“Leitores hoje são espécies em extinção. Contraditoriamente, a roda teve suas 30 vagas preenchidas em uma semana. Ampliamos para 50”. É o que diz o professor de literatura, Eduardo Araújo Teixeira, curador e mediador do Clube de Leitura do Sesc Osasco. Esse ano, a roda de leitura discute autores latino-americanos e tem reunido apaixonados por livros.
No primeiro encontro, a sala virtual esteve cheia de gente disposta a conversar e elaborar juntos sobre literatura. “Por ser online, há pessoas de diversos lugares, idades, a maioria fora do meio acadêmico”, explica o professor. Na ocasião, o bate-papo trouxe o livro “Ficções”, de Jorge Luís Borges.
Em abril, o projeto acontece no dia 25, às 19h, e traz a obra “Bestiário”, que reúne contos de Julio Cortázar, um dos escritores argentinos mais conhecidos no mundo. O autor, inclusive, é considerado a melhor porta de entrada para quem quer começar a ler obras produzidas na América Latina, de acordo com o curador da iniciativa. “Julio Cortázar é a melhor porta, seguido de Gabriel Garcia Márquez (“Cem anos de solidão”, “O amor nos tempos do cólera”) e Jorge Luís Borges”, afirma.
Embora esses autores clássicos sejam leitura obrigatória, o professor acrescenta: “leiam também as mulheres que hoje escrevem com ferocidade o que há de melhor na literatura contemporânea”. Entre os nomes citados temos Maria Fernanda Ampuero, Mariana Enriquez, Selva Almada, Samantha Schweblin e, entre outras, Alejandra Laurencich.
O Clube de Leitura propõe encontros mensais até dezembro deste ano, que acontecem sempre na última terça-feira de cada mês. As inscrições acontecem na primeira semana do mês e podem ser feitas de duas formas: na aba “inscrições” do aplicativo Credencial Sesc SP, disponível na Apple Store e na Google Play Store, ou pelo site centralrelacionamento.sescsp.org.br.
A curadoria e a mediação dos encontros são de responsabilidade do professor Eduardo Araújo Teixeira. Ele tem doutorado sobre Mia Couto e Guimarães Rosa pela USP e pós-doutorado em literatura marginal e contemporânea pela UFRJ. Sua relação com a literatura latino-americana nasce ainda no ensino médio. “Quando uma colega me apresentou “Cem anos de solidão”, de Gabriel Garcia Márquez, aí a literatura e o realismo fantástico me fisgaram para sempre”, conta.
A curadoria das obras selecionadas para o Clube de Leitura levou em consideração questões práticas como obras com boas traduções e disponíveis para compra ou em bibliotecas, mas também aspectos de ordem subjetiva. Teixeira buscou “obras capazes de envolver pela linguagem, surpreender pelo enredo, emocionar, sacudir e revelar uma nova perspectiva ao leitor”.
Na seleção, aparecem livros que apresentam ainda diversidade de países, temas, gênero, cor, etnia e credos. Todos têm pouca extensão para que sejam lidos em um mês.
A roda de leitura de autores latino-americanos traz uma viagem por obras produzidas dos anos 1950 em diante, período conhecido pelo “boom da literatura latino-americana”. A produção dessa época é caracterizada por romper e se emancipar em relação do “centro” cultural do mundo e a “periferia” deixa de apenas importar e emular a literatura europeia para mostrar a vitalidade da América Latina.
Diante de um mundo cada vez mais tecnológico, as redes sociais e o tempo gasto com streaming e uma enxurrada de informações podem nos distanciar da leitura. Por isso, pedimos ao professor Eduardo Araújo Teixeira algumas dicas para quem quer começar ou mesmo voltar a ler. Veja abaixo:
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