Ativismo e descontração: Boteco da Diversidade discute pautas sociais em clima de mesa de bar

15/12/2022

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Projeto do Sesc Pompeia reune artistas e ativistas no espetáculo. A partir da pandemia, especial passou também para formato de vídeo e já conta com 15 edições no YouTube

O Boteco da Diversidade, programação regular do Sesc Pompeia desde 2017, tem como objetivo debater e ampliar a visibilidade política e artística de ações e assuntos ligados aos temas da diversidade cultural e da defesa dos direitos humanos, por meio de experimentos cênicos. Durante o período de isolamento social, a atividade se adaptou ao ambiente virtual e convidou artistas, coletivos e ativistas para a produção de vídeos com temas atuais e de interesse público.

“Pandemia e Desigualdade” foi o assunto do primeiro encontro digital, com reflexões sobre as condições de desigualdade da população e os impactos sociais ocasionados pela pandemia do novo coronavírus. “O corpo é uma festa” discute os caminhos que as mulheres vêm encontrando para tomar posse da própria sexualidade como forma de empoderamento e de enfrentamento do machismo. As artistas convidadas debatem sobre a hipersexualização e a objetificação, o que afeta sobretudo os corpos de mulheres lésbicas, negras, indígenas e trans.

“Racialidade Transviadas” tem como protagonistas as bichas pretas, aquelas que fogem dos padrões estéticos e estereótipos impostos ao homem negro e à pessoa LGBTQI e se propõem abarcar diversas formas de pensar raça e sexualidade que não se reduzam às normas de uma sociedade heteronormativa.

“Guardiãoes da Florestas” celebra a força dos povos indígenas e adefesa dos rios, das matas e florestas!. , “Racismo e Violência” discute a segurança pública sob um viés racial e a relação do Estado com corpos negros. “Fome” propõe uma reflexão sobre a insegurança alimentar no Brasil, que já assola mais da metade da população.

“Crise do Cuidado” aborda os trabalhos de cuidado na sociedade ainda recaem de maneira intensa e desproporcional sobre as mulheres, sobretudo as negras. “Amefricanizando o Feminisno” se debruça sobre o feminismo a partir da luta das mulheres negras latino-americanas e caribenhas. “Comer, ato político” fala sobre a comida numa perspectiva política, abordando aspectos históricos, sociais e políticos da alimentação. Esta edição também pretende discutir o modelo de produção de alimentos baseado no agronegócio, bem como as saídas para uma alimentação mais saudável e sustentável.

“Caça às Bruxas” se propõe a examinar a distribuição desigual de justiça entre os gêneros e reflete como o machismo e o racismo estruturais atravessam o imaginário coletivo, produzindo crenças que constroem a hierarquização dos corpos. “Amor e outros Afetos” reflete sobre a idealização do chamado amor romântico e da construção social que dita a exigência de se ter um par e de formar uma “família tradicional”. Propõe também discutir outras possibilidades de pensar e viver os afetos.

No mês da Consciência Negra, o Boteco apresentou o tema: “Negro é lindo”, com uma reflexão sobre o corpo e o cabelo como símbolos de resistência no processo de formação da identidade das pessoas negras. Assim, afirmar que o negro é lindo é trabalhar na desconstrução de padrões de beleza que exaltam a estética da branquitude e inferiorizam as características naturais da pessoa negra: traços do corpo, textura do cabelo entre outros.

Com a retomada as atividades presenciais, em abril de 2022, o público compareceu à Comedoria para celebrar o retorno do Boteco da Diversidade com a edição “Afrodiáspora“, que levou ao palco atrações artísticas e falas de ativistas que rememoram o processo de travessia forçada de povos africanos ao Brasil no período da escravidão. O mar teve papel central por carregar um grande simbolismo por conta das navegações que trouxeram pessoas negras para serem escravizadas de forma violenta.

Em seguida, o projeto falou sobre “Direito à Moradia”. Com foco no contexto urbano no Brasil, a atividade partiu do princípio de que onde e como se mora implica diretamente no acesso, ou na falta dele, a outros direitos e à cidadania. A edição pautou a extrema vulnerabilidade das pessoas em situação de rua e o aumento expressivo dessa população, que cresceu 31% nos últimos dois anos em São Paulo, segundo o Censo realizado pela Prefeitura. O Boteco da Diversidade refletiu sobre como as condições precárias ou a completa falta de local para morar afetam de maneira particular as pessoas negras e a população LGBTQIAP+, sobretudo pessoas trans e travestis, além da importância da luta organizada pelos movimentos de moradia.

Em “Beleza sem Padrão”, as convidadas discutiram as diversas maneiras que a pressão estética, calcada nas opressões estruturais explicitadas pela sociedade, como machismo, etarismo, gordofobia, capacitismo, transfobia, afetam as mulheres e seus diferentes corpos.

“África não é um país”, realizado em novembro de 2022, foi o tema do último Boteco, que em breve estará disponível junto às demais edições em youtube.com/sescpompeia.

Assista ao Boteco da Diversidade:

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