Conheça os novos moradores que passaram a habitar parques em São Paulo

29/05/2024

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Inventário da Fauna Silvestre identifica 22 espécies de animais que, desde o ano passado, passaram a habitar parques e áreas de conservação na capital paulista

POR LUNA D’ALAMA

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O Dia Mundial do Meio Ambiente é celebrado em 5/6 e, neste ano, a capital paulista tem um motivo a mais para comemorá-lo: 22 espécies de animais foram identificadas pela primeira vez na cidade de São Paulo, no fim de 2023. São insetos, anfíbios, répteis, aves e mamíferos, além de seis novas espécies de peixes, catalogados por biólogos em parques urbanos e áreas de conservação, como o Horto Florestal e o Refúgio de Vida Silvestre Anhanguera, ambos na zona Norte, e o Parque Ibirapuera, na zona Sul.

Os novos moradores da capital foram incluídos no Inventário e Monitoramento da Fauna Silvestre, trabalho realizado pela Divisão da Fauna Silvestre da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo. O primeiro levantamento foi feito em 1993, e o projeto se tornou anual a partir de 2021. Desde o início, já foram catalogadas 1.354 espécies, sendo 830 de vertebrados e 524 de invertebrados – como a mais recente, a borboleta skipper (Cogia crameri). Também já foram contabilizadas 172 espécies ameaçadas de extinção, o que representa 12,7% do total – evidenciando a necessidade de se reforçarem ações e políticas públicas para conservação da biodiversidade.

Na próxima edição do inventário, em 2024, a expectativa dos biólogos e pesquisadores é de que sejam identificadas outras espécies inéditas na cidade. Neste Almanaque, listamos cinco animais silvestres que passaram a habitar a natureza paulistana e aparecem na lista mais recente.

anfíbio

PERERECA-VERDE

Da família Hylidae e espécie Aplastodiscus arildae, essa perereca é nativa do Brasil, sendo encontrada nas regiões da Serra do Mar, Serra da Mantiqueira e Serra do Espinhaço, entre os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Com apenas quatro centímetros de comprimento, possui pontos brancos e marrons na região dorsal, tem hábitos noturnos e florestais, e se alimenta de pequenos animais invertebrados. Sua reprodução ocorre às margens de riachos, onde deposita os ovos em ninhos aquáticos subterrâneos – escavados pelos machos. Os espécimes masculinos, aliás, coaxam o ano todo e atraem as fêmeas por meio desses sons.

mamífero

CATITA-CINZA

Esse pequeno marsupial da espécie Marmosa paraguayana é chamado de cuíca, mas também conhecido como catita-cinza, jupati, chichica ou guaiquica. Nativo das florestas costeiras do Brasil, do sul da Bahia ao Rio Grande do Sul, também vive em países como Venezuela, Argentina e Paraguai – daí o nome da espécie. Em São Paulo, a cuíca foi localizada no Parque Natural Varginha, na zona Sul. Da família Didelphidae, alimenta-se de animais de pequeno porte, além de frutos, flores e insetos. Mede cerca de 20 centímetros, pesa 130 gramas e possui hábitos diurnos. Tem tido seu habitat (todos os biomas, exceto a Caatinga) reduzido por conta da urbanização, da monocultura e de desmatamentos. Prefere locais úmidos, árvores, e um de seus predadores é o lobo-guará. Escaladora ágil, solitária e notívaga, a cuíca tem cauda preênsil (que se agarra a galhos), polegar opositor, dorso cinza ou marrom-acinzentado, e um ventre mais claro. Vive até um ano e meio, com período de gestação de apenas 13 dias. Pode transmitir zoonoses como toxoplasmose, leishmaniose e giardíase. 

ave

GAVIÃO-DA-MATA

Com nome científico Urubitinga urubitinga – que na língua tupi significa grande ave (“uru”) preta (“bu”) e branca (“tinga”) –, o gavião-da-mata tem plumagem negra com uma barra branca na cauda, além de bico e patas com tons amarelados. Essa ave de rapina habita todo o Brasil e é encontrada desde a Argentina até o México. Pode passar de 60 centímetros de comprimento e pesar 1,3 quilo. O primeiro gavião-preto avistado por biólogos na cidade de São Paulo sobrevoou a região do rio Juqueri, afluente do Tietê. Da família Accipitridae, esses animais gostam de ficar próximos a cursos d’água e caçam répteis, anfíbios, insetos e peixes, além de comerem ovos de outras aves, frutas e carniça. Fazem ninhos perto de rios e pântanos, no alto das árvores. Vivem solitários, aos pares ou em grupos pequenos. São conhecidos em outras regiões brasileiras como cauã, gavião-caipira e gavião-fumaça.

réptil

COBRA-CIPÓ

A Chironius exoletus é uma das quatro novas espécies de répteis identificadas na capital paulista – incluindo outra cobra-cipó, a Philodryas mattogrossensis. No Brasil, vive nos biomas do Cerrado, Caatinga, Pantanal e Mata Atlântica. Também pode ser vista em outros países da América do Sul, como Argentina, Bolívia, Peru, Colômbia e Equador. Animal ovíparo (põe ovos), a cobra-cipó come pequenos anfíbios e lagartos. Da família Colubridae, trata-se de uma serpente fina e ágil, de coloração verde ou marrom, e olhos grandes com pupilas redondas. Não é venenosa e tem porte pequeno: chega a, no máximo, um metro de comprimento – sendo a fêmea maior que o macho. Além disso, possui hábitos diurnos e terrestres, vive em florestas, montanhas e altitudes elevadas, refugiando-se em árvores, arbustos, rios e pedras.

inseto

BESOURO-DAS-FLORES

A textura aveludada das asas deste animal, pertencente à espécie Gymnetis sp, faz com que ele seja conhecido como besouro-camurça. Também chamado de besouro-das-flores, esse escaravelho de cor marrom pode apresentar manchas zebradas pelo corpo ou pintas semelhantes às de uma onça. Seu ciclo de vida entre o ovo e a fase adulta leva seis meses, o que na biologia é considerado um período longo – o mosquito Aedes aegypti (transmissor da dengue), por exemplo, completa essas fases em apenas dez dias. As larvas do besouro-camurça se alimentam de raízes de plantas, material em decomposição e até fezes de animais, enquanto os adultos têm uma dieta à base de plantas, pólen e frutos. Integrantes da família Cetoniidae já foram registrados em todos os continentes e reúnem cerca de quatro mil espécies catalogadas, sendo 72 delas identificadas no Brasil.

Acesse a edição 2023 do Inventário e Monitoramento da Fauna Silvestre do Município de São Paulo.

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