Foto: Bárbara Carneiro
O que não faltou em outubro no Sesc Carmo foi um fio de prosa sobre alimentação e preparos de pratos maravilhosos. O Experimenta! – Comida, Saúde e Cultura ocupou a unidade com sabores, aromas e sotaques. As cozinhas dos restaurantes daqui não foram as únicas que serviram de referência para as degustações: cozinhas coletivas do centro de São Paulo também foram inspirações para papos sobre alimentação justa na cidade. Comida é direito.
Foto: Ricardo Ferreira
As mulheres estiveram no centro da conversa. Em três aulas, três chefs de diferentes estados do Brasil apresentaram deliciosas receitas que remetem a seus gostos e trabalhos. Manu Buffara, paranaense, preparou uma salada de beterraba em que também iam kefir, molho de tomate com pitanga e amendoim torrado para finalização (sem spoilers, mas a receita está no fim deste texto!). Já Lígia Karazawa, paulista especialista em cozinha de brasa, elaborou uma receita de costelinha suína grelhada com toques orientais. A carioca Dandara Batista, que tem um restaurante na zona norte do Rio de Janeiro, preparou um prato de inspiração africana: arroz jollof e feijões nigerianos. Comida é encontro.
Foto: Bárbara Carneiro
Foto: Bárbara Carneiro
Foto: Bárbara Carneiro
Uma culinária recheada de afetos foi o que moveu as presenças de Cafira Foz e de Kalymaracaya no Sesc Carmo. Suas tradições e raízes foram apresentadas na forma de pratos piauienses e matogrossenses, respectivamente. Se Cafira relembrava a infância no sítio no interior do Piauí, do contato com a horta, com a granja e com a cajuína, Kalymaracaya apresentou os elementos de sua origem indígena que, junto com outros elementos da cultura pantaneira, se encontraram em um arroz de carreteiro com hî-hî enrolado na folha de bananeira. Comida é ancestralidade.
Foto: Bárbara Carneiro
Foto: Bárbara Carneiro
O público também foi convidado neste mês a conversar sobre aspectos de uma alimentação saudável. No bate-papo entre a jornalista Daiana Garbin, a nutricionista Marcela Kotait e a professora de ioga Vanessa Joda, o corpo e o autocuidado foram o eixo da conversa. A discussão caminhou sobre como olhamos para os alimentos e também sobre nossos corpos, a partir de estereótipo e pressões estéticas muitas vezes irreais. Semanas depois, mais pro fim do mês, a pergunta motriz da conversa com Juliana Gomes e Ruan Félix foi: “é possível escolher o que comemos?”. Com o intuito de desmistificar a alimentação vegana, os dois apresentaram alternativas acessíveis, sustentáveis e brasileiras a produtos ultraprocessados e da moda. Comida é cuidado.
Abaixo, compartilhamos a receita de salada de beterraba feita pela chef Manu Buffara em aula no começo do mês. A receita é feita em três passos: a salsa de pitanga, o kefir (bebida fermentada feita a partir de grãos de microrganismos) e as beterrabas.
Salsa de pitanga
Ingredientes:
3 tomates médios maduros
250 gramas de polpa de pitanga ou 500 de gramas de pitanga fresca
1 pepino pequeno
150 ml de água
3 colheres de azeite
1 colher de sopa de aceto balsâmico
1/2 dente de alho
1 colher de café de gengibre picado
sal e pimenta a gosto
Modo de preparo:
Descasque os tomates e o pepino, retire as sementes e corte-as em pedaços. Para descascar os tomates: faça um corte cruzado na base do tomate e mergulhe-os em água fervente por um minuto. Mergulhe-os em água gelada para que a pele se solte e possa ser facilmente removida. Coloque os tomates, pepino, pimenta vermelha, as pitangas (se for a polpa, é melhor que esteja ainda um pouco congelada), água, azeite, aceto balsâmico, sal e pimenta no copo liquidificador. Misture e deixe esfriar na geladeira.
Kefir
O kefir é um alimento formado a partir de uma colônia de microorganismos que tem funções probióticas. O kefir pode ser tanto de leite (animal e vegetal) quanto de água. Nessa receita, usamos o de leite. O jeito mais fácil de começar a cultivar seu próprio kefir é através de doação de alguém que tenha os grãos, pois, com o cultivo, eles crescem e se reproduzem. Se você quiser fazer a receita mas ainda não tem uma colônia, outra possibilidade para esse passo da preparação é tirar o soro de algum iogurte até que ele fique semelhante ao um queijo cremoso.
Ingredientes:
2 a 4 colheres (sopa) para cada litro de leite
Modo de preparo:
Em um recipiente de vidro bem limpo coloque o leite. Adicione os grãos de Kefir – cerca de 2 a 4 colheres (sopa) para cada litro de leite. Cubra com um pano estilo voal (gaze ou fralda funcionam bem) e prenda com um elástico e deixe fermentando entre 24 e 48 horas, em temperatura ambiente e em local longe de luz. Importante salientar aqui que, quanto maior a temperatura ambiente mais rápido irá fermentar e, ainda, que quanto mais tempo fermentando mais ácido ficará. Faça suas experiências e veja qual o melhor método (tempo x quantidade de grãos x temperatura) é melhor para o seu paladar. Depois de fermentar, coe os grãos de kefir. Armazene o líquido fermentado em um recipiente com tampa. Retorne os grãos para um recipiente limpo com leite para reiniciar o processo. Para o uso na receita da salada de beterraba, será preciso dessorar (tirar o soro) da bebida. Para isso, encaixe uma peneira em um recipiente e ponha, sobre ela, um pano. Despeje o iogurte de kefir nesse pano, cubra com outro pano e deixe na geladeira até ficar com uma consistência mais dura. Deve levar entre 36 e 48 horas.
Beterraba
Coloque as beterrabas com casca e lavadas no forno a 180 graus por 1 hora, esse tempo e temperatura são para beterrabas pequenas. Descasque e tempere com sal e azeite de oliva. Para finalizar, coloque a salsa de pitanga e enfeite com o kefir por cima. Pode-se acrescentar também amendoins torrados.
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