A valorização da memória, com suas diferentes formas de preservação e difusão, é um tema frequente nas ações artístico-culturais desenvolvidas pelo Sesc São Paulo, bem como nas atividades em áreas como lazer, turismo social, alimentação, atividade físico-esportiva, entre outras. No ano de 2006, durante as comemorações dos 60 anos da instituição, o Sesc São Paulo realizou o Seminário Internacional Memória e Cultura: A Importância da Memória na Formação Cultural Humana. O evento aconteceu no Sesc Vila Mariana, entre os dias 19 e 21 de setembro, com intuito de fomentar novas perspectivas sobre o assunto.
O seminário tratou do tema em conferências, colóquios, debates e relatos de experiência, por meio de um diálogo multidisciplinar, com participantes de diferentes experiências e saberes. Além disso, gerou uma publicação, lançada pelas Edições Sesc, com o mesmo nome do seminário.
No prefácio desse volume, Danilo Santos de Miranda, Diretor do Sesc São Paulo, convida à reflexão sobre o processo das construções das memórias como elemento de integração de pessoas, ideias, vivências e experiências, partindo inclusive do próprio pensamento e trabalho da instituição.
“A exposição e a publicação do livro Brinquedos e Geringonças do Mestre Molina, a série Raros e Inéditos, exposições como Fantasia Brasileira – O Ballet do 4º Centenário e Saravá Mário de Andrade, o Festival dos Melhores Filmes do Ano, realizado há mais de três décadas, a restauração do prédio da antiga fábrica de tambores, onde hoje se encontra o Sesc Pompeia, entre tantos outros, são exemplos significativos dessa perspectiva.”
Danilo escreve:
O livro registra os debates apresentados e as reflexões compartilhadas durante a realização do seminário, que possibilitaram projetar um olhar mais aprofundado sobre os documentos que compõem a história do Sesc São Paulo, suas interrelações e seus usos sociais.
Parte dessas reflexões discorre sobre a relação entre memória e cultura, que vai além da conservação de tradições. Ela abrange a multiplicidade encontrada nos grupos sociais que buscam superar desigualdades e garantir a autonomia de indivíduos e coletivos, de suas ideias e valores. Como ponderou o professor Ulpiano Bezerra de Menezes no texto “Os paradoxos da memória social”, parte da publicação Memória e Cultura: “A memória não só transmite conhecimento e significações, mas cria significados”. Isso pode se desdobrar na compreensão de que, embora cada pessoa perceba certos acontecimentos de determinada forma, aquilo que é comum ao grupo de que se faz parte possibilita criar conexões entre o que se vive no cotidiano e o que se quer deixar como legado para a posteridade.
Dessa forma, é preciso alargar o olhar sobre a memória e compreendê-la como articulada àquilo que se projeta em novos pensamentos e ações, de modo a construir e legitimar identidades por meio de narrativas de vida. Significa também compreender que documentos, em todos os gêneros, possuem características que colaboram para as leituras que fazemos sobre o passado.
No contexto apresentado, ainda no prefácio, Danilo Santos de Miranda anuncia a criação do Sesc Memórias como fruto da consolidação dos processos da memória da instituição. E explica: “Ao completar 60 anos em 2006, o Sesc deu início à consolidação e à sistematização dessa ação com vistas a organizar, preservar e difundir sua memória como instituição sociocultural e educativa, engajada na promoção da democracia e no incentivo à participação social. Trata-se da criação do Centro de Memória do Sesc São Paulo, denominado Sesc Memórias”.
As ações desse centro de memórias estão relacionadas à pesquisa sobre documentação produzidas pelas unidades do Sesc São Paulo; à organização de conjuntos temáticos ligados à programação; ao atendimento às solicitações de material ou levantamento de documentos para realização de projetos institucionais, respondendo tanto a demandas internas como as de pesquisadores que tenham interesse em conhecer as ações institucionais por meio das memórias registradas em seu acervo.
A proposta, segundo Danilo Santos de Miranda, não é “tratar a memória como um conjunto de saberes acumulados frente aos quais pode-se adotar uma postura romântica ou excessivamente patrimonialista”. Mas, sim, promover “a reflexão sobre diferentes aspectos presentes na relação entre memória e cultura quanto às suas significações e às suas contradições intrínsecas, à construção política das narrativas históricas, ao papel social da língua nesse circuito, aos impasses criados pela tecnologia, às políticas de esquecimentos como objetos de poder, à cultura imaterial, além de questões relacionadas à escolha e ao uso de suporte para memória como o são a fotografia o cine documentário e a história oral”.
O livro Memória e Cultura: A Importância da Memória na Formação Cultural Humana está disponível no acervo do Sesc Memórias e também nas bibliotecas das unidades Sesc Belenzinho, Bom Retiro, Campinas, Pompeia, Ribeirão Preto, São Carlos, Sorocaba e Centro de Pesquisa e Formação – sua disponibilidade pode ser verificada com os atendentes em nossas bibliotecas ou no endereço https://sesc.i10bibliotecas.com.br/
. O prefácio de Danilo Santos de Miranda pode ser lido abaixo:
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