Criação é inspirada na obra ‘Mitologia dos Orixás’, de Reginaldo Prandi
Nascida e criada na região do Campo Limpo, a artista, ilustradora e curadora Aline Bispo retorna ao território para deixar sua contribuição. “Fiz um trabalho que para mim é uma honra: a renovação da caixa d´água [do Sesc Campo Limpo], o que me deixa muito contente, porque nasci aqui e vivi a minha vida inteira, praticamente, na região do Campo Limpo”, pontua ela.
Imagem do layout de ‘Dança de Fartura’, de Aline Bispo
Feliz por contribuir com a composição de Dança de Fartura no lugar onde nasceu, cresceu e viveu, Aline explica a respeito da inspiração no livro Mitologia dos Orixás, de Reginaldo Prandi. “Fartura não só no sentido de questões materiais, mas também nas questões de fartura quando a gente pensa em afeto, em alimento, em tudo que compõe a construção humana: esse poema fala disso”, destaca Bispo.
Reconhecida mundialmente por seus trabalhos em espaços urbanos, como as pinturas feitas em empenas – paredes sem janelas dos prédios – no Minhocão, Aline aponta que sua produção artística carrega em si sua própria história. “Me faz olhar para minha construção social, étnica, de gênero, e isso se amplia para um território que vai além do meu corpo”, salientando ainda a importância de seu extenso trabalho de pesquisa sobre as nossas múltiplas brasilidades e as composições étnicas, raciais e sociais do país.
Voltar e deixar sua marca no Campo Limpo foi uma satisfação para Aline Bispo. Foto: Juci Fernandes
A obra, que ressignifica a caixa d´água do Sesc Campo Limpo, e fica à disposição para apreciação das pessoas até dezembro deste ano, nas palavras dela, ganha o mundo e com isso, novos significados. “Acredito que a obra de arte não é mais minha, é do público, então nesse processo de troca, deixo esse desejo de fartura e levo também outros desejos de afeto junto comigo”, finaliza Aline.
Dança de Fartura, de Reginaldo Prandi (em ‘Mitologia dos Orixás)
No começo dos tempos, Olodumare criou os homens […]
Orunmilá, também chamado Obá Jeunjeum,
ou “Rei-que-Come-Alimento”, na língua dos orixás,
ofereceu-se para levar os homens ao mundo e cuidar deles la
com o gue Olodumare concordou plenamente.
Previdente, Orunmilá consultou o babalaô,
que o mandou oferecer sacrifícios antes de partir.
Ele deveria preparar sementes de legumes e tubérculos.
O ebó foi feito.
Do Orun, Orunmilá despejou essas ofertas na Terra.
Caindo no solo, as sementes germinaram, os tubérculos brotaram.
As plantas cresceram, dando folhas, frutos e sementes.
e foi com essa abundância que Orunmilá alimentou os homens.
Os seres humanos reproduziram-se e se espalharam pela Terra toda.
Reginaldo Prandi, Mitologia dos Orixás (2001)
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