Alimentação na primeiríssima infância: um cuidado que vale para a vida toda

08/08/2024

Compartilhe:

Entre os dias 1 e 7 de agosto, o Sesc São Paulo promoveu o projeto Do Peito ao Prato. Com uma programação especial espalhada por diversas unidades, a ação tem como objetivo despertar a atenção para a importância de uma alimentação adequada e saudável para crianças de até dois anos de idade. Partindo da valorização do leite humano – um alimento “padrão ouro” – e chegando às descobertas da introdução alimentar complementar, a programação do projeto apresenta atividades que abrangem não somente os aspectos nutricionais do tema, mas também seus desdobramentos sociais, econômicos, culturais, ambientais e políticos. 

A partir dos conteúdos mencionados acima, nos aprofundamos um pouco mais no assunto da introdução alimentar complementar. Para isso, batemos um papo com Florença Baffa, nutricionista especialista em nutrição materno infantil e que realizou duas oficinas relacionadas ao assunto aqui no Sesc Sorocaba, como parte integrante do projeto Do Peito ao Prato

Abaixo, confira um pouquinho do que conversamos com Florença: 

  • Iniciar a introdução alimentar antes dos 6 meses de idade pode trazer algum mal ao bebê e seu desenvolvimento? Quais seriam eles? 

Florença: Antigamente, não se falava sobre os sinais de prontidão, que são sinais físicos que devem ser levados em conta para iniciar a oferta de quaisquer alimentos. São eles: o bebê deve conseguir sentar-se com o mínimo de apoio, sustentar a cabeça e o tronco e perder o reflexo de esticar a língua para mamar (protusão de língua), e ter interesse pelos alimentos. 

Um outro sinal importante, porém, não visível, é que aos 6 meses o bebê começa a produzir enzimas digestivas que vão trabalhar para uma melhor digestão e absorção dos alimentos. Caso o bebê comece essa introdução alimentar de forma precoce, sem esperar os 6 meses e sem os sinais de prontidão alimentar, isso pode acarretar diversas complicações para a saúde do bebê que podem repercutir para a vida toda. 

  • A água potável também deve ser introduzida somente após os 6 meses? Antes desse período somente o leite materno já é o suficiente para a nutrição e hidratação do bebê? 

Florença: Sim. Até os 6 meses, o leite materno contém todos os nutrientes e água necessários para um bom desenvolvimento do bebê. Após os 6 meses, os cuidadores devem ofertar água para o bebê várias vezes ao dia para que ele aprenda a se hidratar com esse líquido. 

  • Quais frutas, vegetais e legumes são mais recomendados para oferecer ao bebê nos primeiros momentos da introdução alimentar complementar? 

Florença: Todas as frutas, legumes e vegetais podem ser ofertados ao bebê quando ele começa a comer. Por isso, é bem importante que a família já tenha o hábito de consumir esses grupos alimentares. 

  • Recomenda-se evitar o açúcar na alimentação do bebê até os 2 anos de idade. Após esse período, como realizar a introdução do ingrediente nos hábitos alimentares da criança? 

Florença: O açúcar não precisa ser imediatamente introduzido aos 2 anos. O que começamos a observar é que esse bebê fica cada vez mais interessado em pertencer ao grupo em que vive e, logicamente, experimentar novos alimentos. 

O principal cuidado ao oferecer um alimento com açúcar para uma criança que nunca o consumiu é que o alimento pode conter açúcar, porém ele não deve ser rico em açúcar. Por exemplo, é preferível um bolo simples caseiro, cuja receita inclua uma quantidade menor de açúcar, em vez de um bolinho recheado industrializado. 

O paladar da criança está em constante formação, então precisamos evitar o máximo possível a introdução de alimentos ricos em açúcares. 

  • Como podemos lidar com a possível recusa de alguns alimentos por parte do bebê? Devemos tentar introduzir o alimento um tempo depois? De qual maneira? 

Florença: Sempre que um bebê recusa um alimento, não precisamos taxar que esse bebê não gosta dele. Podemos ofertar o mesmo alimento até 16 vezes para um bebê ou criança. O interessante é tentar variar a preparação desse alimento, alterando principalmente sua textura e apresentação. 

  • Por fim, você teria alguma dica adicional para nos dar? Existe alguma outra questão sobre a qual os cuidadores costumam ter dúvidas? 

Florença: Uma pergunta muito frequente é se é possível congelar alimentos prontos e se isso diminui sua qualidade nutricional.  Congelar alimentos porcionados é uma grande facilidade nos dias de hoje, principalmente quando consideramos que ambos os pais voltam a trabalhar bem cedo (já que as licenças maternidade e paternidade são bem reduzidas). De fato, o congelamento faz com que alguns nutrientes sejam perdidos, mas a cocção dos alimentos também o faz. 

Sendo assim, considerando a praticidade e necessidade de termos alimentos feitos com comida de verdade (cuja procedência dos ingredientes, higienização e preparo tenhamos conhecimento), é compreensível recorrermos a porções de comidas congeladas ou, até mesmo, legumes (que tenham sido previamente branqueados – um processo em que o alimento cru é imergido em água quente por alguns minutos e, depois, resfriado em água gelada) congelados. Algumas preparações, aliás, ficam excelentes após o congelamento: feijões e outras leguminosas (ervilha, lentilha, grão de bico), molhos de tomate e purês. 

E aí? O que acharam? Nada como perguntar a quem entende bem do assunto, não é mesmo? Agradecemos muito a Florença por nos dar a chance de tirar tantas dúvidas e de ter uma conversa tão rica em informações. 

Para mais conteúdos e atualizações sobre a programação do Sesc Sorocaba, acompanhem nosso portal e redes sociais: Facebook, Instagram e Youtube

Conteúdo relacionado

Utilizamos cookies essenciais para personalizar e aprimorar sua experiência neste site. Ao continuar navegando você concorda com estas condições, detalhadas na nossa Política de Cookies de acordo com a nossa Política de Privacidade.