Foto em PB de Billy Saga em uma cadeira de rodas, com vários prédios ao fundo. Foto: Atila Rodrigues
A história de vida, superação e coragem do rapper Billy Saga para seguir em frente na luta pela sensibilização da sociedade sobre os direitos das pessoas com deficiência
Nascido e criado na periferia de São Paulo, Willian Coelho, mais conhecido como Billy Saga, vem conquistando o mundo com a sua música. Com quase 20 anos de carreira, o rapper já fez shows em Londres, Bristol, Newcastle e por várias cidades do Brasil, dividindo o palco com nomes como Emicida, Sandrão RZO e DJ Cia. O nome artístico se construiu em duas etapas: já era conhecido por Billy, apelido dado pelo pai desde criança e Saga foi o nome do seu primeiro projeto musical. A partir daí todos começaram a chamá-lo de Billy Saga. A combinação ficou tão perfeita que resolveu adotar o nome artístico em definitivo.
A música sempre fez parte da sua vida. Aprendeu com o pai, que gostava de samba enredo e samba de raiz, mas aos 14 anos, quando escutou Racionais MC´s pela primeira vez, foi quando despertou sua paixão pelo RAP. “Aprendi o poder que o RAP tinha, não só como arte, mas como poder político, lutar por uma causa e defender grupos minorizados”, lembra.
No ano de 1998 sua vida mudou completamente depois que uma viatura da Polícia Militar que passou no semáforo vermelho atingiu sua moto.
Após ter adquirido a deficiência, aos 20 anos, conheceu outras pessoas cadeirantes. Segundo Billy, eles comentavam que as dores e as dificuldades eram muito parecidas e tinham que fazer alguma coisa para mudar. Foi aí que surgiu a ONG Movimento SuperAção, uma ação cultural de sensibilização da sociedade por meio de eventos nas principais avenidas das maiores capitais do país e do mundo, levando música, entretenimento e o debate o sobre a inclusão das pessoas com deficiência.
Saga faz canções que denunciam a falta de inclusão no Brasil e as dificuldades sobre a mobilidade de São Paulo. Longe do vitimismo, suas músicas estimulam as pessoas com deficiência a se aceitarem. “Hoje, depois de quase 20 anos de RAP, a mensagem que a minha arte quer passar é que tudo é possível. Seja o que for, o seu sonho é possível. Siga em frente, acredite no seu sonho, desde que você seja o máximo possível humano, fraterno, generoso e genuíno. Eu acho que esse é o escopo da minha mensagem atualmente”, explica.
“A cidade ideal seria a cidade que todo mundo tivesse no game de igual para igual, que eu pudesse chegar aonde as pessoas comuns chegam”
Na música “Abelha Africana”, o rapper desabafa: “O ‘bagulho’ tá doido, doido memo e a sociedade ainda tá cega. O governo ignora e alega que não tem verba”. Segundo ele, uma parcela da sociedade não tem o direito e ir e vir, não tem o básico que é circular pela sociedade. Ainda precisa de melhorias em saúde, educação e na atitude das pessoas. “A cidade ideal seria a cidade que todo mundo tivesse no game de igual para igual, que eu pudesse chegar aonde as pessoas comuns chegam, a gente não pede nada a mais que isso. Eu não quero assistencialismo, eu não quero que me coloquem no papel de super-herói e de exemplo de vida”, afirma.
Para 2020 ele tem novidade: um novo EP chamado “Ambigrama”. Com cinco músicas prontas e um clipe em andamento, a previsão de lançamento é para o primeiro semestre.
Além de músico, Willian é publicitário e trabalha numa empresa de telefonia móvel. Ele é responsável pela área de diversidade e cuida dos eixos: pessoas com deficiência, raça, etnia, gênero, gerações e LGBTI+, com projetos sendo conduzidos em todo o Brasil.
O show do cantor acontecerá no Sesc Campo Limpo, no dia 1° de dezembro, às 17h. “Eu espero fazer o melhor show da minha vida e passar minha mensagem, que chegue no coração e na mente das pessoas que tiverem assistindo. E se eu conseguir sensibilizar uma, duas, três pessoas, cem ou quantas forem eu saio feliz”, finaliza.
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