Conheça Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro, exposição dedicada à produção de artistas negros, numa parceria inédita entre os regionais do Sesc em todo o país
25/04/2023
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Com abertura em 2 de agosto, mostra reunirá cerca de 240 artistas negros, de todos os estados do Brasil, sob curadoria de Igor Simões, em parceria com Lorraine Mendes e Marcelo Campos
A centralidade do pensamento negro no campo das artes visuais brasileiras, em diferentes tempos e lugares. Essa é uma das principais premissas que norteiam o processo curatorial da mostra Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro, a mais abrangente exposição dedicada exclusivamente à produção de artistas negros já realizada no país, que será aberta em 2 de agosto, no Sesc Belenzinho, em São Paulo. A partir de 2024, uma parte da mostra circulará em espaços do Sesc por todo o Brasil pelos próximos 10 anos.
A ideia nasceu em 2018, um projeto de pesquisa fruto do desejo institucional do Sesc em conhecer, dar visibilidade e promover a produção afro-brasileira. Para sua realização, foram convidados os curadores Hélio Menezes e Igor Simões. Em 2022, o projeto passa a ter a curadoria geral de Simões com os curadores adjuntos Marcelo Campos e Lorraine Mendes.
Pensamento Negro
A exposição apresentará ao público trabalhos em diversas linguagens artísticas como pintura, fotografia, escultura, instalações e videoinstalações, produzidos entre o fim do século XVIII até o século XXI por 240 artistas negros, entre homens e mulheres cis e trans, de todos os Estados do Brasil.
Para se chegar a esse expressivo e representativo número de artistas negros, presentes em todo o território nacional, foram abertas duas importantes frentes. Na primeira, foram realizadas pesquisas in loco em todas as regiões do Brasil com a participação do Sesc em cada estado, com o objetivo de trazer a público vozes negras da arte brasileira. Essas ações desdobraram-se em atividades e programas como palestras, leituras de portfolio, exposições, entre outros, com foco local. Vale ressaltar que esse processo teve uma atenção especial para que não se limitasse apenas às capitais do país, englobando também a produção artística da população negra de diversas localidades, como cidades do interior e comunidades quilombolas.
A equipe curatorial pesquisou obras e documentos em ateliês, portfólios e coleções públicas e particulares, para oferecer ao público a oportunidade de conhecer um recorte da história da arte produzida pela população negra do Brasil e entender a centralidade do pensamento negro na arte brasileira.
A segunda frente foi a realização de um programa de residência artística online intitulado “Pemba: Residência Preta”, que contou com mais de 450 inscrições e selecionou 150 residentes. De maio a agosto de 2022, os integrantes foram orientados por Ariana Nuala (PE), Juliana dos Santos (SP), Rafael Bqueer (PA), Renata Sampaio (RJ) e Yhuri Cruz (RJ). A residência, que reuniu artistas, educadores e curadores/críticos, contou ainda com uma série de aulas públicas com a participação de Denise Ferreira da Silva, Kleber Amâncio, Renata Bittencourt, Renata Sampaio, Rosana Paulino e Rosane Borges, disponíveis no canal do Sesc Brasil no YouTube.
Núcleos
A proposta curatorial rompe com divisões como cronologia, estilo ou linguagem. Para esta exposição de arte preta, não caberá a junção formal, estilística ou estética.
Dessa maneira, os espaços expositivos do Sesc Belenzinho contarão com sete núcleos: Romper, Branco Tema, Negro Vida, Amefricanas, Organização Já, Legitima Defesa e Baobá, que têm como referência pensamentos de importantes intelectuais negros da história do Brasil como Beatriz Nascimento, Emanoel Araújo, Guerreiro Ramos, Lélia Gonzales e Luiz Gama.
Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro
Lista de artistas participantes em ordem alfabética
Abdias Nascimento (Franca/SP, 1914 – Rio de Janeiro/RJ, 2011)
Acervo da Laje: Bruno Costa (Santa Inês/BA, 1985)
Acervo da Laje: César Bahia (Salvador/BA, 1964)
Acervo da Laje: Fernando Queiróz (Salvador/BA, 1972)
Acervo da Laje: Indiano Carioca (Afogados da Ingazeira/PE, 1947)
Acervo da Laje: Ivana Magalhães (Salvador/BA, 1974)
Acervo da Laje: José Eduardo Ferreira Santos (Salvador/BA, 1974) e Vilma Santos (Salvador/BA, 1968)
Acervo da Laje: Júlio Alvez (São Paulo/SP, 1996)
Acervo da Laje: Nailson (Alagoinhas/BA, 1970)
Acervo da Laje: Paulo Telles (Salvador/BA, 1983)
Acervo da Laje: Ray Bahia (Salvador/BA, 1954)
Acervo da Laje: Zaca Oliveira (Salvador/BA, 1970)
Afonso Pimenta – Retratistas do Morro (São Pedro do Suaçuí/MG, 1954)
Agrade Camiz (Rio de Janeiro/RJ, 1988)
Alexandre Alexandrino (Carapicuíba/SP, 1975)
Aline Bispo (São Paulo/SP, 1989)
Aline Motta (Niterói/RJ, 1974) e Dona Romana (Natividade/TO, 1941)
Alisson Damasceno (Belo Horizonte/MG, 1982)
Ana das Carrancas (Petrolina/PE, 1923-2008)
Ana Lira (Caruaru/PE, 1977)
Ana Paula Sirino (Sabinópolis, Quilombo do Torra/MG, 1997)
Anderson AC (Salvador/BA, 1979)
André Ricardo (São Paulo/SP, 1985)
André Vargas (Cabo Frio/RJ, 1986)
Annia Rízia (Salvador/BA, 1992)
Antonio Bandeira (Fortaleza/CE, 1922-1967)
Antonio Obá (Ceilândia/DF, 1983)
Antonio Rafael Pinto Bandeira (Niteroi/RJ, 1863 – Rio de Janeiro/RJ, 1896)
Antonio Tarsis (Salvador/BA, 1995)
Ariana Nuala (Recife/PE, 1993)
Arjan Martins (Rio de Janeiro/RJ, 1960)
Arthur Bispo do Rosário (Japaratuba/SE, 1909 – Rio de Janeiro / RJ, 1989)
Arthur Timótheo da Costa (Rio de Janeiro/RJ, 1882-1922)
Ateliê Izabel Mendes: Andreia Pereira Andrade (Santana do Araçuaí/MG, 1981)
Ateliê Izabel Mendes: Glória Maria Andrade (Santana do Araçuaí/MG, 1957) e João Pereira (Santana do Araçuaí / MG, 1953)
Madalena Santos Reinbolt (Vitória da Conquista/BA, 1919 – Petrópolis/RJ, 1977)
Manuel Messias (Aracaju/SE, 1945 – Rio de Janeiro/RJ, 2001)
Manuel Querino (Santo Amaro/BA, 1851-1923)
Manuela Navas (Jundiaí/SP, 1996)
Marcel Diogo (Belo Horizonte/MG, 1983)
Marcela Bonfim (Jau/SP, 1983) e Dani Guirra (Rondonópolis/MT, 1985)
Marcos Dutra (Pequizeiro/TO, 1976)
Marcos Siqueira (Serra do Cipó/MG, 1989)
Marcus Deusdedit (Belo Horizonte/MG, 1997)
Maré de Matos (Governador Valadares/MG, 1987)
Marga Ledora (São Paulo/SP, 1959)
Maria Auxiliadora (Campo Belo/MG, 1938-1974)
Maria de Almeida (Sorocaba/SP, 1909-1991)
Maria Lídia Magliani (Pelotas/RS, 1946-2012)
Maria Lira Marques (Araçuaí/MG, 1945)
Maria Macêdo (Uitaiúis-Lavras da Mangabeira/CE, 1996)
Mariana Rocha (Rio de Janeiro/RJ, 1988)
Massuelen Cristina (Sabará/MG, 1992)
Mateus Moreira (Belo Horizonte/MG, 1996)
Matheus Marques Abu (Rio de Janeiro/RJ, 1997)
Mauricio Igor (Belém/PA, 1995)
Mestre Antonio de Bastião (São Benedito do Capivari /MG, 1945)
Mestre Didi (Salvador/BA, 1917-2013)
Mestre Valentim (Serro/MG, 1745 – Rio de Janeiro, RJ, 1813)
Miguel Afa (Rio de Janeiro/RJ, 1980)
Mika (Teresina/PI, 1994)
Mina Ribeirinha (Belém/PA, 1983)
Mitti Mendonça (São Leopoldo/RS, 1990)
Moisés Patricio (São Paulo/SP, 1984)
Monica Ventura (São Paulo/SP, 1985)
Mulambö (Saquarema/RJ, 1995)
Nádia Taquary (Salvador/BA, 1967)
Napê Rocha (Vila Velha/ES, 1991)
Natan Dias (Vitória/ES, 1990)
No Martins (São Paulo/SP, 1987)
Noemisa Batista dos Santos (Caraí/MG, 1947)
Odaraya Mello (Rio de Janeiro/RJ, 1993)
Òkun (Goiânia/GO, 2000)
Pablo Figueiredo (São João Batista/MA, 1999)
Pamela Zorn (Três Coroas/RS, 1998)
Pandro Nobã (Rio de Janeiro/RJ, 1984)
Panmela Castro (Rio de Janeiro/RJ, 1981)
Paula Duarte (Juiz de Fora/MG, 1990)
Paulo Chimendes (Rosário do Sul/RS, 1953)
Paulo Nazareth (Governador Valadares/MG, 1977)
Pedro Neves (Imperatriz/MA, 1997)
Priscila Rezende – Belo Horizonte/MG, 1985)
Quilombo do Campinho – Adilsa Conceição Martins (Paraty/RJ, 1956)
Quilombo do Campinho – Ismael Alves Conceição (Paraty/RJ, 1954)
Quilombo do Campinho – Nelba Brasilicia (Rio de Janeiro/RJ, 1964)
Quilombo Pedra D’Água: Rendas de Ofício – Marlene Leopoldino Vital (São João do Tigre/ PB, 1970)
Quilombo Pedra D’Água: Labirinteiras – Dona Maria Marta (Ingá/PB, 1962), Maria de Lourdes Ferreira dos Santos (Serra redonda/PB, 1969), Severina Francisca da Silva Pereira (Ingá/PB, 1965), Lidiane Saturnino da Silva (Massaranduba/PB, 1998), Maria Helena Duarte de Lemos (Ingá/PB, 1993)
Rafael Bqueer (Belém/PA, 1992)
Rafael da Luz (Belém/PA, 1988)
Rafael LaCruz (Belo Horizonte/MG, 1991)
Rafael Simba (Rio de Janeiro/RJ, 200)
Rebeca Carapiá (Salvador/BA, 1988)
Renan Soares (São Paulo/SP, 1995)
Renan Teles (São Paulo/SP, 1986)
Renata Felinto (São Paulo/SP, 1978)
Renata Sampaio (Rio de Janeiro/RJ, 1988)
Rommulo Conceição (Salvador, BA, 1968)
Rona (Rio de Janeiro/RJ, 1968)
Ros4 Luz (Gama/DF, 1995)
Rosana Paulino (São Paulo/SP, 1967)
Rubem Valentim (Salvador/BA, 1922-1991)
Samara Paiva (Maués/AM, 1995)
Santídio Pereira (Curral Comprido/PI, 1996)
Sérgio Adriano H (Joinville/SC, 1975)
Sérgio Vidal (Rio de Janeiro/RJ, 1945)
Seu Valentim Conceição (Quilombo do Campinho da Independência, Paraty/RJ, 1925-2023)
Sheyla Ayo (Guarulhos/SP, 1977)
Sidney Amaral (São Paulo/SP, 1973-2017)
Silvana Mendes (São Luís/MA, 1991)
Silvana Rodrigues (Porto Alegre/RS, 1986)
Silvio Nunes Pinto (Viamão/RS, 1940-2005)
Sonia Gomes (Caetanópolis/MG, 1948)
Sunshine Castro (São Luís/MA, 1987)
Sy Gomes (Eusébio/CE, 1999)
Tadáskía (Rio de Janeiro/RJ, 1993)
Talles Lopes (Guarujá/SP, 1997)
Thiago Costa (Bananeiras/PB, 1992)
Tiago Gualberto (Contagem/MG, 1983)
Tiago Sant’Ana (Salvador/BA, 1990)
Ton Bezerra (Cedral/MA, 1977)
Ueliton Santana (Rio Branco/AC, 1981)
Uiler Costa-Santos (Salvador/BA, 1983)
Ulisses Arthur (Viçosa/AL, 1993)
Ulisses Mendes (Itinga/MG, 1955)
Valdir Rodrigues (Januária/MG)
Ventura Profana (Salvador/BA, 1993)
Vera Ifaseyí (Boa Vista/RR, 1958)
Vicente de Paula Silva (Campo Belo/MG, 1930-1980)
Vitória Cribb (Rio de Janeiro/RJ, 1996)
Vitória Vatroi (Recife/PE, 1989)
Waleff Dias (Macapá/AP, 1993)
Walla Capelobo (Congonhas/MG, 1992)
Wallace Pato (Rio de Janeiro/RJ, 1994)
Walter Firmo (Rio de Janeiro/RJ, 1937)
Wilson Tibério (Porto Alegre/RS, 1920-2005)
Yêdamaria (Salvador/BA, 1932-2016)
Yhuri Cruz (Rio de Janeiro/RJ, 1991)
Zimar (Matinha/MA, 1959)
Sobre os curadores
Igor Simões
É doutor em Artes Visuais-História, Teoria e crítica da Arte-PPGAV-UFRGS e Professor Adjunto de História, Teoria e Crítica da arte e Metodologia e Prática do ensino da arte (UERGS). Foi Curador adjunto da Bienal 12 (Bienal do Mercosul – Curadoria do educativo). É membro do comitê de curadoria da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (Anpap), do Núcleo Educativo UERGS-MARGS e do comitê de acervo do Museu de Arte do RS-MARGS. Trabalha com as articulações entre exposição, montagem fílmica, histórias da arte e racialização na arte brasileira e visibilidade de sujeitos negros nas artes visuais. É autor da Tese Montagem Fílmica e exposição: Vozes Negras no Cubo Branco da Arte Brasileira e Membro do Flume – Grupo de Pesquisa em Educação e Artes Visuais. Tem mantido atividades na área de formação e debate sobre arte brasileira e racialização em instituições como MASP, Instituto Itaú Cultural, Instituto Moreira Salles, MAC/USP. Atualmente é curador do projeto “Dos Brasis”-Arte e Pensamento Negro” do Sesc.
Lorraine Mendes
Lorraine Mendes é graduada em Artes e Design pela UFJF, mestra em História pela mesma instituição e atualmente é doutoranda em História e Crítica da Arte no PPGAV-UFRJ, onde desenvolve sua pesquisa sobre as representações do negro e da negritude na história da arte branco-brasileira e os projetos de Nação, realizando uma revisão do arquivo de imagens que formam a ideia de Brasil a partir da agência poética negra contemporânea. Inicia-se na docência no ano de 2017, tendo sido professora substituta do Departamento de Teoria e História da Arte da EBA-UFRJ entre 2019 e 2021. Tem realizado curadorias em feiras, galerias e instituições de arte nacionais e internacionais como desdobramentos de sua pesquisa.
Marcelo Campos
Marcelo Campos nasceu, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Professor Associado do Departamento de Teoria e História da Arte do Instituto de Artes da UERJ. Curador Chefe do Museu de Arte do Rio. Foi diretor da Casa França-Brasil, entre 2016 e 2017. Foi professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Membro dos conselhos dos Museus Paço Imperial (RJ); Museu Bispo do Rosário de Arte Contemporânea (RJ). Doutor em Artes Visuais pelo PPGAV da Escola de Belas Artes/ UFRJ. Possui textos publicados sobre arte brasileira em periódicos, livros e catálogos nacionais e internacionais. Em 2016, lança Escultura Contemporânea no Brasil: reflexões em dez percursos. Salvador: Editora Caramurê, incluindo parte significativa da produção moderna e contemporânea brasileira, em um levantamento de mais de 90 artistas. Realiza curadoria de exposições, desde 2004, em diversas instituições no Brasil, com mais de cem curadorias, até o momento, dentre as quais, destacam-se: Sertão Contemporâneo, na Caixa Cultural, em 2008, Rio de Janeiro e Salvador; Efrain Almeida: Uma pausa em pleno vôo, no MAM/BA, em 2016; Bispo do Rosário, um canto, dois sertões, no Museu Bispo do Rosário de Arte Contemporânea, em 2015. Além da produção citada, as matrizes africanas e afro-brasileiras são pesquisadas em exposições, como, Orixás, Casa França Brasil, 2016; O Rio do Samba: resistência e reinvenção, Museu de Arte do Rio (MAR), 2018, Casa Carioca, MAR, 2020, Crônicas Cariocas, Museu de Arte do Rio (MAR), 2021; Um defeito de Cor, MAR, 2022. Além das citadas, curou as exposições individuais de Aline Motta, Mulambö, Bqueer, Ayrson Heráclito no Museu de Arte do Rio (MAR). Em 2018, uma grande exposição atualizou o mapeamento da região Nordeste, incluindo pesquisa e trabalho de campo em todos os estados da região, junto com os curadores Clarissa Diniz e Bitú Cassundé, resultando numa mostra de grande porte no Sesc 24 de Maio, em São Paulo. Atualmente, coordena pesquisas sobre artistas afrodescendentes no Projeto de extensão, Arte e Afrobrasilidade da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
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