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Além de prover a alimentação saudável e adequada, a amamentação está vinculada a diversas etapas de desenvolvimento tão importantes quanto os benefícios nutritivos do leite materno. A sucção exercida enquanto o bebê mama influencia em funções básicas como a fala, mastigação, respiração nasal e possui fortes relações com a qualidade de vida da criança.
Luciana Pinto Sales Leal, dentista no Sesc Interlagos desde 2013, explica que a sucção é um reflexo inato do bebê antes mesmo de seu nascimento. Na barriga da mãe, ele já pratica a ingestão do líquido amniótico. Esse exercício, por mais simples que pareça, é responsável por elementos indispensáveis de seu desenvolvimento facial. A amamentação favorece o desenvolvimento da respiração pelo nariz, por exemplo, função que irá garantir que o ar seja filtrado e aquecido antes de chegar aos pulmões. Não desenvolver esta habilidade plenamente pode tornar o bebê um respirador bucal, o que impacta em seu descanso, postura, entre outras coisas.
“Quando estamos resfriados, com o nariz congestionado não conseguimos respirar, comer ou dormir bem, certo? Já pensou como seria se sentir permanentemente congestionado? É assim que um respirador bucal se sente.” Diz Fábia Uccelli Santos, odontopediatra e assistente técnica da Gerência de Saúde e Odontologia do Sesc São Paulo.
No movimento de sucção, o bebê também estimulará a formação adequada de sua mandíbula. “Todo bebê nasce com o queixinho um pouquinho para trás – e esse exercício auxiliará no desenvolvimento orofacial” – diz Luciana. Além disso, mamar fará com que as arcadas se desenvolvam corretamente e possam receber os dentinhos no tempo certo, o que costuma acontecer próximo aos seis meses de idade.
É importante chamar atenção para o fato de que o uso de bicos artificiais, como as mamadeiras e chupetas, não exercem o mesmo efeito. Segundo Luciana, na mamadeira o posicionamento da língua é diferente, e outra musculatura é estimulada, o que pode comprometer o espaço para o nascimento dos dentes e, assim, causar a má formação da arcada dentária.
Esse é um dos motivos pelo qual a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o aleitamento seja exclusivo até os 6 meses, e continuado até os dois anos de idade, para que todas as estruturas possam se desenvolver normalmente.
Manter a amamentação exclusivamente no peito sem alternar com bicos artificiais é um verdadeiro desafio. Além das dificuldades relatadas pelas mães nos primeiros meses que envolvem a “pega” (forma como é realizada a sucção), a insegurança sobre a quantidade de leite produzida e muitas outras questões relacionadas ao pós parto, mulheres que retornam ao trabalho após os 4 meses de licença maternidade têm garantido por lei o direito a 2 intervalos de 30 minutos por dia para a amamentação até que se complete os primeiros 6 meses de vida. Em uma cidade grande como São Paulo, esse intervalo pode não contemplar o tempo necessário para que a mãe chegue até o bebê, por exemplo.
De qualquer forma, a mamadeira é um dos instrumento que auxilia aquelas que, por algum motivo, não estão aptas ou disponíveis para a amamentação. Para os bebês que se alimentam por outros meios além do peito, recomenda-se o acompanhamento mais frequente com ortopedistas e ortodontistas, para que, seja verificado a necessidade do uso de aparelhos corretores.
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Higiene Bucal do Bebê
Quanto a higiene bucal do bebê, a dentista nos conta que existem duas correntes profissionais com opiniões opostas: de um lado, se diz não deveria realizar a higienização nos primeiros 6 meses devido aos fatores de proteção do leite. No entanto, nos cadernos de atenção básica para a saúde bucal do Ministério da Saúde, recomenda-se a limpeza utilizando um pano limpo ou gaze embebida em água filtrada ou fervida. E, então, a partir do momento que houver o nascimento dos primeiros dentinhos, pode-se introduzir uma escova apropriada para a idade.
Em sua experiência na odontopediatria, Luciana observou vantagens na higienização bucal: “utilizando a fraldinha ou a gaze, a criança já estará acostumada com a manipulação da boca quando chegar a fase de introduzir a escovação”.
De todas as vantagens que a amamentação pode trazer para a mãe e para a criança, Luciana diz acreditar que o vínculo afetivo é o principal deles: “Imagina a criança que passou 9 meses escutando a batida do coração da mãe, quando ela é colocada na postura correta para pega continuará escutando. Esse vínculo afetivo que a amamentação proporciona, não tem nenhum bico artificial, nenhum outro leite que possa substituir”.
De 1 a 7 de agosto, durante a Semana Mundial de Aleitamento Materno, o Sesc São Paulo realiza o projeto “Do Peito ao Prato”, que convida o público a refletir sobre as práticas alimentares das crianças nos primeiros anos de vida. Confira toda a programação em sescsp.org.br/dopeitoaoprato.
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