Seria preciso fazer uma ‘história dos espaços’ – que seria ao mesmo tempo uma ‘história dos poderes’ – que estudasse desde as grandes estratégias geopolíticas até as pequenas táticas do habitat, da arquitetura institucional, da sala de aula ou da organização hospitalar, passando pelas implantações econômico políticas.
Michel Foucault no livro “Microfísica do Poder”, 1979
Vivemos em condições de desigualdade de poder, em nossas relações cotidianas e em todos os espaços, em diferentes instâncias, em que com perversidade, muitas vezes reforçada por nossos costumes e hábitos sociais e culturais, submetem pessoas às condições desfavoráveis de acessos, expondo-as à uma situação de vulnerabilidade social em detrimento de privilégios de uma minoria – quantitativamente, mas que é detentora de uma estrutura de submissão de um determinado grupo sob outro.
Dialogando com a proposta reflexiva de Foucault, a Associação EternamenteSou e o SESC, apresentam o 5º Seminário Velhices LGBT+: As velhices e a luta – territorialidade, participação social e comunidade que neste ano propõe um aprofundamento sobre as questões relacionadas ao acesso à saúde, considerando a diversidade e as diferentes demandas que muitas vezes são desconhecidas e/ou negligenciadas pelo sistema de saúde; sobre a importância da socialização, do estar presente e participar, em contraponto à uma imposição de apagamento social, a fim de que haja representatividade nas discussões e formulação de políticas públicas que de fato contemplem as diferentes realidades e contextos das velhices LGBTQIA+.
A transgressão dos corpos também se apresenta como território, cujo não reconhecimento social e cultural, os tornam excluídos. Trazer para este evento um painel onde os corpos dissidentes das “Velhices Transgressoras”, cujas realidades que não atendem às expectativas da sociedade em relação às territorialidades do corpo, sexualidade e idadismo é forma de iluminar as diversas possibilidades de suas existências.
A morte social, à qual as velhices LGBTQIA+ são submetidas é um componente fundamental a ser debatido, levando em consideração as muitas faces do isolamento a que são submetidas, dentro e fora da própria comunidade à que pertencem.
Por fim, a ausência de políticas voltadas para essa população e a não participação social, se apresentam como mais uma sentença de morte e absoluto isolamento, pois corpos políticos que são, deixam de exercer a plenitude de suas existências e padecem de um exílio involuntário do poder que representam.
Diego Felix Miguel
O Seminário acontece no dia 26 de outubro de 2022, das 9h às 18h, no Sesc Pompeia. As inscrições são gratuitas através do site inscricoes.sescsp.org.br. Confira a programação:
10h30 – Abertura
com Mama Darlyng, Luís Baron (Presidente da Associação EternamenteSou), Dora Cudignola (Vice-presidente da Associação EternamenteSou), Kilo Agência (responsável pela criação da nova marca E.sou), Weslley Vinicius L Marques (Diretor Associação EternamenteSou), Valéria Takahashi (Secretária Associação EternamenteSou) e Gustavo Nogueira de Paula (Gerência de Estudos e Programas Sociais do Sesc SP)
11h – Acesso à saúde
com Dr. Milton Crenitte, Léo Paulino Barbosa e Lucas Molina (Sesc Ribeirão Preto)
12h05 – Socialização e o combate à morte social
com Lia Mae D Castro, Thais de Azevedo e Laura Cristina da Costa Ferreira
14h30 – Lançamento Ebook Brilho Da Velhice LGBT+
com Profa. Dra. Sandra Regina Ortiz, Prof. Dr. Carlos Eduardo Henning e Luis Baron
15h – Velhices transgressoras: territórios dos corpos
com Renata Peron, Heitor Werneck e Jill Moraes
16h05 às 17h25 – Políticas e Participação social
com Diego Félix Miguel, Luis Baron, Keila Simpson, Renato Cintra e Sandra Regina Gomes
17h25 – Encerramento do Seminário
Mini Bio dos participantes
Mama Darlyng. Uma das fundadoras e organizadoras do Bloco MinhoQueens, um dos maiores blocos LGBTQIA+ da cidade de São Paulo. Por trás da Mama, está Fernando Magrin. Formado em Artes Cênicas pela UNICAMP e Jornalismo pela PUC-CAMP. Ex-executivo da American Airlines.
Dr. Milton Crenitte. Doutor em Geriatria pela USP, graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina da USP (2011). Atualmente desenvolve uma linha de pesquisa sobre sexualidade e envelhecimento LGBT e é voluntário/conselheiro da Associação EternamenteSou.
Léo Paulino Barbosa. É ativista de direitos humanos com ênfase em transgeneridades. Bacharel em Direito. Assessor da Comissão de Direitos Humanos da OAB de São Bernardo do Campo. Coordenador do projeto/ON TRANSFORMAÇÕES – transformando vidas.
Lia Mae D Castro. Mulher trans, negra, pesquisadora, artista visual, arte educadora, integrante do Coletivo Manidade, graduada em Artes pela Universidade Ítalo Brasileiro, atua de maneira transversal no terreno das Artes Visuais. Pesquisa sobre gênero, raça e classe com foco na heterossexualidade masculina branca utilizando diferentes linguagens.
Thais de Azevedo. Mulher trans de 73 anos, nascida na cidade de Várzea da Palma, MG. Muito cedo, foi estudar no Rio de Janeiro. Embarcou no mundo da moda, pessoa do mundo, viveu na Europa por muitos anos. Trabalhou na casa Brenda Lee, atualmente está presidenta do grupo Pela Vidda, de São Paulo, organização não governamental que dá assistência e acolhe pessoas vivendo com HIV/aids.
Laura Cristina da Costa Ferreira. Laura Ferreira, psicóloga na abordagem gestátilca, arteterapeuta, com experiência em atendimento clínico, políticas públicas, educação e relações comunitárias. Atende adolescentes e adultos e realiza supervisão clínica a profissionais de Psicologia. Consultora de projetos sociais, educacionais e literários e mediação de conflitos.
Profa. Dra. Sandra Regina Ortiz. Mestrado e doutorado em Ciências (Microbiologia) pela Universidade de São Paulo e especialização em Análises Clínicas (Universidade São Judas Tadeu). Atua na Pós-Graduação Stricto Sensu da Universidade São Judas Tadeu, no Comitê de Iniciação Científica e no Núcleo de Pesquisa LGBTQIA+/COLORIR-SE. Responsável pela Gerência Nacional e Pesquisa da Ânima.
Prof. Dr. Carlos Eduardo Henning. Professor Adjunto (Classe C, Nível 3) de Antropologia no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS), no Programa de Pós-Graduação em Sociologia e na Faculdade de Ciências Sociais (FCS) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFG (2021-2022). É pesquisador do Ser-Tão – Núcleo de Ensino, Extensão e Pesquisa em Gênero e Sexualidade da FCS/UFG.
Luis Baron. Presidente da Associação EternamenteSou, fundador do canal @topassado_, voltado para a população LGBT+ idosa e pioneiro no Brasil, ativista e militante pelas velhices LGBT+, palestrante, articulista, consultor e membro do conselho de ética da PUC-SP.
Renata Peron. Assistente social, cantora, atriz e ativista, criadora da Bancada ARTIVISTA, Renata é uma mulher trans que conhece as demandas da população LGBTQ+ e que luta pelos direitos humanos. Foi presidenta da associação CAIS (Centro de Apoio e Inclusão Social de Travestis e Transexuais).
Heitor Werneck. É estilista, figurinista e produtor cultural brasileiro. Produtor de moda e de eventos, é responsável pela criação da grife Escola de Divinos, idealizador do Pulgueiro – um evento multimídia e multicultural realizado em parceria com o município e o estado de SP. Paralelamente, mantém uma festa/evento com o nome de Projeto Luxúria.
Jill Moraes. Homem Trans, agente de segurança penitenciário na Penitenciária Feminina do Butantan.
Diego Félix Miguel. Doutorando em Saúde Pública pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP USP). Especialista em Gerencia de Salud para Personas Mayores pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS – OMS). Padrinho da EternamenteSou.
Luis Baron. Presidente da Associação EternamenteSou, fundador do canal @topassado_, voltado para a população LGBT+ idosa e pioneiro no Brasil, ativista e militante pelas velhices LGBT+, palestrante, articulista, consultor e membro do conselho de ética da PUC-SP.
Keila Simpson. Travesti baiana Keila, presidente da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e Diretora da Associação Brasileira Organizações Não Governamentais (Abong);
Renato Cintra. Coordenador de Políticas Para a Pessoas Idosas SMDHC-SP, Mestre em Demografia pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Grande experiência em Pesquisa Social Aplicada ao Planejamento e à Gestão de Políticas Públicas e de Programas e Projetos Sociais. Docente de sociologia em diversas escolas da rede pública estadual e na Educação de Jovens e Adultos.
Sandra Regina Gomes. Fundadora da Longevida, Consultoria na Área do Envelhecimento. Fonoaudióloga – PUC-SP. Mestre em Gestão e Políticas Públicas – FGV Especialista em Gerontologia – SBGG. Pós-Graduanda em Estilo de Vida e Coaching de Saúde – Hospital Albert Einstein.
Serviço
Dia 26 de outubro de 2022, quarta, das 9h às 20:30h
Teatro
Classificação indicativa: 18 anos.
Grátis
Inscrições gratuitas em inscricoes.sescsp.org.br
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