A programação do 50º Festival Sesc Melhores Filmes é estendida para a plataforma Sesc Digital, contemplando os espectadores que não residem em São Paulo ou que preferem assistir aos filmes no conforto de casa. Não é necessário assinar ou fazer cadastro para ver os filmes, basta dar o play e conferir gratuitamente a curadoria atenciosa de títulos, que vai de alguns dos melhores lançamentos do ano passado a três clássicos superlativos do cinema mundial.
Durante o festival, que vai até dia 24 de abril, serão disponibilizados nove longas-metragens, porém dois deles ficarão disponíveis somente por 48 horas, nos dias 6 e 7. Um deles é “O Homem Cordial”, de Iberê Carvalho. Toda a história do filme se passa em uma noite conturbada, que marca o retorno aos palcos de uma famosa banda de rock dos anos 1980. No meio do show, a plateia se mostra bastante hostil aos músicos, e então eles interrompem a apresentação e descobrem que viralizou um vídeo na internet que envolve o vocalista Aurélio – papel de Paulo Miklos – e a morte de um policial militar.
“O Homem Cordial” discute com muita propriedade como o cancelamento virtual pode se desdobrar em um discurso de ódio, levando a consequências irreversíveis. Nos arredores desse tema, o filme mostra situações como a violência urbana, intolerância racial e abuso de autoridades. No elenco, além de Miklos, que venceu o prêmio de Melhor Ator no Festival de Gramado, tem a participação do rapper Thaíde e Dandara de Morais.
utra produção que ficará disponível no Sesc Digital somente nos dias 6 e 7 de abril é o documentário “Uýra: A Retomada da Floresta”, de Juliana Curi. A cinebiografia acompanha Uýra, uma artista trans indígena que viaja pela floresta amazônica em uma jornada de autodescoberta usando arte performática e mensagens ancestrais para ensinar jovens indígenas e enfrentar o racismo estrutural e a transfobia no Brasil.
O longa traz a participação de artistas, ativistas e lideranças indígenas como Zahy Guajajara e Kambeba Dona Babá, além das performances de Uýra que são uma metáfora inspirada no ciclo ecológico e espelha as lutas sociais.
“Môa: Raiz Afro Mãe”, de Gustavo McNair, também é um documentário biográfico que figurou entre os mais votados do ano. O filme conta a trajetória do artista e símbolo de resistência cultural Môa do Katendê, considerado um dos responsáveis pela revolução do carnaval baiano com a ascensão dos blocos afro. Em outubro de 2018, poucos dias antes das eleições, ele foi assassinado em um bar de Salvador, crime motivado pela forte intolerância política em vigor na época.
Em “Luz nos Trópicos”, ficção de aspecto experimental em cartaz na plataforma a partir do dia 4 de abril, a cineasta Paula Gaitán tece uma densa estrutura de histórias e linhas do tempo, enredados por cosmogonias indígenas, cadernos de viagem e literatura antropológica. O filme é um tributo à abundante vegetação das Américas e às populações nativas do continente. “Luz nos Trópicos” fez a sua sessão de estreia no Festival de Berlim, e desde então, percorreu diversos festivais mundo afora. No elenco, estão Clara Choveaux, o ator português Carloto Cotta e o músico Arrigo Barnabé.
Entre os filmes mais votados do ano e que estreiam no Sesc Digital, tem duas produções que vieram diretamente do Festival de Cannes. O aclamado “Pacifiction”, do espanhol Albert Serra, foi considerado o melhor filme do ano para a publicação francesa Cahiers du Cinéma e rendeu para Benoît Magimel o prêmio de Melhor Ator no César – o Oscar francês. No filme, ele interpreta um comissário da República que atua no Tahiti, na Polinésia Francesa. Calculista, seu cargo o leva a navegar por lugares obscuros onde ele se mistura com os locais. A aparente tranquilidade da ilha paradisíaca é estremecida quando surge o boato de que um submarino fantasmagórico poderia anunciar o retorno dos testes nucleares franceses na região.
Da Polônia, o burrico que encantou o mundo a ponto de ser indicado ao Oscar. “EO”, de Jerzy Skolimowski, também permanece em cartaz na plataforma durante o Festival Sesc Melhores Filmes. Após deixar o circo onde nasceu, o burrico de olhos melancólicos percorre da Polônia até a Itália, experimenta dores e alegrias, transforma sua sorte em desastre e seu desespero em uma inesperada felicidade. Mas nem por um momento ele perde a inocência em sua trajetória.
Livremente inspirado em “A Grande Testemunha” (1966), de Robert Bresson – possivelmente um dos filmes mais tristes do cinema – “EO” é uma história dilacerante que mostra como o mundo é um lugar misterioso quando visto pelos olhos de um animal.
Três clássicos
A curadoria do 50º Festival Sesc Melhores Filmes, na intenção de resgatar o histórico de premiados nesta edição comemorativa, incluiu na programação digital três vencedores prévios na categoria Melhor Filme Estrangeiro. Coincidentemente, essa trinca de clássicos também venceram o Oscar na mesma categoria. Os filmes são o húngaro “Mephisto” (1981), de István Szabó; “As Invasões Bárbaras” (2003), do canadense Denys Arcand; e o representante alemão “A Vida dos Outros” (2006), de Florian Henckel von Donnersmarck.
Para assistir aos filmes, basta acessar sescsp.org.br/cinemaemcasa. Boa sessão!
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