Carolinas, Marias, Mahins, Marielles, malês. Exposição narra o Brasil de Carolina Maria de Jesus

28/02/2023

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Mulher negra e artista emancipada, símbolo de resistência e de luta política e cultural para o país: assim é apresentada a escritora na exposição “Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os brasileiros”, em cartaz até 12 de março de 2023 no Sesc Rio Preto.  

Com curadoria de Hélio Menezes e Raquel Barreto, a mostra foi concebida pelo Instituto Moreira Salles, primeiro lugar onde fez morada, e é resultado de um enorme esforço para destacar a grandeza de Carolina Maria de Jesus para além da “escritora favelada”, personagem criada pela imprensa da época. A exposição também passou pelo Sesc Sorocaba no ano de 2022.

Hélio Menezes e Raquel Barreto. Foto: Vivian Gradela
Foto: Vivian Gradela
Foto: Vivian Gradela

Protagonista importante da história do Brasil, embora invisibilizada muitas vezes, a autora mineira tem um papel particularmente significativo para a história da população negra brasileira e se tornou internacionalmente conhecida com a publicação de seu livro “Quarto de Despejo”, em 1960.

Além de apresentar ao público sua produção autoral e destacar facetas pouco conhecidas de sua criação através de fotografias, manuscritos, vídeos, material documental e excertos de seus textos, a mostra reúne também um conjunto de obras de arte contemporânea que tangenciam e dialogam com vida e obra de Carolina. Um conjunto que reforça a importância de Carolina como intérprete do Brasil, imprescindível para se compreender a realidade do país.

Foto: Vivian Gradela
Foto: Vivian Gradela
Foto: Vivian Gradela
Foto: Vivian Gradela
Foto: Vivian Gradela
Foto: Vivian Gradela

“UM BRASIL PARA OS BRASILEIROS”

Carolina atribui a frase que dá título à exposição a Rui Barbosa e em sua obra homônima ela reflete sobre o que seria esse Brasil e quem seriam esses brasileiros, visto que sua visão de mundo e vivências se distanciam muito da do autor da frase, homem branco e rico.

Foto: Vivian Gradela

Na mostra, o Brasil que se constrói a partir da reflexão de Carolina tem sua história recontada por meio de obras como a bandeira brasileira criada por Leandro Vieira para o desfile da Mangueira de 2019. Apresentada ao lado de um grande estandarte com o rosto de Carolina, a obra trazia, no lugar do lema “Ordem e progresso”, o protagonismo de indígenas, negros e pobres. A escola foi campeã daquele ano com o enredo “História pra ninar gente grande”, que se muito aproxima das ideias de Carolina, como podemos ver no trecho: 

“Brasil, meu nego
Deixa eu te contar
A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra

Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês”

Para além da exposição, o Selo Sesc lançou o álbum Bitita – As composições de Carolina Maria de Jesus que recupera a obra musical da escritora (e compositora!). No álbum digital, o protagonismo está nas vozes e no batuque. A responsável pela produção de Bitita é Sthe Araujo. Segundo ela, a ideia é a de retomar tradições musicais como cantos de trabalhos e sagrados, em que a melodia é conduzida diretamente pela voz, contando também com o coro formado por homens. Você pode escutá-lo nas principais plataformas de áudio e no Sesc Digital.

Saiba mais sobre o lançamento aqui.

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