Cores e ritmos de Festas, Sambas e Outros Carnavais

07/11/2023

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Exposição no Sesc Casa Verde faz a ponte entre o bairro e a arte popular de todo o país

Quando os diretores do Museu do Pontal (RJ), Ângela Mascelani e Lucas Van de Beuque, foram convidados para elaborar uma exposição que desse conta da inauguração de uma nova unidade do Sesc em uma região tão cheia de história e tradição como a Casa Verde, decidiram se guiar pelo samba. “A questão do território foi muito importante, porque aqui, assim como no Rio de Janeiro, as escolas de samba têm o nome do próprio bairro: Morro da Casa Verde, Império da Casa Verde, Unidos do Peruche. Ficou nítido o quanto a escola de samba é uma forma de dar significado ao território“, conta Lucas.

Unindo essa tradição à forte pesquisa em festas populares que o Museu do Pontal desenvolve há anos, chegou-se à mostra Festas, Sambas e Outros Carnavais, que busca a relação da Casa Verde, bairro da zona Norte de São Paulo, com os muitos Brasis. Como um grande carro alegórico, a exposição é dividida em salas com diferentes temas, tal qual alas de um desfile de escola de samba, onde manifestações culturais de todo o Brasil dialogam através de 200 obras de 73 artistas de 10 estados brasileiros.

Foto: Bruna Damasceno
Foto: Bruna Damasceno
Foto: Bruna Damasceno

Entre esculturas, fotografias, pinturas, fantasias, máscaras, documentário, paineis com textura interativa, e até um jogo virtual de dança, o público vai passar pelo Maracatu, o Cavalo Marinho, a Cavalhada, festas religiosas, rodas de samba, chegando por fim na sala do Carnaval, dedicada aos sambódromos carioca e paulistano. “Uma preocupação que o Sesc tem e que a gente já interiorizou como nossa também é que o público tem que ser qualquer público. A exposição tem que ser para todos. Comunicamos pelas cores, pela linguagem visual que propomos, pelas obras, tudo vai falando e conversando de diferentes formas“, afirma Ângela.

A ala da Casa Verde recebeu a curadoria do sambista e sociólogo Tadeu Kaçula, também autor do livro “Casa Verde: Uma Pequena África Paulistana”. “A pesquisa que o Tadeu já tinha em relação ao bairro casou perfeitamente com as que fizemos a partir das demais regiões brasileiras“, conta Ângela. “No museu temos o hábito de trazer os mestres brincantes para passar o conhecimento na tradição da oralidade, mas também pesquisadores que trazem suas pesquisas em texto, misturando assim as especialidades. Na exposição, temos textos de 25 autores diferentes, como a Monara Barreto que é moradora do Jacarézinho no Rio, pesquisadora da fotografia popular e escreveu sobre o Ratão Diniz que é um fotógrafo nascido na Paraíba, morador da favela da Maré no Rio de Janeiro, e que está expondo fotografias suas de festas populares e religiosas“, complementa Lucas.

Foto: Bruna Damasceno
Foto: Bruna Damasceno

Há muita diversidade entre os artistas expostos, ainda que todos estejam dentro do chapéu da “arte popular”, termo que na opinião dos curadores se faz necessário pela estratégia de garantir espaço a esses artistas que ainda tem pouco acesso a galerias, patrocínios, residências artísticas e outras facilidades de artistas com maiores acessos econômicos. O que há em comum entre todos é justamente o fato de que foram muitas as dificuldades que precisaram enfrentar para seguir no caminho artístico.

“A única exposição individual vai ser a do pintor e escultor João Cândido, que é uma síntese dessa exposição como um todo. Morador da Casa Verde e imigrante, que é uma característica dos moradores no início do bairro, é ligado à cultura popular, fundador da escola de samba Unidos do Peruche, vem de uma família de artistas populares e pinta o bumba meu boi, as folias, o samba, tudo isso. Fizemos um documentário sobre o Seu João, no qual ele diz que quando a família dele chegou em São Paulo, o que sobrou para eles foi o trabalho braçal, e que eles terem que trabalhar pela sobrevivência os desviou do dom que tinham, porque só conseguiam pintar no tempo que sobrava, driblando a exaustão, porque ele ainda vinha andando do Bom Retiro até a Casa Verde. Ou seja, esse é o desafio do artista popular. João dá a palavra a todos esses artistas”, destaca Lucas.

Foto: Bruna Damasceno
Foto: Bruna Damasceno
Foto: Bruna Damasceno

A exposição fica em cartaz até 18 de fevereiro de 2024 e a entrada é gratuita. Para mais informações, clique no link abaixo.

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