Conquista histórica da Seleção Brasileira mudou os rumos do basquete mundial. Foto: Arquivo CBB
por Marcelo Duarte
A 30 segundos do final, o americano Dembo errou o arremesso e, depois de um bate-rebate, a bola sobrou para Oscar. O brasileiro conseguiu escapar da forte marcacação e passou para Israel, do outro lado da quadra, que a entregou a Marcel. O camisa 11 marcou aquela que seria a última cesta do Brasil e nem voltou mais para a defesa. Os brasileiros que estavam em quadra naquele momento – Oscar, Marcel, Guerrinha, Israel e Gérson – iniciaram a comemoração. Reservas e comissão técnica invadiram a área de jogo. Era tanta emoção que nenhum deles lembra de ter visto Ellison fazer a cesta que deu números finais à partida – apenas a segunda de 3 pontos em onze tentativas dos Estados Unidos. A bola que estava nas mãos de Guerrinha para a saída foi arrancada pelo árbitro tcheco. Fim de jogo!
A partir daí cada jogador comemorou à sua maneira. Diziam palavrões, pulavam, dançavam, rolavam no chão e choravam. Oscar, cestinha do torneio, com 246 pontos, antecipou a própria entrega da medalha. Pegou a rede de uma das cestas e a colocou ao redor do pescoço. Marcel gritava “Ganhamos!” quando foi abraçado pelo irmão Maury, em imagem que estamparia no dia seguinte a capa do prestigiado jornal The New York Times. Diante da incredulidade de quase todos os 16.292 espectadores que lotavam o Market Square Garden, aqueles gigantes pareciam crianças. Crianças felizes por realizarem um sonho. O time de basquete masculino do Brasil conquistava a medalha de ouro no Pan-Americano de 1987.
Para celebrar os 30 anos de uma das mais importantes vitórias do esporte nacional, o Sesc Consolação reconta os bastidores desse jogo. Os 40 minutos que transformaram doze atletas em heróis. Uma mistura de talento, técnica, garra e capacidade de superação (o Brasil chegou a ficar 20 pontos atrás no placar!).
O dia em que o Brasil foi a primeira Seleção a derrotar os Estados Unidos dentro de casa em jogos oficiais. O dia em que o Brasil liquidou com uma invencibilidade de 34 jogos do rival em Jogos Pan-Americanos. O dia em que o basquete masculino do Brasil venceu finalmente os americanos em uma partida no Pan, depois de dez derrotas seguidas.
Eu, um repórter iniciante de 22 anos, estava lá. Era minha primeira cobertura de um evento internacional. Difícil imaginar que estávamos entrando para a história.
Uma data para nunca esquecer: 23 de agosto de 1987. O dia do “120 x 115 – O ouro em indianápolis”.
A exposição do Sesc Consolação celebra os 30 anos da conquista da medalha de ouro pela Seleção Brasileira de Basquete Masculino no Pan-Americano de Indianápolis, reconta os bastidores desta final histórica e o dia em que o Brasil derrotou os Estados Unidos dentro de casa.
Estruturada em 5 módulos, a exposição recria o jogo fase a fase: a “preleção”, que contará a trajetória da seleção até aquela final, bem como a expectativa sobre ele; o “1º tempo”, quando o Brasil terminou o período perdendo por 14 pontos; o “intervalo”, quando um acontecimento no vestiário dos Estados Unidos motivou os líderes do elenco brasileiro ; o “2º tempo”, quando aconteceu a heroica virada no placar e a seleção brasileira venceu a partida por 120 x 115; e a “comemoração”.
Paralelamente à exposição, serão realizadas apresentações e clínicas esportivas, workshops, torneios, bate-papos e encontros que discutem aspectos da modalidade como novas metodologias de ensino, atualização em regras, preparação física, administração e marketing e contextualizam o legado dessa conquista, bem como debatem o atual cenário do basquete nacional.
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