No fim dos anos 60, em meio a um período turbulento da história brasileira, um grupo de artistas baianos deu início a uma revolução cultural sem precedentes. De ouvidos igualmente abertos para os sons nativos de sua terra e para os acordes produzidos pelos rockeiros ingleses e americanos, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Gal Costa balançaram a estrutura conservadora da cena musical, em uma época que os Festivais dominavam as paradas e ditavam as regras do que era boa música no Brasil.
Os chamados de Tropicalistas, movimento que posteriormente se expandiu para abrigar outras manifestações artísticas como poesia e artes visuais, foram pioneiros em mesclar essas influências para produzir uma linguagem completamente distinta de tudo que existia até então.
No entanto, o país vivia o auge da repressão militar, traduzida de maneira nefasta no famigerado Ato Institucional nº 5 de 1968, e, a Tropicália, cuja natureza já era efêmera e pop, teve sua trajetória abreviada pelos exílios de Gil e Caetano, em 1969, e pelo suicídio, em 1972, do poeta piauiense Torquato Neto. No entanto, a semente já estava na terra e produziu frutos imediatos. Seu legado, de alguma forma, foi compartilhado, estendido e até mesmo negado, pela geração seguinte. Psicodélicos pernambucanos, novos baianos e o pessoal do Ceará entram em cena em um mercado fonográfico aquecido e atento aos fenômenos regionais. Chegam os anos 70, com sua diversidade de sonoridades e discursos! Compositores, instrumentistas e poetas cujas temáticas tratavam da mesma maneira lírica o carnaval de Salvador e as crônicas da arribação e da seca.
A seleta Nordeste Elétrico pretende, justamente, relembrar esse recorte e celebrar esses encontros fortuitos. Zabumba e guitarra elétrica, pífano e sintetizador, afoxé e contrabaixo, ciranda e distorção: uma playlist pra registrar as múltiplas tradições nordestinas e como estas absorveram (de bom grado) o rock, a psicodelia e o pop para criar diferentes linguagens musicais, ao longo dos últimos 50 anos.
Bota aí pra tocar no seu player preferido!
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