Detalhe da exposição A Arquitetura Política de Lina Bo Bardi
No ano do centenário de Lina Bo Bardi, o Sesc Pompeia presta homenagem à arquiteta com duas exposições: uma abordando seus três relevantes projetos arquitetônicos e outra apresentando sua obra como artista gráfica
O MASP (São Paulo-SP) e seu vão, cuja proposta é conectar museu e cidade através da calçada; o Sesc Pompeia (São Paulo-SP) e sua rua central, cuja linearidade permite encontros culturais insuspeitos, ou ainda o Solar do Unhão (Salvador-BA), elo entre nosso passado colonial e a intervenção imigrante do século XX. Três projetos que têm a mão e a concepção criadora de Lina Bo Bardi. No entanto, a arquitetura era apenas uma de suas facetas.
Ao longo de seus 77 anos de vida, a italiana também atuou como ilustradora, programadora visual e artista gráfica, trabalhos que a fizeram transitar pelo mercado editorial. Para desvendar essas e outras facetas, o Sesc Pompeia realiza A Arquitetura Política de Lina Bo Bardi e Lina Gráfica, duas exposições com enfoques diferentes a cerca de sua obra, porém ligadas em conteúdo e espaço físico. Uma união simbólica que explicita ao mesmo tempo a multiplicidade e a evolução do trabalho de Lina.
Com curadoria dos arquitetos André Vainer e Marcelo Ferraz – colaboradores da artista à época -, a exposição A Arquitetura Política de Lina Bo Bardi aborda três grandes projetos arquitetônicos de forte inserção sociocultural: Solar do Unhão (em Salvador-BA), MASP (Museu de Arte de São Paulo) e Sesc Pompeia. São três trabalhos para museus e centros culturais pautados na convivência humana, na programação cultural e no uso que se faz dessas arquiteturas.
A dupla – que trabalhou 15 anos com Lina – concluiu que um recorte da obra política era o mais interessante para ser apresentado no centenário. “Sempre pensamos essa exposição no Sesc Pompeia. Talvez o Pompeia tenha sido o projeto em que Lina pôde ir mais longe com suas ideias e conceitos, concretizando um trabalho que perdura por 30 anos e que continua impecável como obra, mantendo um grande grau de respeito ao seu pensamento”, concordam André Vainer e Marcelo Ferraz.
A Arquitetura Política de Lina Bo Bardi busca elementos em todos os locais onde a arquiteta teve atuação, no Brasil e no exterior. Conta com estudos, plantas, projetos, material fotográfico de acervo e documentos relacionados a cada uma das três obras. O público terá, essencialmente, desenhos originais de Lina produzidos para estes projetos, textos originais e fotografias de como o Sesc, o Solar e o MASP estão atualmente e como eram anteriormente, na época de sua atuação.
As obras estão ligadas a três tempos distintos na vida política brasileira. No vídeo a seguir Marcelo Ferraz conta um pouco sobre o elo entre os projetos:
Exemplo dessa associação de simplicidade, sofisticação, rigor e poesia é o Teatro do Sesc Pompeia, construído a partir de um rústico galpão fabril e destinado a receber complexas montagens. André Vainer nos conta um pouco sobre como o projeto foi concebido:
Sob a curadoria de João Bandeira e Ana Avelar, a exposição Lina Gráfica reúne ilustrações, desenhos originais, cartazes e outros tipos de ilustrações não arquitetônicas, além de projetos no âmbito do design gráfico, realizados por Lina Bo Bardi entre as décadas de 1940 e 1980, na Itália e no Brasil, ainda que por menos tempo trabalhando no ramo.
Trata-se de uma exposição inédita, com concepção dedicada completamente à sua vertente gráfica. João Bandeira e Ana Avelar se preocuparam em escolher desenhos e exemplos de design gráfico, incluindo projetos não publicados, que melhor representassem as ideias de Lina nessa área. O material foi selecionado segundo critérios de referência estética, temática e histórica.
O trabalho preparatório para a exposição Lina Gráfica levou cerca de um ano e meio, envolvendo o levantamento bibliográfico e o seu estudo; contatos com estudiosos da trajetória de Lina na Itália e no Brasil; pesquisa com as obras, principalmente no Instituto; o desenvolvimento da concepção curatorial e a escolha dos trabalhos a serem expostos.
Tomando contato com a vasta quantidade de desenhos não arquitetônicos e de projetos de design gráfico da arquiteta, João Bandeira notou que havia ali uma produção de significativa qualidade formal, embora ainda pouco conhecida e discutida em sua extensão. Convidou Ana Avelar para iniciarem uma pesquisa do material e, juntos, constataram que a produção era não apenas quantitativa, mas também diversificada.
O acervo foi pesquisado na Casa de Vidro, sede do Instituto Lina Bo e P. M. Bardi. No vídeo a seguir, João Bandeira fala sobre o enfoque do trabalho:
A exposição traz também uma série de exemplos do trabalho de Lina como programadora visual: de publicações; de cartazes para filmes, peças de teatro e outros eventos; do variado material impresso que realizou quando dirigiu o MAM-BA e de ícones para a sinalização de espaços determinados do MASP e do Sesc Pompeia, ou, ainda, dos logotipos que criou para estas instituições. Há materiais como o pôster que Lina fez para a exposição Mil Brinquedos para a Criança Brasileira, no Pompeia.
Para Ana Avelar, na exposição é possível observar que o trabalho gráfico de Lina, não foi sobreposto por sua atuação como arquiteta. Pelo contrário, é complementado por este:
o que? | A Arquitetura Política de Lina Bo Bardi e Lina Gráfica |
Quando? | De 8 de Outubro a 14 de dezembro |
Onde? | Sesc Pompeia |
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