Com visitação a partir do dia 6 de outubro, a exposição “Constelação Celestina” celebra a produção de Wagner Celestino que ilumina a cultura afropaulista em preto e branco e preserva memórias ancestrais
As constelações são áreas específicas do céu compostas por agrupamentos de estrelas aparentemente ligadas por linhas imaginárias. Assim, elas podem assumir a função de referência enquanto dispositivo de localização e instrumento de orientação.
É dessa forma que o trabalho do fotógrafo Wagner Celestino direciona nossa caminhada, na soma dos fragmentos da realidade, para apresentar um olhar sobre o universo afropaulista.
Negro, periférico e proletário, nascido em 1952, na zona Leste de São Paulo, Celestino tem, em mais de quarenta anos de trajetória, a experiência que explica a intimidade entre ele e aquilo que ele fotografa, sejam paisagens, festas profanas ou religiosas, ou personagens que posam para suas lentes.
Trabalhando sempre em preto e branco e preferencialmente sob luz natural, os retratos evidenciam o profundo respeito dedicado àqueles que nos precederam, bem como à esperança de um futuro luminoso, sem deixar de lado as lutas enfrentadas ao longo do caminho.
Como afirma Claudinei Roberto da Silva, curador da mostra, “Celestino se ocupa daqueles e daquelas cuja a história, a memória e os afetos, são, frequentemente, preteridos nas narrativas da história da arte que se quer hegemônica”.
Pesquisador da cultura popular nas suas matrizes sagradas e profanas, Celestino, cuja arte pode traduzir notas de melancolia, carrega interesse pela complexidade dos sujeitos em seus contextos, onde memórias e afetos são riquezas inestimáveis.
A exposição Constelação Celestina tem sua abertura no dia 6 de outubro, compondo o início das atividades do Sesc 14 Bis, e apresenta diversas constelações.
“Em celebração ao início das atividades do Sesc 14 Bis, a exposição Wagner Celestino recorre a uma obra que, ao se voltar a personagens, melodias, cadências e enredos vinculados à negritude, permite o vislumbre da dignidade particular ao cruzamento de olhares, entre fotógrafos e pessoas retratadas, que perfaz a carreira do artista”, comenta Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo.
A exposição é composta por quatro constelações que abordam diferentes recortes do universo afropaulista:
“Retratos” desafia o racismo estrutural ao destacar a presença do corpo negro nas instituições culturais, revelando a complexa gravidade dos retratados sem artifícios cosméticos, transpondo a subjetividade em uma luz íntima e evocativa.
Em “Velha Guarda”, há uma captura da importância da cultura popular brasileira de matriz africana. Com 29 retratados, essas imagens preservam figuras fundamentais e revelam sua contribuição ainda subestimada.
A constelação “Carnaval” transcende a divisão entre erudito e popular ao registrar, entre muitos movimentos, a transformação do giro das baianas do carnaval paulistano e mobilizar comunidades preservando memórias e valores ancestrais.
“Residência Bixiga” reúne os registros feitos pelo artista durante quinze dias de imersão no bairro, documentando um cotidiano preservado na memória, pintando um cenário com trabalhadores e moradores. Ágil no ofício, sem pressa para uma boa conversa.
Claudinei Roberto da Silva (professor, curador, artista visual) nasceu em 1963 em São Paulo onde vive e trabalha. Formado pelo Departamento de Arte da Universidade de São Paulo. Como curador realizou entre outras, a exposição Sidney Amaral “O Banzo, o amor e a Cozinha” 1º prêmio Funarte para artistas e curadores negros – Museu Afro Brasil, a “13ª Bienal Naïfs do Brasil” no Sesc Piracicaba e a série “Pretatitude. Insurgências, emergências e afirmações. Arte afro-brasileira contemporânea” para várias unidades do Sesc São Paulo e curador convidado para o projeto de “Pesquisa MAC USP Processos Curatoriais – Curadoria Crítica e Estudos Decoloniais em Artes Visuais: Diásporas Africanas nas Américas”. Coordenou, entre outros, o Núcleo Educativo do Museu Afro Brasil. Coordenador Artístico Pedagógico do projeto multinacional “A Journey trough African diáspora” do American Aliance of Museuns em parceria com o Museu Afro Brasil e Prince George African American Museum. Foi Bolsista Programa “International Visitor Leadership Program” do Departamento de Estado do Governo dos Estados Unidos. Faz parte do conselho curatorial do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Tem obras no acervo do Museu Nacional de cultura afro-brasileira MUNCAB em Salvador, Bahia.
Serviço
Exposição: Constelação Celestiana
Horário de visitação
Terças a sábados: das 10h30 às 20h30
Domingos e feriados: das 10h30 às 18h30
Agendamento de grupos: agendamento.14bis@sescsp.org.br
De 6/10 a 6/4, terças a sábados, das 10h30 às 20h30. Exceto dias 14/2 e 29/3
De 8/10 a 7/4, domingos, das 10h30 às 18h30. Exceto dias 24/12 e 31/12
Espaço expositivo – Piso térreo
Livre – Autoclassificação
Grátis – Sem retirada de ingressos.
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