Estruturado em sete episódios, ‘A Extinção É Para Sempre’ surge como resposta poética à situação pandêmica e à conjuntura brasileira. O projeto reúne nomes das artes visuais, literatura, música, teatro, dança e cinema, entre os quais Antonio Araujo, Noemi Jaffe, Romulo Fróes, Allyson Amaral, Eduardo Fukushima e Tenca Silva.
Nuno Ramos e parte da equipe da performance Chão-Pão. Foto: Matheus Brant.
O primeiro desdobramento é a proposição CHAMA, um monumento em memória a todos que perderam a vida na pandemia, estruturado de forma virtual e física, não aberto à visitação, no Sesc Avenida Paulista, a partir de 25 de maio, às 18h, como uma espécie de flama eterna e ininterrupta que permanecerá acesa por um ano.
A Chama. Instalação no Sesc Avenida Paulista,
não aberta à visitação. Foto: Eduardo Ortega
Um projeto que une diversas linguagens artísticas e busca responder, com urgência, às incertezas do presente: o momento político e social e a situação pandêmica que o mundo atravessa. Este é o cerne de A Extinção É Para Sempre, projeto multilinguagem e inédito idealizado pelo artista, compositor, diretor e escritor Nuno Ramos e realizado pelo Sesc São Paulo, com apoio do Goethe-Institut. Organizado em sete episódios e com colaboração de nomes das artes visuais, da dança, do teatro e do cinema, o laboratório teve início em janeiro de 2021 e seguirá com desdobramentos ao longo de um ano.
“Estamos vivendo um misto de queda sem fim com ataque por todos os lados. O projeto é uma tentativa de reagir, com balas múltiplas, a um ataque múltiplo, de manter a linguagem viva em vários níveis”, afirma Nuno Ramos.
“É também uma forma de fazer arte ‘a quente’, uma produção em movimento, que vá contra o atual estado de apatia e responda aos assuntos que percorrem o espaço público hoje – como o luto, a violência, a ameaça às instituições e a relativização da nossa história”, completa o artista.
“Em meio à imprecisão e complexidade do momento atual, realizar tal proposta, com apoio do Goethe-Institut, é matizar possibilidades para uma travessia coletiva mais acolhedora, abastecida pelas múltiplas camadas que envolvem o fazer artístico-cultural e as descobertas infindas que a arte proporciona”, reflete Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo.
Laboratório multilinguagem
Atualmente configurado como um laboratório artístico, o projeto tem promovido diálogos sobre as proposições com artistas de diversas origens e linguagens, como a escritora Noemi Jaffe, o cineasta Jorge Bodanzky, a atriz Edna de Cássia, o coreógrafo Eduardo Fukushima e o encenador Antonio Araujo.
Nuno, que costuma trabalhar com diversos registros, explica que, aqui, o instinto “foi logo ir juntando muita gente”. “Temos de fazer, na cultura, o que a representação política não tem conseguido fazer, que é uma abertura, uma capacidade de contaminação entre o que pareceria incongruente. Isso tudo tem de somar agora, mostrar a força que as diferenças têm quando pisam num mesmo chão”, ele pontua.
Em cada um dos sete episódios, a equipe artística é reorganizada. Há participações pontuais e também um núcleo que perpassa todo o projeto. Ele é composto por Tarina Quelho, coreógrafa e preparadora corporal, o músico Romulo Fróes e os performers Allyson Amaral, Tenca Silva, Nilcéia Vicente, Ivy Souza e Leandro Souza. Esse grupo fixo, que nasceu de uma busca por novas parcerias, também irá ajudar a criar um diálogo entre todas as obras. “As ideias são muito diferentes entre si, mas formam um todo, e a gente vai carregando as ideias de um episódio para outro”, explica Nuno.
CHAMA
a partir de 25 de maio, 18h
A estreia do projeto se dá com a proposição CHAMA, um monumento virtual de luto, uma chama eterna e ininterrupta em memória aos mortos, que permanecerá acesa durante um ano, a partir de 25 de maio. A CHAMA será instalada fisicamente no Sesc Avenida Paulista e transmitida ao vivo por meio do site de A Extinção É Para Sempre, compondo um chamado internacional ao luto, à pausa e à dignificação de cada perda.
A instalação é uma Chama Eterna
em memória aos mortos. Foto: Eduardo Ortega.
CHÃO-PÃO
Performance Chão-Pão. Foto: Matheus Brant.
Nesta performance, o elenco monta um chão feito com lajotas e pães impróprios para consumo. Sobre esse terreno, os artistas caminham e dançam, quebrando e modificando esse chão-pão. No meio da cena, dois monitores trazem trechos em loop de filmes de Glauber Rocha, “Deus e o Diabo na Terra do Sol” e “Terra em Transe”, mais especificamente da frase “A culpa não é do povo”, que se repete nos dois longas. A violência do discurso e do pisar sobre o pão, sobre o alimento, se contrapõe à leveza dos movimentos dos performers. Os espetáculos/performances serão transmitidos ao vivo.
28/5, sexta-feira, às 20h30, pelo youtube.com/sescsp e pelo instagram.com/sescaovivo
29 e 30/5, sábado e domingo, às 20h30 pelo youtube.com/sescavenidapaulista e instagram.com/sescavpaulista
Transmissão ao vivo diretamente do palco do Sesc Avenida Paulista
Conversas após a apresentação:
28/5 – com Nuno Ramos
29/5 – dramaturgia e som: com Romulo Fróes e Vicente Antunes Ramos
30/5 – sobre escombros: com Tarina Quelho, Allyson Amaral, Eduardo Fukushima, Isis Andreatta, Leandro de Souza e Tenca Silva.
Acompanhe pelo site e pelas redes sociais do Sesc.
Sete episódios
O conjunto de A Extinção É Para Sempre é formado por sete episódios: CHAMA, Chão-Pão, Iracema Fala, Monumento, Os desastres da Guerra, Helióptero e A extinção é para sempre. Os demais episódios seguem em desenvolvimento no laboratório artístico e seus desdobramentos para o público estarão sujeitos às possibilidades de interação que as mudanças no contexto da pandemia permitirem nos próximos meses.
Informações e atualizações do projeto em www.sescsp.org.br/aextincaoeparasempre
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