Foto: Dani Sandrini
As diversas conexões que envolvem a nossa alimentação – do âmbito individual ao destino do planeta – são um dos seis eixos do Experimenta! – Comida, saúde e cultura, projeto que discute o universo da alimentação em todas as unidades do Sesc, durante o mês de outubro. Saiba mais sobre o tema:
Cada vez mais, fica evidente que comer é um ato político, cultural e social que ultrapassa a simples ingestão de alimentos. O que escolhemos colocar no prato, a comida que encontramos à nossa disposição fora de casa, tudo isso influencia não apenas a nossa vida em particular, mas toda uma cadeia de eventos, do campo à mesa, no Brasil e no mundo. E, também exerce influência sobre a nossa saúde e qualidade de vida. É por isso que selecionar os alimentos com cuidado, respeitando nossa cultura alimentar e individualidades, sem apenas ceder às influências do marketing e das mídias, é tão importante. Atualmente, existe um verdadeiro paradoxo no Brasil: ao mesmo tempo que os índices de sobrepeso e obesidade avançam (mais da metade da população está com excesso de peso, segundo dados do Vigitel 2017), também corremos o risco de voltar para o Mapa da Fome, elaborado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), de onde havíamos saído em 2014.
Além dessa contradição obesidade versus fome, o consumo alimentar brasileiro também vem se modificando nas últimas décadas, com a ampliação da oferta de produtos ultraprocessados, que atraem pela praticidade e por seus apelos sensoriais, mas possuem, em geral, um perfil nutricional inadequado. Como mostra o Guia Alimentar para a População Brasileira, esses alimentos vêm modificando o paladar e a cultura alimentar nacional, e seu consumo excessivo impacta na saúde de adultos e crianças, contribuindo para o aumento de obesidade e doenças crônicas. No entanto, cabe a reflexão: como podemos optar por comida fresca, se não há oferta em todos os lugares? Todos temos direito a uma alimentação saudável, prazerosa e em quantidade suficiente para atender nossas necessidades, de preferência produzida de forma segura e sustentável.
Uma estratégia para melhorar a alimentação no país, como apontou a Organização Mundial da Saúde (OMS) no início do ano, é apostar na educação alimentar e nutricional, articulada à outras ações de políticas públicas, como taxação de bebidas adoçadas, rotulagem nutricional frontal de alimentos processados e ultraprocessados e a regulação da alimentação nos ambientes escolares.
Saber de onde vem o alimento e o que estamos comendo pode ser uma ferramenta poderosa para fazer escolhas mais conscientes e acertadas, com reflexos positivos para a saúde e para a construção de uma sociedade mais justa.
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