Quem circula pelas galerias do centro de São Paulo tem grandes chances de se encontrar com “raridades” quando o assunto é disco de vinil. Esse é um dos rolês queridos de Walter Bertotti, designer no Sesc 24 de Maio, que frequentemente garimpa LPs para sua coleção. Foi durante as visitas às lojas de discos que ele acumulou referências para a criação do projeto gráfico de 74/24 – Meio Século de Discos Históricos.
Além de celebrar importantes álbuns da música brasileira que completam 50 anos com releituras criativas feitas por artistas contemporâneos, 74/24 – Meio Século de Discos Históricos também homenageia visualmente a cultura do disco de vinil, com um material que simula um encarte recheado de envelopes e pôsteres.
Walter, que é responsável pela criação da identidade visual do projeto, explica que a ideia inicial foi criar um material que tivesse vida além dos shows. O conteúdo reúne textos de especialistas em música, que exploram os discos homenageados e os artistas responsáveis pelas releituras, além de pôsteres colecionáveis inspirados nas capas originais dos álbuns. Cada edição contou com um ilustrador convidado: Patrícia Mulé Colagista em 2022, Thaís Regina em 2023 e Antônio Cigania em 2024.
Para o desenvolvimento da capa, o designer conta “Eu pensei: a gente não consegue fazer um recorte para a capa escolhendo apenas um disco, mas o conceito de uma coletânea cai como uma luva para este projeto!”. Muitas coletâneas de gravadoras antigas, como CBS e Fontana, costumavam ter faixas coloridas que distinguiam a seleção de músicas. Com isso em mente, definiu a paleta de cores a partir das capas dos discos homenageados. O verso também reproduz a estrutura dos discos substituindo a lista de músicas, pelas informações dos shows em cada faixa.
Utilizar esse formato trouxe alguns desafios técnicos. Durante a prototipagem, Walter percebeu que não seria possível executar o projeto sem algumas adaptações. Foi aí que surgiu a ideia de usar um tipo de recorte vazado no centro, que permitiu acomodar de seis a sete programas de shows mantendo de formato de disco.
Apesar do material estar disponível para o público, ele não teve a saída esperada no início. A equipe observou o comportamento dos frequentadores para entender o que dificultava a distribuição e percebeu que o plástico que embalava a peça passava a impressão de que o material estava à venda, afastando algumas pessoas. Ao retirar a embalagem, o engajamento do público aumentou significativamente.
Walter compartilhou sua satisfação quando viu o público explorando o material e imaginou os pôsteres ganhando espaço nas paredes de suas casas. Ao unir música, memória e design gráfico, ele traz um símbolo de outras épocas que vem renovando sua relevância no presente. Como ele mesmo confessa: “Eu gosto muito desse mundo de vinil, de disco, então, pra mim, foi um prato cheio!”.
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