A música de concerto nas trilhas sonoras

09/11/2018

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Nada mais “lugar-comum” do que afirmar que o cinema e a música andam de mãos dadas.
Mas não temos que separar essas duas linguagens.
O que seria da música contemporânea sem os videoclipes?
O que seriam dos filmes sem suas trilhas sonoras (originais ou adaptadas)?

Alguns clássicos do cinema como “Tempos modernos” (1936), “Casablanca” (1942)  e “Orfeu Negro” (1959) contam com trilhas sonoras que por si só já valem o ingresso.

Diretores como Alfred Hitchcock, François Truffaut, Martin Scorsese, Pedro Almódovar, Stanley Kubrick e Quentin Tarantino perceberam que, para o cinema moderno, a trilha sonora era tão importante quanto o conjunto de imagens das suas produções.
E criaram obras primas unindo cenas e músicas inesquecíveis, colocando compositores como Bernard Herrmann e Henry Mancini na boca e nos ouvidos dos amantes da sétima arte.
O que falar de 2001, em odisséia no espaço?

Como dissociar filme e trilha sonora? Será que aquela cena do primata descobrindo sua ferramenta, destruindo uma carcaça ao som de “Also Sprach Zarathustra” de Johann Strauss teria o mesmo impacto sem a canção escolhida?
Embora poucos percebam, a Música de Concerto está presente em muitas dessas trilhas sonoras inesquecíveis.
Enumeramos 15 momentos em que esse tipo de composição esteve presente nas telonas, em algum cinema perto de você.
Confira:

1- Fantasia, magia, e encantamento

O filme “Fantasia, de 1940, mistura imagens de animação com música clássica, e fez parte da infância de muita gente.
O resultado foi tão satisfatório, que os estúdios Disney repetiram a fórmula em outras produções.

2 – Uma sinfonia que vale mais que mil discursos

Vencedor do Oscar de melhor filme em 2011, “Discurso do Rei” atinge seu ápice exatamente na sequência final, quando o protagonista faz seu discurso enquanto ao fundo toca a sétima sinfonia de Beethoven.
A peça, uma das mais conhecidas do compositor foi utilizada também no filme “X-men Apocalipse”, de 2016, um dos filmes mais vistos da franquia.
Spoiler: O grupo Sopro Transcendente irá tocar tocar um arranjo dessa peça durante suas apresentações no Festival de Música de Câmara.

3 – Assim falou Kubrick

Como já citamos, a peça “Also Sprach Zarathustra”, de Johann Strauss ficou imortalizada ao compor a trilha do primeiro ato do filme “2001, uma Odisséia no Espaço”.
O diretor Stanley Kubrick aliás, repete a fórmula com maestria em outros clássicos como o “Iluminado”, “De olhos bem fechados” e “Laranja Mecânica”, em que a trilha sonora é uma extensão do estado psicológico do protagonista Alex DeLarge.

4- Variações indigestas

Em “O Silêncio dos Inocentes”, Antony Hopkins deu vida a Hannibal Lecter, um dos personagens mais fascinantes da história do cinema.
A cena mais emblemáticas do longa é a que o assassino em série foge da prisão, embalada por “Goldberg Variations”, de Johann Sebastian Bach.
 

5 – Um sonho de trilha sonora

O filme “Um sonho de Liberdade” conta a história de um jovem e bem sucedido banqueiro que é condenado por um crime que não cometeu.
Repleto de reviravoltas de tirar o fôlego, o longa também costuma arrancar algumas lágrimas graças à sua emocionante história e a trilha sonora que conta com a belíssima “Duettino Sull’aria Le nozze di Figaro”, de Wolfgang Amadeus Mozart. 

6- O Cara

Em 1998 os irmãos Cohen lançaram “O Grande Lebowski”, um thriller pouco convencional que contava com Jeff Bridges como protagonista.
Enquanto luta para resolver um mal entendido que quase custou sua vida, Lebowski (ou o “cara”, como prefere ser chamado), divide seu tempo entre usar substâncias ilícitas, jogar boliche com os amigos e ouvir Creedence.
O filme, que nasceu para ser cult é de tirar o fôlego, e conta com “Requiem in D Minor” também escrita por Wolfgang Amadeus Mozart em sua trilha.

7- O pecado nem sempre mora ao lado

Outro filme de tirar o fôlego é  “Se7en – Os Sete Crimes Capitais”, que conta a história dos policiais David Mills e William Somerset, encarregados de encontrar um serial killer que mata suas vítimas seguindo a ordem dos sete pecados capitais.
O longa, dirigido pelo premiado David Fischer estreiou em 1995 e conta com outra obra-prima de Johann Sebastian Bach: “Air Suite No. 3 In D Major”.
Curiosidade: Todos os números dos prédios que aparecem nas cenas de abertura do filme começam com o número 7.

8- Haja coração

“Apocalypse Now“, baseado no livro de Joseph Conrad e dirigido por Francis Ford Coppola, é considerado um dos melhores filmes de ação de todos os tempos e a trajetória do personagem Benjamin Willard é embalada pela contagiante “Ride Of The Valkyries”, de Richard Wagner.
Curiosidade: Filmando em Manilia e nas Filipinas a produção passou por inúmeros perrengues, incluindo um ataque cardíaco sofrido pelo protagonista Martin Sheen.

9- Quem sentirá falta da Terra?

https://youtube.com/watch?v=1JEYnjKxf4A

Um episódio de depressão inspirou o diretor dinamarquês Lars Von Trier a escrever o longa “Melancholia”.
O filme explora a situação psicológica dos personagens, enquanto a terra está em rota de colisão com o planeta Melancolia.
Lars concebeu Melancolia como uma espécie de ritual de saída da depressão que viveu. Com muita poesia e ao som de “Tristan und Isolde”, uma ópera em três atos com música e libreto do compositor alemão Richard Wagner.

10- Tour de force

O longa “O Concerto” de Radu Mihaileanu conta a história de um famoso maestro da antiga União Soviética que foi demitido do posto de maestro da Orquestra Bolshoi por contratar músicos judeus e passa a ser faxineiro do Teatro Bolshoi, em Moscou.
O filme foi gravado em cinco países: França, Itália, Bélgica, Rússia e Romênia. Um verdadeiro tour de force europeu.
Toda a trilha sonora é composta por clássicos, mas destacamos aqui o “Piano Concerto N°21 in C Major, K 467”, Composta por Wolfgang Amadeus Mozart em 1785.

11 – Não machuque ninguém, não roube de quem não mereça e jogue como se não tivesse nada a perder”

Em 2001,  Steven Soderbergh lançou sua versão para o clássico “Onze Homens e um Segredo”, uma produção repleta de estrelas do cinema e que conta as aventuras de Danny Ocean, interpretado por George Clooney, e seus 11 comparsas.
O ritmo do filme é frenético. Mas a trilha sonora conta com a lindíssima “Clair de lune de la ‘Suite Bergamasque’ – Adante tres expressif”, escrita por Claude Debussy e interpretada por Philippe Entremont, para aliviar a tensão.

12- Instrumentos nada convencionais

Em 1983, Federico Fellini prestou sua homenagem à Belle Époque através do longa “E La Nave Va”, nos presenteando com uma cena em que “Momento Musical Nº 3 de Schubert” é executada em taças e copos na cozinha do navio.

13 – ”Eu senti. Perfeito. Foi Perfeito.”

Dirigido por Darren Aronofsky e estrelado por Natalie Portman, Vincent Cassel, Mila Kunis, Barbara Hershey e Winona Ryder, “Cisne Negro” conta a história da jovem bailarina Nina, que está diante do maior desafio da sua vida: interpretar a Rainha Cisne em uma adaptação de Cisne Negro enquanto sofre com a pressão seu diretor artístico Thomas, e com a competição que surge entre ela e sua colega Lily.

14- Artistas também amam

O filme “Coco Chanel & Igor Stravinsky“, aborda o romance proibido entre a estilista francesa Coco Chanel com o compositor russo Igor Stravinsky, exilado na França por conta da Revolução Russa e ainda afamado pelo escândalo que fora a primeira montagem de A Sagração da Primavera em Paris.
Destaque para a “Piano Sonata in F-Sharp Minor“.

15- Um cinema, um Chopin…

Em 2002 Roman Polanski dirigiu “O Pianista“, um dos filmes mais poéticos já produzidos sobre a Segunda Guerra Mundial.
Baseado na autobiografia de mesmo nome escrito pelo músico Polaco Wladyslaw Szpilman, e estrelado por Adrien Brody, o longa foi indicado a 7 Oscars.
Destaque para “Nocturne in C# Minor, Posthumous” composta por Fryderyk Chopin, em 1830.

Poderíamos incluir na lista, como Bônus Track os longas biográficos “Amadeus”, e “O segredo de Beethoven”.
Mas preferimos deixá-los de fora.
Afinal, como dizem por ai, clássico é clássico. E vice e versa.

De 22 de novembro a 2 de dezembro, iniciantes e iniciados, adultos e crianças, se encontrarão na música, para apresentações inéditas no Brasil, além das composições encomendadas especialmente para o Festival Sesc Música de Câmara, concertos para a família e debates acerca o universo da música.

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