Neste mês, o Sesc Consolação apresenta uma seleção de documentários que exploram a memória, a resistência e a expressão artística da população negra no Brasil, oferecendo um panorama da negritude por meio da música, da história e da luta por reconhecimento.
O cinema documental tem sido uma ferramenta essencial na preservação e ressignificação das narrativas afro-brasileiras, capturando suas lutas, conquistas e expressões artísticas. Três documentários exibidos neste mês no Espaço Provisório constroem um painel abrangente da contribuição negra para a cultura brasileira, revelando como a música, a história e a ancestralidade são fios condutores de uma identidade forjada na resistência e na criatividade.
“Axé: Canto do Povo de Um Lugar” (2017), dirigido por Chico Kertész, é uma investigação sobre o fenômeno do axé-music, um dos mais poderosos movimentos musicais do Brasil. O documentário amplia sua abordagem para além da música ao evidenciar como o axé se consolidou como uma manifestação de orgulho e pertencimento para a população negra da Bahia. O filme revisita as origens do gênero, destacando a influência dos blocos afro, como Ilê Aiyê e Olodum, e a fusão de ritmos africanos, caribenhos e nordestinos, que resultaram em um som vibrante e inconfundível. Com depoimentos de artistas icônicos como Carlinhos Brown, Daniela Mercury e Gilberto Gil, a obra evidencia como o axé se tornou um símbolo de celebração, identidade e ascensão social dentro do panorama da música popular brasileira.
Enquanto “Axé” traça o impacto cultural da música afro-baiana, “Ôrí” (1989), de Raquel Gerber, se aprofunda na construção histórica e política da negritude no Brasil. Tendo a historiadora e ativista Beatriz Nascimento como guia, o documentário propõe uma leitura crítica sobre a luta dos movimentos negros entre os anos de 1977 e 1988. Por meio de um olhar etnográfico e narrativo, o filme resgata a relevância dos quilombos como espaços de resistência e autonomia, estabelecendo paralelos entre o passado colonial e os desafios contemporâneos da população negra.
Já “Cartola, Música Para os Olhos” (2006), dirigido por Hilton Lacerda e Lírio Ferreira, recorre a uma abordagem mais intimista e poética, explorando a trajetória de um dos maiores nomes do samba. Angenor de Oliveira, o Cartola, representa não apenas a genialidade musical, mas também o impacto da experiência negra na formação do samba como expressão máxima da cultura popular brasileira. O documentário mescla imagens de arquivo, entrevistas e uma trilha sonora que permeia toda a narrativa, criando um retrato sensível e envolvente do artista. Cartola viveu no Morro da Mangueira, ajudou a fundar a escola de samba de mesmo nome e tornou-se referência no samba na história da música brasileira.
Serviço
Exibição de filmes – Espaço Provisório – 3º andar
De 12 a 26/03. Quartas, das 19h às 20h50
Entrega de senhas no local com 30 minutos de antecedência.
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