiro de Casa Amarela, em 1950. É o terceiro de uma linhagem de 13 irmãos. Aos 11 anos fez o êxodo tão comum e mudou-se com a família para a capital paulista. Se instalou na Vila Maria Alta, ou como ele gosta de frisar: “cresci no Morro de Vila Maria. Alta é o caralho, é morro mesmo”. E foi lá que, ainda menino, viu o samba respirar, literalmente, nas esquinas. Ele explica. “Lá o couro comia todo dia, a polícia não chegava, né?” e logo na sequência retifica sua linha de raciocínio. “Só chegava quando os caras do regime militar iam mostrar serviço e queriam encanar (botar em cana) os neguinhos. A ordem era: ‘tem que encanar uns 10 pretos aí’. Aí eles subiam o morro e encanavam a rapaziada que tava fazendo samba na esquina. Era um tempo muito difícil, você não tinha liberdade.” Com as lembranças ainda frescas na memória, ele relembra das abordagens da polícia e do Exército durante o regime militar. “Os caras tinham raiva de ver você sorrindo, cantando.” E faz um paralelo aos tempos atuais: “hoje também”.

Ele conta como sua outra profissão, pintor de casa, ajudava nos baculejos. “Eu dei muita sorte, porque tenho facilidade em fazer amizade. Eu tinha amizade com delegado. A minha profissão ajudou muito. Moleque novo, pintor, todo mundo me dava serviço de boa, sem problema nenhum. Eu não passava a perna em ninguém e tinha muita amizade no meu ramo de trabalho, que é pintura residencial. Eu fazia serviço pra um monte de polícia. É uma raça que eu detesto, mas…”

E como conciliar a vida boêmia de sambista com a vida proletária de pintor de parede? Toinho explica. “Eu ficava três dias virados no samba, não dormia. Estalava, tomava café com Coca-Cola, amassava um Melhoral, metia dentro do cigarro, fumava e ficava na batucada.”

Sua caminhada no samba começou cedo, ainda adolescente, nas beiradas das rodas. Ele conta. “Tinha um futebol de domingo, ou sábado à tarde, na beirada do campo do Universal da Vista Alegre, lá na Vila Sabrina. Tinha uma batucada muito maneira, aquela cadência. Tinha malandro pra caramba, malandro mesmo. Eu ficava olhando e aquilo lá me envolvendo. Um dia eu falei:

– Posso gritar um samba aí?”

Este talvez seja o plot twist no enredo de Toinho Melodia. Ele conta que “gritar um samba” era a expressão correta para se usar entre os malandros na roda de samba e que ele cantou um dois, três, quatro… e com isso um convite:

– Quer subir o morro lá? Tem coragem de ir lá na Vila Maria?

O convite foi aceito. E aí, Toinho, que ganhou a alcunha de Baianinho, entrou numa agremiação: Unidos de Vila Maria. Ele narra. “De noite, fim de semana eu ficava ouvindo aquela batucada doido pra tá lá, aí nesse dia eu fugi e fui. Quando cheguei tava a polícia já encanando todo mundo. Eu era moleque e os caras não mexiam com moleque. Aí depois disso, me levaram lá pro presidente da escola e falaram:

– O Baianinho aí canta.

Com uma memória privilegiada, ele se recorda do samba que cantou naquele dia e começa a cantar, mais de cinco décadas depois, a letra de “Laurindo”, samba de Herivelto Martins para o Carnaval de 1943, que tem uma belíssima versão do Trio de Ouro, que era composto Herivelto e já teve em sua formação Dalva de Oliveira.

“Laurindo sobe o morro gritando…”

Sem pretensão, segundo o próprio, Toinho Melodia virou batuqueiro de Unidos de Vila Maria aos 15 anos | Foto: Felipe Larozza

“Um puxador de samba concorrendo com samba-enredo tem 75% de possibilidade de ganhar. Eu achava injusto.”

E ele conta o seu segredo para saber a letra de tantas músicas. “Eu ficava a noite toda sintonizado numa rádio do Rio ouvindo aqueles sambas. Eu aprendia os sambas na hora. A cabeça sente falta dessa memória, eu ouvia o samba uma vez e já aprendia.”

A roda, apesar de ser na escola de samba, ainda tinha condições precárias. “Entrei na roda e comecei a cantar um samba sem microfone, sem porra nenhuma. Era assim na época.” Naquela noite ele cantou, como na roda na beira do campo de futebol, um, dois, três, quatro sambas. Toinho Melodia virou batuqueiro de Unidos de Vila Maria aos 15 anos. “Fiquei na bateria. Quando faltava uns caras pra cantar, mandavam eu subir no palco. Fiquei por ali sem pretensão, tirando uma onda. Namorada pra caralho, porque você entra num samba assim e começa a cantar você já viu, né?”

Para assumir os microfones e virar puxador oficial da Escola, uma década se passou. Toinho explica de maneira mais poética. “Você tem que ir mastigando. Cozinhando o galo dos caras.”

Com quase 30 anos, Toinho, que já não respondia mais pela alcunha de Baianinho, estava em grande destaque na Unidos de Vila Maria e queria fincar outra bandeira no solo, até então sagrado, de sua Escola: o de compositor. Ele, que era a voz daquela agremiação, conta sobre o processo. “Um puxador de samba concorrendo com samba-enredo tem 75% de possibilidade de ganhar. Eu achava injusto.” E no final dos anos 1970 ele não concorreu por um motivo: o respeito aos compositores mais velhos que estavam no páreo. “Tava o Talismã, Toniquinho Batuqueiro tava concorrendo, eu não concorria. Eu fiz um samba bom uma vez. A galera abraçou o samba. Aí chega o Talismã. É muita admiração, muito respeito. O cara era um gentleman. Aquele cara nem era pra ser sambista de tanta finesse que ele tinha. Eu, pum, tirei o samba.”

Mas em 1980, sem Talismã e Toniquinho Batuqueiro no páreo, o puxador botou seu samba na rua e ganhou com a música “Eldorado e as Amazonas”, que recebe a autoria de Toinho (sem o Melodia) em parceria com Café, Nair Fraga (Nena) e Zé Fernandes. Ele fala sobre a passagem com pesar. “Pegaram do meu samba o refrão, a abertura e da metade pra baixo todo. Meu parceiro já ficou puto, eu não gosto dessas coisas, mas ganhei.” O resultado foi uma ruptura. “Saí da Escola, não fui mais. Fiquei sem Escola”. E sua justificativa para a decisão foi que havia samba em outros lugares. “Eu tinha um samba no Parque Edu Chaves todo domingo, um samba bom que começava às 10h da manhã e ia até as 4h da tarde. Era uma coisa de louco, fechava a rua toda.”


“- Não desfilou na avenida? Então eu tenho direito. Tenho direito pela minha obra e pelo que eu canto, quando eu canto eu ganho direito de arena.”


A Escola ficou no retrovisor, mas uma coisa o paulibucano (mistura de paulista com pernambucano) lembra com satisfação. O faz-me-rir que essa composição rendeu. “Eu não pensei que dava tanto dinheiro. Quando eu fui receber, era dinheiro pra caramba. Uma escola de samba recebe hoje 1 milhão de reais. O compositor tem direito a 10% do que a Escola recebe. Hoje acabaram com isso aí e conseguem passar a perna no compositor.”

Ele recorda. “O Toniquinho chegou pra mim e falou: ‘Ô, menino. Você já foi receber o dinheiro?’. Eu nem sabia que tinha dinheiro. Ele falou: ‘os direitos autorais e direitos de arena’. Quando eu cheguei lá na Sicam (Sociedade Independente de Compositores e Autores Musicais), no Largo do Paissandu, tinha um monte de compositor, os caras tudo fazendo hora ali, tudo fodido igual eu. Fui ao caixa e falei:

– Tenho dois sambas-enredos pra receber aí, “Imortais do Samba” e “O Eldorado e as Amazonas”.

Já tava lá num saco. Já desci, comprei uma capanga (bolsa) de malandro, que era a onda de compositor. Uma capanga de couro cru, peguei um táxi e fui pra casa, não ia de ônibus pra casa com esse dinheiro. No dinheiro de hoje devia ser uns 100 contos (100 mil reais). Quando eu cheguei em casa minha, mãe tava sentada. Ela disse:

– E aí, Toinho. Arrumasse algum serviço?

Eu falei:

– Ah, mãe. Eu arrumar serviço? Mãe, eu sou compositor. Eu sou cantor.

Ela olhou a capanga e pensou que eu tava no crime. Eu abri a capanga e quando ela viu aquele maço de dinheiro no elástico, falou:

– Toinho, o que que tu fez?

Eu mostrei os recibos. Minha mãe lá e tome álcool pra ela voltar. Quando ela voltou, disse:

– Fala logo, meu filho. Tu fez merda?

Eu só respondi:

– Ainda não, mãe.”

Na sequência, o cantor narra também a conversa que teve com pai, que desaprovava seu estilo de vida.

“Ele chegou pra mim e falou:

– Rapaz, o que é isso aí?

– Isso aí são as cantigas que eu faço, pai.

– Hein? Mas como tu ganha assim?

– Não desfilou na avenida? Então eu tenho direito. Tenho direito pela minha obra e pelo que eu canto, quando eu canto eu ganho direito de arena.

– Rapaz, isso é muito boa. Essa profissão é muito boa.

Ele nunca mais abriu a boca pra falar porra nenhuma.”

Aos 70, o cantor saiu da zona de conforto e foi fisgado pela música jamaicana | Foto: Felipe Larozza

Se fuçar em fichas técnicas por aí, dá para encontrar muita coisa que ele fez, mas não é fácil. Ora como Toinho, ora como Toinho Freire e também como Toinho Melodia, nome que recebeu de Toniquinho Batuqueiro. Ele conta. “Disco? Oxe. Aí é muito, né? Eu gravei algumas músicas no chamado Pau de Sebo. Gravei três, quatro, cinco músicas no Pau de Sebo. O Talismã me levou pra gravar algumas músicas dele”. Seus registros mais precisos são recentes, em 2018, aos 68 anos, lançou seu primeiro disco, Paulibucano. Em 2019, já na onda jamaicana, lançou o compacto Pernambulista e, no ano seguinte, mais um compacto batizado como Toinho Dub, com duas versões adubadas.


“Eu sempre colei com os véios. A minha vantagem na vida foi sempre colar com os véios. Eu ficava na praça o dia inteiro conversando miolo de pote com os véios.”


O samba trouxe muita coisa a Toinho Melodia, mas também tirou. Uma delas foi um grande amor. “Eu tinha uma nega nessa época, em 81, que era a nega da minha vida. Mas ela ficava:

– Esse negócio de música, Toinho. Isso não dá nada, não tem futuro.

Mas quem tem futuro nessa porra? O que é futuro?”, ele questiona, quatro décadas depois, sentado no banquinho de uma praça em frente a sua casa na Vila Moinho Velho, na Zona Sul de São Paulo.

A nega da vida de Toinho Melodia é o samba e esse relacionamento é imortal. E para tornar isso algo que ultrapassa o tempo, Toinho Melodia, se rodeou de outros compositores, os seus parceiros. E nomes como Talismã e Toniquinho Batuqueiro passaram a ser seus amigos. Ele conta como eram essas andanças. “A gente entrava num carro velho, seis pessoas numa Brasília do Jangada (outro bastião do samba paulistano), que só ele que tinha carro, ele dirigindo mal pra caralho. A gente passou de morrer, mas a gente ia nuns buracos aí afora. Ainda mais nesse Zonão Leste, aqui pra dentro. Era com nóis.”

E só havia um jeito de se aproximar dessa galera: na música. “O Talismã não dava colher de chá pra qualquer um, pra conquistar ele tinha que ser íntegro, não podia ter conversa atrapalhada, atravessar nada.”

Antes mesmo de ganhar seu primeiro samba-enredo, na faixa dos 20 anos, era aceito por essa patota que tinha nomes de grande quilate do samba paulistano como Jangada, Talismã, Toniquinho Batuqueiro e Zeca da Casa Verde. Toinho conta. “Eu sempre colei com os véios. A minha vantagem na vida foi sempre colar com os véios. Eu ficava na praça o dia inteiro conversando miolo de pote com os véios. Jogando dominó, jogando baralho, mas ali só observando. É com esses aqui que eu vou, foi onde eu aprendi alguma coisa, era o canal, onde estavam os griôs.”

Desse convívio de bambas, tinha também um nome de destaque por outras criações: Plínio Marcos. O Jangada tinha muita amizade com o dramaturgo, que ele descreve de maneira tal: “Eu tive algumas vezes com ele lá no Teatro Taib (Teatro de Arte Israelita Brasileiro). Eu ia pegar a minha nega no Hospital das Clínicas e eu falava:

– Vamo lá assistir uma peça do Plínio.

Chegava antes e a gente ficava tirando sarro um do outro, ele era um sarrista da porra.”

O cantor se recorda também do esforço de Plínio Marcos para a realização de um programa especial na TV Cultura. Batizado de Baluartes do Samba Paulista, a atração teve a presença de Talismã, Toniquinho Batuqueiro, Silvio Modesto, Zezinho do Morro e Zeca da Casa Verde. “O Plínio Marcos era um cara que amava o samba, ele abraçava mesmo. Ele brigou com os caras da Cultura pra fazer aquele programa. Era com sangue no zóio, resolvido a fazer. ‘Vamo fazer, vamo fazer’.” Ele conta também que por pouco não esteve nesta gravação. “Quando eles fizeram aquele vídeo era pra eu participar, mas eu não tava em São Paulo. Aí botaram o Silvio Modesto. Eles foram até minha casa e eu tava em Porto Alegre.”

Mesmo sem a fama e a grana de outros medalhões, Toinho seguiu seu rumo. Ele se recorda de uma passagem importante com um de seus mentores e amigos: “o Talismã me falava:

– Se você não cantar um samba seu, ninguém vai saber que você é o compositor e você não precisa gritar aos quatro cantos que você é o Toinho Melodia. Uma hora vão reconhecer. É bom você não se mostrar.”

A vida levou Toinho para palcos e rodas de samba por décadas, equilibrando os pratos entre demãos de tintas e versos no papel. Aí o cantor saiu de sua zona de conforto. “Um dia veio um desses meninos que andam comigo, o André (Santos) me falou que eles iam adubar a minha música. Eu não sabia o que era isso”, revela. E brinca. “Eu sei que aqui tá adubado. Olha o tamanho daquele almeirão ali. Eu vou pegar pra comer. Falei. ‘Se é adubo é bom’. Eu chapei o coco no som, mas eu sabia nem onde que eu tava.”

Foi aí que Toinho Melodia, antes um consagrado sambista, virou regueiro. Ele explica a diferença nas criações. “Você não muda a letra nem a melodia. Você altera só a interpretação. Quando você sai do 2 por 2 ou 4 por 4 do samba e leva pro adubo, que vem os sopros, os naipes de metal.”

Toinho reenquadrado nas ondas do dub

Ele, que sempre andou com os mais velhos, se tornou um desses griôs rodeados de jovens que identificam sua experiência. Mas Toinho Melodia não é velho, ele só é jovem há mais tempo. E aos 70 anos projeta os olhos para o futuro, para outros ritmos, outras parcerias. “Eu não tenho essa de olhar pra trás. O que tá pra trás eu canto. As coisas boas e ruins que aconteceram comigo”, ele diz. E também repudia o fardo de ser professor. “Ledo engano daquele que pensa que eu tô ensinando. Eu não tô ensinando nada pros moleques. Eles têm uma outra visão que eu abraço. Eu mais aprendo com essa molecada.” A sabedoria de Toinho Melodia está em seus versos e nas frases que surgem, do nada, em suas conversas. Sobre sua transição musical, ele é categórico. “Cobra que não anda não engole sapo, eu tô engolindo sapo por aí.”


Toinho Melodia participa nesta sexta (16/4) da série Samba Imenso do Sesc Pompeia dando voz aos sucessos de Jackson do Pandeiro e compartilhando histórias sobre sua relação com o músico paraibano. Quem o acompanha no cavaquinho e na voz é Rodolfo Gomes. Para assistir, acompanhe no vídeo abaixo.

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