Mayara Martins, em palestra na PUC Campinas, fala sobre a nova metodologia de limpeza do Sesc SP – Foto: Lúcio Érico
O Sesc São Paulo apresentou o seu trabalho sobre limpeza para alunos de nutrição e funcionários da Universidade e Hospital da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas. O bate-papo foi conduzido por Mayara Martins, coordenadora de operação e serviços de limpeza do Sesc SP, que relatou o histórico e os benefícios de adotar essa metodologia, que resulta em efeitos positivos para o meio ambiente e para os trabalhadores da área da limpeza.
“Em um cenário brasileiro no qual há mais de 8 milhões de pessoas que trabalham diretamente com limpeza, o Sesc SP tem um modo de trabalho que pensa nas pessoas, na economia e principalmente no meio ambiente. Nos sentimos na obrigação de compartilhar isso, contribuindo para a sociedade”, relatou Mayara Martins.
Para Mara Bachelli, diretora da Faculdade de Nutrição da PUC Campinas, a conversa foi inspiradora: “A experiência do Sesc é extraordinária em vários pontos. Eu sou frequentadora da Unidade de Campinas e conheço em parte como funciona a comedoria que sempre foi uma referência. Então, ouvir falar de limpeza verde por uma instituição tão importante para nós é trazer a visão do novo e o que é possível ser feito”.
“É a limpeza feita para proteger a saúde minimizando os impactos negativos de sua ação no meio ambiente. Para isso é utilizado um sistema integrado específico para cada edificação e suas necessidades” explica Carlos Eduardo Panzarin de Castro Mello, diretor de Conteúdo Técnico da Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional (ABRAMLIP).
Esse movimento teve como marco o ano de 1993 quando os Estados Unidos solicitaram que suas agências e órgãos federais deveriam incorporar novas formas de trabalho com eficiência energética e diminuição na geração de resíduos para exercer as atividades de limpeza. Desde então, essa ação inspirou e impulsionou maneiras de se realizar atividades mais sustentáveis na limpeza, como diminuição na produção de poluentes, redução no consumo de água, entre outros aspectos relacionados à atividade.
Para estimular esses hábitos sustentáveis nas empresas e instituições, surgiram diferentes certificados internacionais, sendo um deles o LEED – Leardership in Energy and Environmental Design (Liderança em Energia e Design Ambiental). “Tanto no mundo como no Brasil a limpeza verde teve sua implementação mais difundida em edificações que possuíam ou pretendem obter certificações LEED”, completa Carlos Eduardo Panzarin de Castro Mello.
Atualmente, 22 das 43 Unidades do Sesc São Paulo adotaram essa forma de limpeza. O início desses trabalhos aconteceu em 2016.
“Em Bertioga, a primeira Unidade que recebeu a nova metodologia, o foco foi na melhoria da qualidade dos serviços, dos equipamentos e materiais utilizados pelos funcionários da limpeza, garantindo mais conforto, ergonomia e qualidade de vida no trabalho com eficiência na utilização da água, produtos químicos e esforço laboral”, explica Mayara Martins, que coordena as implementações. No início desse trabalho, houve também a preocupação em mitigar os efeitos ambientais, em consonância com o Lixo: menos é mais, programa que, desde 2010, tem se dedicado a destinar com responsabilidade os resíduos produzidos nas atividades do Sesc SP. O programa busca diminuir a geração de resíduos e destiná-los corretamente, além de desenvolver uma série de ações socioeducativas nas Unidades do Sesc SP tanto para o público interno quanto para os frequentadores.
Atualmente a metodologia de limpeza implementada no Sesc SP tem ampliado sua atuação a respeito da diminuição dos impactos no meio ambiente, por meio de novas medidas, como restrição no uso de panos descartáveis, logística reversa no descarte das esponjas, restrição de produtos nocivos como ácido clorídrico, cloro, entre outras ações.
Abaixo listamos os três pilares da metodologia utilizada na instituição:
Marcelo Cunha, auxiliar da área de limpeza utilizando a varredeira – Foto: Lúcio Érico
A primeira etapa dos trabalhos de implementação da limpeza verde é a avaliação do processo integral, ou seja, entender e mapear os processos de limpeza atual, para depois analisar o que será melhorado, seja na inserção de equipamentos, revisão dos produtos químicos, qualidade dos materiais e técnicas de limpeza. O resultado disso é a elaboração de um plano de trabalho para cada profissional, levando em conta as áreas que receberão limpeza, com processos que definem como devem ser utilizados os produtos químicos e as técnicas de utilização dos equipamentos. O objetivo é diminuir riscos de saúde, impactos ambientais, melhorar a ergonomia e qualidade de vida dos funcionários terceirizados e diminuição de custos.
Lavadora e secadora de piso automática – foto: Lúcio Érico
Será que a limpeza de um banheiro é igual ao de um ginásio do Sesc? Com certeza não. Por isso diferentes equipamentos são dimensionados para as atividades, assim como os produtos de limpeza. Dessa maneira, temos o melhor aproveitamento do esforço de trabalho, economia de 90% da água e 97% dos produtos químicos na limpeza.
Nesse momento é decidido, com base no plano de trabalho, se o ideal é utilizar uma lavadora e secadora automática vertical ou horizontal, aspirador a fio ou bateria, entre outros itens. Nesta etapa é selecionada a lista de produtos químicos, restringindo-os aos certificados ecologicamente pela ABNT. Na escolha dos produtos são levadas em conta algumas características como biodegradabilidade, livre de substâncias cancerígenas, mutagênicas, composição e reciclabilidade das embalagens, entre outros.
Leila Souza de Oliveira que trabalha diariamente com equipamentos de limpeza no Sesc São Paulo – Foto: Lúcio Érico
“Agora que temos os equipamentos ficou mais fácil, hoje limpamos mais rápido. Isso melhorou muita coisa, com a praticidade que a gente tem. Não precisamos ficar andando com o balde e o rodo para lá e para cá. A máquina faz tudo de uma vez, aspira, lava e seca”`, relata Leila Souza Oliveira Alves, auxiliar de limpeza.
Mudar a forma como a limpeza é vista pelo auxiliar de limpeza, e principalmente, como deve ser trabalhada, depende essencialmente do quanto eles se identificam com a cultura organizacional. No Sesc SP, quando novas equipes de limpeza iniciam seus trabalhos, apresentamos os diversos valores institucionais como a cultura do diálogo e acolhimento do público, respeito à diversidade cultural, reconhecimento de pessoas e populações que foram historicamente minorizadas, práticas sustentáveis, entre outros.
“Outro ponto que chamou atenção neste case [da limpeza no Sesc São Paulo] foi o cuidado em trazer para dentro do projeto os prestadores de serviço, fabricantes de produtos, fabricantes de máquinas e equipamentos, dando voz a eles” explica Carlos Eduardo Panzarin de Castro Mello (ABRALIMP). Para realizar esse trabalho, segundo Mayara Martins,“cada um tem um papel de suma importância, desde o coordenador ao eletricista, mobilizamos muitas áreas, precisamos de adequações na parte elétrica e física para receber a nova equipe. Gerir processos de mudanças exige uma profunda empatia e entendimento sobre lugares de privilégios, assim, de fato, cada um pode se reconhecer como agente de transformação e parte de um todo, ninguém faz nada sozinho”.
Esse novo formato de limpeza, alcançou a redução de 7% dos custos diretos de contratação, isso porque o pagamento mensal está condicionado à performance dos serviços, condicionada principalmente à execução das limpezas planejadas, qualidade dos serviços e ao funcionamento dos equipamentos. O Sesc São Paulo tem como próximo passo a ampliação no número de Unidades que utilizam essa metodologia, contando com uma programação de conclusão de implemento nos 43 contratos até dezembro de 2022.
“Acredito que a abordagem adotada pelo Sesc na forma de olhar a prestação de serviço de limpeza não só relacionada a questões ambientais e de sustentabilidade, mas também observando-a como parte integrante da estratégia para atingir os objetivos da organização, coloca sim o Sesc em posição de destaque no tema”, ressalta Carlos Eduardo Panzarin de Castro Mello (ABRALIMP).
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