O álbum Clarice Clarão chega às plataformas de streaming, ao Sesc Digital e nas Lojas Sesc como uma realização do Selo Sesc em homenagem ao centenário da escritora Clarice Lispector. Ele é fruto do projeto de Beatriz Azevedo a partir de um convite da Princeton University, feito em 2020. À época Beatriz criou o espetáculo Now Clarice, apresentado ao lado de Moreno Veloso, Jaques Morelenbaum e Marcelo Costa e participação especial de Maria Bethânia.
Clarice Clarão, produzido por Beatriz Azevedo e Moreno Veloso, integra uma série de ações e programas do Sesc São Paulo de valorização da cultura brasileira e divulgação de artistas nacionais. No disco, Beatriz e Moreno reúnem música, teatro e poesia para construir uma narrativa em contato com a obra da escritora. A dupla assina a produção musical do álbum que conta com composições de Adailton Poesia, Beatriz Azevedo, Caetano Veloso, Carlos Pinto, Deni Domenico, Moreno Veloso, Oswald de Andrade, Torquato Neto, e Valter Farias, além de trechos de textos de Clarice declamados por Maria Bethânia. As pinturas e desenhos que compõem o projeto visual do álbum e as capas dos singles são assinados pela artista plástica e filósofa Marcia Tiburi.
Os shows de lançamento acontecem no Sesc Avenida Paulista, dias 03 e 04 de agosto, e no Sesc Campinas no dia 05 de agosto. Nos shows, Beatriz e Moreno sobem ao palco acompanhados dos músicos Antonio Guerra, Gabriel Loddo e Marcelo Costa, além do VJ Notívago.
A caminhada desse lançamento do Selo Sesc começou em dezembro de 2021, com o single “Clarice Clarão”, no dia em que se celebrava os 101 anos de nascimento da escritora. Beatriz conta que escreveu a composição “sozinha, mas de mãos dadas com Clarice, com seus livros espalhados por toda a casa, num momento de mergulho total em sua obra. Clarice é um estado de ser, um portal, uma vastidão”.
Além desse, outros quatro singles estrearam antes nas plataformas digitais: “Um Canto de Afoxé para o Bloco do Ilê”, faixa composta por Caetano e Moreno em homenagem ao bloco de carnaval Ilê Aiyê; “Água Viva”, excerto do texto de Clarice na voz de Maria Bethânia; “Canto”, nascida da tentativa de vislumbrar transformações possíveis através da arte em um cenário de destruição das políticas culturais no Brasil, e “Rede”, composição apaixonada de Beatriz.
A colaboração entre Beatriz Azevedo e Moreno Veloso é feita de delicadeza e estranhamento. Essa combinação é o que há de mais Clarice.
O Canto inicial é uma aventura de tratar nomes próprios, nomes de grandes artistas, como se fossem verbos pronominais. Sempre na primeira pessoa do singular. A melodia que Moreno trouxe para as palavras de Beatriz fazem a passagem dessa estranheza para uma sutil doçura de modo tão equilibrado que a gente fica logo sabendo que um Agora clariciano não poderia começar de outro modo.
Já ouviremos Beatriz lendo texto em que Clarice diz que nada tem a ver com a moça cuja história vai contar – mas que escreve-se a si mesma para fazê-lo.
“Deusa do Amor”, música de desfile do bloco Olodum que virou oração global na voz de Moreno, vem ecoar, antecipadamente, a conclusão spinoziana da escritora: “Deus é o mundo”.
Beatriz é sempre a voz da autora e a das moças sobre quem ela escreve. Moreno soa como o observador sábio. Os dois juntos dão conta da claridade obscura da maior prosadora brasileira do século 20.
Sem rede de proteção, os dois se entrelaçam com os sons celestiais do cello de Jaques Morelenbaum e a vida táctil e profundamente terrena da percussão de Marcelo Costa.
E mais: chamam Bethânia para dizer um trecho de pausa, de dissipação das trevas, de nascimento, como se sua voz fosse inevitável depois da expressão “grande demais”.
Tenho orgulho de ser parceiro do menino Moreno em “Um canto de afoxé para o bloco do Ilê”. As imagens e a música são analisadas por quem escreve.
Clarice faz força para fazer a coisa voltar aos sons tonais (e atonais), às cores, às sensações todas – e este encontro de Beatriz e Moreno sugere experiências dessa passagem.
Beatriz canta “faísca e clarão!” Clarice-Clarão. Na rede da paixão.
Torquato Neto, sobre a música de Carlos Pinto: que não tem mais fim.
A largueza exigida por Clarice libera Beatriz e Moreno para que saúdem tudo com versos de Oswald de Andrade.
Espetáculo íntimo que expressa tanto a tão grande beleza que se produz no Brasil.
Clarice Clarão está disponível no Sesc Digital, nas principais plataformas de streaming e nas Lojas Sesc.
Utilizamos cookies essenciais para personalizar e aprimorar sua experiência neste site. Ao continuar navegando você concorda com estas condições, detalhadas na nossa Política de Cookies de acordo com a nossa Política de Privacidade.