Águas e Ciclos

22/03/2024

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O Mar em Nós – Ilustrações de Patrícia Yamamoto

Já cantamos em prosa e verso que as águas correm para o mar… É tempo de cantarmos o cuidado com as águas do planeta todo.

Salvar o oceano* é parte da missão!

O verdadeiro pulmão do mundo é o oceano. Mais da metade do ar que respiramos é produzida por plantas marinhas, algas, fitoplâncton e bactérias que vivem no mar. Porém, a poluição, a acidificação do oceano e as mudanças climáticas estão afetando cada vez mais os ecossistemas marinhos. Cuidar do oceano é cuidar de todas as formas de vida!

A acidificação do oceano acontece porque uma parte do gás carbônico (CO2) – cerca de 26% – é lançada na atmosfera pelos desmatamentos e pela queima de combustíveis fósseis, reage com a água do mar e se transforma em ácido carbônico (H2CO3).

As águas correm para o mar, passando pelos solos, né? E os resíduos de quase tudo o que produzimos e consumimos acabam no oceano, onde está a maior parte das águas do planeta.

O rio vem da “nascente”? É o que a gente vê. Mas aquela água veio das chuvas. Absorvida pela vegetação e pelo solo, a água das chuvas irriga os mananciais, abastece os aquíferos e os lençóis freáticos. A água da mina brota, como a gente vê, cria córrego e segue o ciclo.

De onde vieram as nuvens de chuva? Vieram pelo céu, circulando pela atmosfera com o vento? E antes? Evaporaram? De onde? Do solo, da floresta, das lagoas, dos rios e, principalmente, do oceano.

A água circula pelo planeta. Nesse ciclo, a água passa pela sua casa. Chega à pia, sai pela torneira e tudo o que foi lavado e enxaguado vai pelo ralo. Isso vale para sua louça e a do vizinho, e também para a indústria e o comércio, que dependem de água para produzir e vender tudo o que há no mercado…

A água não para onde é usada! Já ouviu dizer que água faz caminho? De novo, os rios correm para o mar e levam com suas águas o que encontram pelo caminho, sejam resíduos da natureza ou de nossos modos de vida.

O que ocorre com as águas acontece de um jeito parecido com a atmosfera. O ar circula. Leva consigo poeira, umidade, partículas e gases naturais. Mas também leva os gases poluentes dos escapamentos dos veículos e das queimadas – os gases do efeito estufa, que causam as mudanças climáticas e a acidificação do oceano.

Temos tratado as águas sem cuidado. Por isso, córregos, represas e rios estão cada dia mais contaminados por resíduos que, além de reduzirem a disponibilidade de água potável, comprometem todos os ecossistemas – e, claro, o oceano.

Assim como acontece com as águas e o ar, tudo o que consumimos tem um ciclo. A matéria-prima é retirada da natureza, beneficiada, alguém produz, colhe, industrializa, embala, vende e lucra. A gente consome. É preciso pensar nos caminhos que essas coisas que consumimos percorrem, antes e depois de nós.

Na Agenda 2030 há um item exclusivo sobre esse assunto. O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 14 trata da conservação e uso sustentável do oceano, dos mares e dos recursos marinhos.

Vivemos um tempo de grandes transformações. Quando falamos em “salvar o planeta”, “salvar o oceano”, é importante entendermos que tudo está conectado. Os ciclos são conectados. Água, ar, solo e cada forma de vida são interdependentes.

Então, a gente precisa cuidar das águas de casa, dos rios, das lagoas e represas, das águas do oceano. Precisamos cuidar da atmosfera, do ar de que dependemos, assim como todas as formas de vida dependem.

Um dos caminhos para “salvar” o planeta é entendermos os ciclos para produzirmos e consumirmos as coisas de forma mais responsável, cuidando melhor de cada etapa.


*Optamos pelo uso da palavra oceano no singular ao longo dos textos, pois um dos princípios essenciais da Cultura Oceânica é que “a Terra tem um oceano global e muito diverso” (UNESCO, 2020)

Este artigo integra o caderno de programação do festival O Mar em Nós


O Festival “O Mar em Nós” tem como objetivo fomentar uma rede de interação e construção social, promover a visibilidade e a valorização das comunidades litorâneas, fortalecer a identidade e preservar memórias de povos que têm um forte vínculo com o mar – indígenas, quilombolas e caiçaras; além de trazer a importância que esses povos têm em relação à riqueza de saberes sobre o oceano e o papel das comunidades na sua conservação.

Saiba mais em: www.sescsp.org.br/omaremnos

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