As raízes do bairro onde está localizado o Sesc 14 Bis evidenciam uma fusão de identidades culturais
Localizada no Centro de São Paulo, a Bela Vista teve suas origens na chamada Chácara do Bexiga. Hoje, essa faixa de terra compreende as avenidas Brigadeiro Luís Antônio, Avenida Paulista e Praça da Bandeira.
Inicialmente, era uma região rural e ponto de passagem para quem vinha de Santo Amaro e Itapecerica para abastecer a população local. O nome Bexiga, que tornou-se Bixiga, vem do apelido de Antônio José Leite Braga, proprietário das terras até 1870, conhecido pelo rosto marcado pela varíola.
Renomeado Bela Vista no ano de 1910, o bairro é um território conhecido pelos teatros, museus, bares, cantinas, praças, projetos sociais, festas, feiras, livrarias e outros espaços culturais, que trabalham pela manutenção da memória, das tradições e do valor histórico e artístico da região.
Samba, gastronomia, carnaval e teatro. Hoje em dia, esses elementos podem ser os primeiros que vêm à mente quando se pensa na região, e para entender o porquê vamos voltar no tempo e conhecer um pouco mais sobre essa história construída por muitos povos.
Indígena – O Bixiga fez parte da rota indígena “Peabiru”, que ligava o Campo do Guarê (atual Luz) à aldeia Jeribatiba (margens do Rio Pinheiros), passando pelo Vale da Saracura, nome dado ao local pelos indígenas por conta das árvores à beira dos rio. Essa presença está marcada em nomes de ruas do bairro, como Itapeva, Jaceguai e Japurá.
Quilombola – Território negro fundamental para a história da cidade e do Brasil, entre os séculos 19 e 20 o Saracura foi casa para pessoas escravizadas que escapavam das fazendas ou de feiras realizadas no Vale do Anhangabaú, onde eram colocados à venda.
Foi ali, que em 1930, foi criado o cordão carnavalesco Vae-Vae, que deu origem à tradicional escola de samba Vai-Vai.
Europeu – Por volta de 1878, o anúncio do loteamento de vários terrenos interessou os imigrantes italianos, pobres e recém-chegados ao Brasil, a maior parte deles vindos da Calábria. A possibilidade de recriar os ambientes da Itália numa cidade em transformação, tornou-se mais atraente do que o trabalho nas lavouras de café do interior paulista. Assim, estabeleceu-se uma comunidade, que investiu em ações culturais, desde a gastronomia ao teatro.
Norte e Nordeste – A partir dos anos 50, migrantes da regiões Norte e Nordeste do país começam a buscar melhores condições de vida em São Paulo. Aos poucos, a possibilidade de moradia próximo aos centros econômicos da cidade fez do Bixiga o ponto ideal para estabelecimento dessa comunidade.
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