Cultura se refere à ação humana material e intelectual realizada em seu meio de existência – devemos falar, portanto, em culturas! –; abrange ideias, valores, hábitos, práticas e comportamentos, além de criações e inter-relações de significados simbólicos e imaginativos. Do ponto de vista antropológico engloba os modos de ser pensar, agir, e produzir de pessoas e grupos sociais; já a abordagem sociológica enfatiza a cultura como direito de todas as pessoas. A Declaração dos Direitos Humanos (ONU, 1948) em seu artigo 27 afirma que “todos têm o direito a livremente participar da vida cultural em comunidade”.
O monopólio do pensamento branco, eurocêntrico, cristão e patriarcal, que prevaleceu ao longo de séculos em nome de um suposto propósito civilizatório, gerou distorções e privilégios. Trata-se, sobretudo, de um sistemático processo de destruição e apagamento dos saberes e fazeres de povos originários e afro diaspóricos ao redor do planeta. Tais circunstâncias (recorrentes) lançaram as bases para os mecanismos de exploração, segregação e submissão que se instalaram em vários países, incluindo o Brasil. Aos não-brancos restou a opção da assimilação ou da tentativa de resistir por meio da (re)descoberta e preservação das ancestralidades.
Nessa perspectiva, é recomendável conhecer e revisitar trajetórias pessoais e percursos históricos que foram invisibilizados nas narrativas impostas oficialmente. Trazer à tona outras referências e pontos de vista pode contribuir para reconexões, pontes e diálogos no sentido de impulsionar uma refundação do pensamento, respeitando a diversidade existente. O projeto As ensinagens negras de Aimé Césaire se insere nesse contexto. Reúne, a partir das produções desse teórico e poeta caribenho, uma série de atividades com profissionais do campo da cultura e da educação que buscam refletir e inspirar encontros sobre temas que seguem atravessando as discussões no Brasil, como colonialismo, revolução haitiana, negritude, decolonização, entre outros.
O Sesc, em consonância com os valores da responsabilidade social, abre espaços para debater publicamente questões pungentes da contemporaneidade, estimulando o juízo crítico acerca de padrões persistentes e acolhendo propostas de ampliação da participação cidadã nas diferentes esferas da sociedade. Oferecer oportunidades de aproximação, conhecimento e valorização do legado de figuras que ajudaram a estruturar as matrizes do pensamento decolonial e antirracista é manter em movimento os dispositivos que poderão permitir uma convivência mais saudável e transformadora para todas as pessoas.
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