20º Simpósio de Atividades Físicas Adaptadas aconteceu no Sesc São Carlos com a presença de palestrantes internacionais

30/08/2019

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Promover o contato com metodologias e técnicas de trabalho voltadas às atividades físicas e esportivas adaptadas às pessoas com deficiências e/ou necessidades especiais, difundir o conhecimento produzido por pesquisadores e profissionais da Educação Física Adaptada e áreas correlatas e, ao informar e inserir a comunidade nos debates sobre a temática, conscientizar sobre a necessidade de se evitar preconceitos e discriminação em relação às diferenças; estes são os principais objetivos do Simpósio de Atividades Físicas Adaptadas, que aconteceu de 28 a 31 de agosto de 2019 no Sesc São Carlos.

Esta iniciativa pioneira do Sesc São Paulo acontece desde 1997, com destaque tanto no campo acadêmico quanto no social e conta com apoio de Universidades e organizações vinculadas ao trabalho com a temática da Deficiência e da Atividade Física Adaptada. Desde 2002 tornou-se internacional com a vinda de profissionais de outros países. Além disso, desde 2003 tem o apoio da Sobama – Associação Brasileira de Atividade Motora Adaptada. Ao longo de vinte edições, o evento contou com a participação de cerca de 6.000 profissionais da área, de mais de 13 países, representando 19 diferentes Universidades/Instituições.

Comemorando a 20ª edição, o evento reforçou seu papel de promotor e difusor de conhecimento para a área no Brasil, com uma programação diversificada, capaz de acolher profissionais de diferentes países e frentes de atuação no campo das atividades físicas adaptadas para pessoas com deficiência e/ou necessidades especiais. A programação foi composta por conferências, cursos e palestras, apresentações de trabalhos acadêmicos e relatos de experiência, grupos de trabalho, oficinas, vivências, apresentações esportivas e culturais. Neste ano tem como tema A Pessoa com Deficiência e as Atividades Físico-Esportivas e de Lazer: Direito, Empoderamento e Participação Plena.

Em entrevista para a EOnline, o conferencista da abertura do evento Prof. Dr. John Dattilo (Professor no Departamento de Gestão de Recreação, Parques e Turismo da Pennsylvania State University – EUA) falou sobre o tema da edição e sua pesquisa sobre os efeitos de intervenções na autonomia de pessoas com deficiências e idosos, entre outras minorias no tocante ao acesso ao lazer.


EOnline: O que você pensa sobre a atual oferta de serviços de lazer adaptado, especialmente nos Estados Unidos? Esta oferta é uma realidade no seu país?
Prof. Dr. John Dattilo: Estamos progredindo em direção à inclusão e, mais especificamente, serviços inclusivos de esporte e lazer nos Estados Unidos e no mundo. No entanto, as injustiças sociais são disseminadas pelo mundo. Ainda há uma série de pessoas em situações de opressão e marginalização devido a atitudes individuais negativas, bem como de entidades cujas práticas são arcaicas e desrespeitosas. Ao que parece a ocorrência de esterótipos sobre e associados ao preconceito contra pessoas com deficiências, assim como a quantidade desenfrada de casos de racismo, sexismo, ageísmo, e uma diversidade de forças negativas atuam de modo a excluir as pessoas de uma variedade de oportunidades, como o acesso a um trabalho significativo, um lar, um serviço de saúde de qualidade e, mais pertinentemente à questão, lazer e esporte.

EOnline: O que o levou à pesquisa sobre serviços de lazer inclusivo?
Prof. Dr. John Dattilo: Testemunhando injustiças a tanta pessoas e me tornando consciente da extensão dos privilégios que são invisíveis a mim porque sou um homem branco, heteressexual, com oportunidade de educação de qualidade e recursos financeiros e criado por pais amorosos, fui estimulado a estudar e compartilhar meu trabalho sobre inclusão.

EOnline: Quais as principais atitudes e ações necessárias para uma oferta de serviços de lazer mais inclusiva?
Prof. Dr. John Dattilo: Em última análise, resume-se a pensar e agir de modo ético. Quando fazemos isso, nos comprometemos a agir respeitosamente, com compaixão e empatia por cada pessoa que encontramos, para que possamos instigar um senso de dignidade.

EOnline – O que você entende como um programa direcionado à educação para o lazer?
Prof. Dr. John Dattilo – Desenvolvemos programas específicos de educação para o lazer com base nas necessidades e interesses dos participantes para ajudá-los a vivenciar o lazer, serem felizes e prosperarem. Como o lazer é um direito humano e há evidências consistentes que apoiam a importância e os benefícios do lazer, criamos programas de educação de lazer para promover o acesso e a equidade ao lazer para todas as pessoas.

EOnline: Quais as principais implicações dos serviços de lazer inclusivos sobre a qualidade de vida de pessoas com deficiência?
Prof. Dr. John Dattilo: A prática da inclusão promove a valorização das diferenças em cada um, reconhecendo que cada pessoa tem uma importante contribuição para a sociedade. A inclusão implica que todos merecem ter a chance de fazer parte de uma comunidade desde o início de nossas vidas e, portanto, contribuem para a nossa qualidade de vida. Incluir todos nós, que vivemos em uma sociedade pluralista, é um desafio, mas devemos abraçar este desafio para alcançar justiça social.

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