Nove cidades, um circuito de artes e tantas emoções!

31/01/2024

Compartilhe:

Por Margarete Micheletti

Foram 1.334 km rodados entre municípios do Vale do Ribeira – considerando a cidade de Registro/SP como ponto de partida e de retorno; 09 cidades percorridas na região; 80 artistas envolvidos em dois roteiros diferentes de atividades; cerca de 60 profissionais trabalhando em cada dia de roteiro, entre funcionários do Sesc Registro, prestadores de serviço e servidores das prefeituras parceiras; cerca de 10 horas de trabalho consumidas durante a montagem e a desmontagem da estrutura em cada dia do evento; 36 horas de espetáculos realizados; mais de 6.400 pessoas circulando nos locais e assistindo aos espetáculos.

Esses são apenas alguns dos números que compõem o Circuito Sesc de Artes no Vale do Ribeira, realizado durante cinco finais de semana (sábados e domingos) entre os meses de outubro e novembro de 2023, quando o projeto itinerante do Sesc São Paulo esteve em 09 das 15 cidades da região de abrangência do Sesc Registro: Barra do Turvo, Cajati, Eldorado, Iguape, Ilha Comprida, Itariri, Juquiá, Miracatu e Pedro de Toledo. O menor desses municípios, em termos de população, acolhe 6.875 habitantes; os dois maiores, entre 28 e 29 mil; e os seis demais têm menos de 19 mil habitantes cada.

Os números são significativos, mas para tentar retratar o que foi o Circuito Sesc de Artes no Vale do Ribeira em 2023 é preciso ir além dos números.

“Até chegar ao dia do evento são mais de seis meses de trabalho pra conceituar o que vai ser o Circuito, quem serão os artistas, toda a questão de logística, de contratação de todo mundo, o entendimento do roteiro que a gente vai fazer, qual cidade vai ser primeiro e a outra depois, pensando em questão de proximidade. É um exercício maravilhoso, pensado pra facilitar a logística e auxiliar que os artistas fiquem menos tempo na estrada, que tenham mais tempo de reconhecer o espaço, de se fazer as montagens, a divulgação, pro público chegar aqui e ficar feliz”
(Débora Rodrigues Teixeira, gerente do Sesc Registro).

É preciso falar do trabalho de meses/semanas/dias/horas antes das atividades artísticas iniciarem nas cidades, com toda a equipe de funcionários do Sesc Registro no planejamento e execução das ações necessárias à preparação do evento; e também do trabalho que essa equipe faz nas cidades, junto com prestadores de serviço de divulgação, difundindo o evento em escolas, comércios, instituições e outros locais de acesso ao público.

É preciso lembrar do esforço conjunto que une diferentes atores sociais para que o Circuito Sesc de Artes se concretize em cada localidade, principalmente a parceria com as prefeituras municipais, como faz questão de lembrar a gerente da unidade de Registro, Débora Rodrigues Teixeira. “O Circuito só acontece pela parceria com os municípios”, ela ressalta.

“A parceria é maravilhosa. Pra gente, praticamente, não existe contrapartida. O Sesc traz tudo, toda a estrutura vem pronta e cabe à gente simplesmente recebê-los. E agradecer sempre. Receber o Sesc em nossa cidade é sempre uma satisfação. Somos um município pequeno, com uma infraestrutura que nos dificulta pra gente fazer shows dessa natureza e toda vez que o Sesc se propõe a fazer isso com nós, é uma festa!” (Dinoel Pedroso Rocha, prefeito de Eldorado).

“Essa parceria com o Sesc é muito boa porque traz atrativos pro meu povo. Nós ficamos aqui no município meio isolados, e com esses atrativos traz alegria, felicidade. Eu fico muito satisfeito com isso. É um presente pra nossa cidade. Se pudesse acontecer mais vezes, ia agradar demais o nosso povo” (Jefferson Luiz Martins, prefeito de Barra do Turvo).

Voltando ao making of, é preciso lembrar do corre que acontece quando o dia do Circuito amanhece. A partir das seis horas da manhã já têm equipes trabalhando na organização e na montagem da estrutura de palco, dos cenários, tendas, na sonorização, iluminação, limpeza, manutenção, segurança, fornecimento de insumos e alimentos, transporte de materiais e de pessoas, no serviço da ambulância, na divulgação…

É preciso notar o festival de arrumação que ocorre nos bastidores algumas horas antes dos espetáculos: artistas passando roupa e compondo figurinos, se preparando, se maquiando, passando o som, conferindo os últimos detalhes antes de entrarem em cena. Necessário falar também do trabalho do pessoal da “infra” naquele vai e vem frenético providenciando os últimos ajustes. E importante destacar a função da equipe da Comedoria do Sesc, sempre pronta a atender artistas e todas as demais pessoas no local, sempre repondo cafezinho, suco, água de coco, os lanchinhos.

Tudo isso para que, às quatro da tarde, a programação artística possa começar conforme planejado.

Roteiro 11 – Cajati/SP. Créditos: Dani Sandrini
Roteiro 11 – Miracatu/SP. Créditos: Dani Sandrini

A gente ficou maravilhada com a divulgação do Sesc, é uma estrutura que qualquer prefeitura almeja, porque foi todo um planejamento feito desde o início. Todo esse planejamento tem tudo a dar certo, não tem chuva, não tem vento que faça dar errado. Pra nós, esse planejamento do Sesc é excelente (Oldair Gomes de Oliveira, Deka, secretária de Cultura e Turismo de Cajati).

Roteiro 12 – Juquiá/SP. Créditos: Matheus José Maria

E esse planejamento todo faz com que nem mesmo as intempéries atrapalhem a programação. Em toda cidade, a praça é sempre o primeiro local escolhido, mas, em caso de chuva, outro espaço já fica previamente definido. E, bem, em se tratando de Vale do Ribeira e em tempos de mudanças climáticas, teve muita instabilidade no tempo durante os nove dias do Circuito: teve chuva volumosa, garoa, frio, ventania, céu nubladão, chuva de novo, sol escaldante, calor de 40 graus, um pouco de frio pra variar e mais um pouquinho de tempo chuvoso no final. Em oito das nove cidades foi necessário acionar o “plano B” em relação aos locais. Assim, toda a estrutura que deveria ser montada nas praças teve de ser transferida para o ginásio de esportes, o centro de eventos, o centro social ou o centro cultural. Com uma exceção: somente na Ilha Comprida foi possível ocupar a praça, em frente ao mar.

“O pessoal saindo da praia, vendo todo esse movimento, vai começar a se infiltrar aqui na praça. É o horário certo pra começar o Circuito” (Anderson Barbosa Ribeiro, diretor de Divisão de Cultura da Ilha Comprida).

Créditos: Matheus José Maria

“A cara do projeto do Circuito Sesc de Artes são os espaços públicos, abertos, como as praças. Igual hoje, num domingo, se tivesse bom tempo, a praça é o lugar onde a comunidade estaria lá. Mas, de qualquer forma, o plano B aconteceu, e está ótimo assim” (Odail Gomes Santos Júnior, Oda, secretário de Cultura, Esportes e Turismo de Iguape).

Não foi na praça, na maioria das cidades, mas a essência do Circuito estava lá, em todos os locais. Levar arte para as ruas e praças e para todas as pessoas é a vocação do projeto do Sesc São Paulo, realizado em centenas de cidades paulistas desde 2008. E em todas as cidades do Vale do Ribeira onde a caravana passou estava lá o público, em maior ou menor quantidade, chegando com curiosidade, observando, com vontade de conhecer, assistir, participar, brincar, dançar, cantar. Estavam lá a diversão, o aprendizado, os encontros, as risadas, as emoções.

“Quando a gente leva o Circuito é tão gratificante ver a reação das crianças, dos pais, a reação das crianças quando viram o cinema, mesmo sendo uma coisa mais conceitual, mas quando viram toda a história do cinema, quando fazem a pescaria de livros, é tanto encantamento! É muito gratificante pra gente proporcionar isso pro Vale do Ribeira” (Débora Rodrigues Teixeira, gerente do Sesc Registro).

Foi possível observar a expressão de encantamento no rosto das crianças assistindo as estrepolias e malabarismos da trupe do circo; a disposição de pais, mães, avós, famílias inteiras participando das oficinas de tecnologias e artes, das mediações de leitura, das brincadeiras; assistindo ao teatro, às danças tradicionais brasileiras, às apresentações musicais, às cantigas de roda que fazem adultos rememorarem histórias e coisas da infância…

Roteiro 11 – Cajati/SP. Créditos: Dani Sandrini

Para além dos números, do esforço coletivo e das parcerias, são diversas as experiências, vivências e emoções marcando o Circuito Sesc de Artes no Vale do Ribeira. Alguns depoimentos colhidos nas cidades retratam um pouco isso:

“Minha vontade é fazer igual ao que o Circuito do Sesc faz, transmitir arte pra todo mundo, na rua, pra todas as pessoas. O Circuito traz conhecimento, traz beleza. Foi algo inspirador pra mim e consegui receber muitas energias em cada escola que eu passei, conversando com as crianças (…). Achei maravilhoso, como se fosse cuidando de uma coisa que a gente não pode deixar morrer que é a cultura, o cinema, o teatro, a dança e coisas maravilhosas que a gente não pode perder, porque sem elas a gente perde a cor do mundo” (Luiz Guilherme Inácio da Silva, poeta, rapper de Registro e mediador no CSA 2023).

“Vale a pena conhecer esse belo trabalho. As crianças vão olhar com outros olhares, isso que é importante. Através da arte se consegue levar as crianças pra um outro mundo, que é um mundo de sonho, mas que se torna realidade através da arte. Você fala: eu posso, eu consigo, eu tenho condições de fazer aquilo. A arte entra dentro de você, te dá força pra prosseguir na sua caminhada” (Maria Inês Martins Cavalcante, vice-prefeita, Juquiá).

Créditos: Matheus José Maria

“O Circuito Sesc de Artes é extremamente importante, porque possibilita de a pessoa vir aqui e ter acesso à arte, imergir na cultura. É cultura popular de alta qualidade, com atividades formativas e difusivas, com qualidade, com respeito. É o que nós precisamos. O Sesc está de parabéns”
(Odail Gomes Santos Júnior, Oda, secretário de Cultura, Esportes e Turismo de Iguape).

“O Circuito traz bastante conhecimento, cultura, porque é muita diversidade. Essa oportunidade que o Sesc dá é muito boa, é gratuito e as pessoas podem aproveitar e ter esta cultura de presente” (Maurício Teixeira Lima, enfermeiro aposentado de Peruíbe, no Circuito em Itariri).

“É incrível, achei massa, muito acolhedor, a cidade estava precisando disso, a sociedade precisa da cultura e da arte. Iniciativa maravilhosa do Sesc de trazer para as cidades. A sociedade em si é carente de cultura, infelizmente, e precisamos espalhar isso pra todo mundo”
(Jhones Lira, socorrista rodoviário, dançarino e influenciador digital, Juquiá).

Créditos: Matheus José Maria

“Muito boa iniciativa do Sesc, é o que a cidade precisa, ter essa coisa de sair da zona de conforto, galera conhecer outras coisas, ouvir outros estilos de música, ter apresentação de teatro, oficinas que interagem com todo mundo, contação de histórias. É importante pra todo mundo, é uma vivência que todo mundo precisa. Admirado com o movimento que vocês fizeram aqui na cidade”
(Guilherme Batista do Carmo, Guinga Space, produtor audiovisual e multiartista, Ilha Comprida).

Créditos: Matheus José Maria

“A atividade do Sesc é uma coisa diferente pra Barra do Turvo, uma coisa boa, tem que vir sempre porque a cidade é pequena (…), quase não tem muita atividade. Para o comércio da cidade é muito bom, ajuda não só eu, ajuda muito a cidade, em todos os sentidos, porque nem tudo é dinheiro né…Alegra o povo, você vê que todo mundo gosta” (Lenir de Moura Moraes, cozinheira, dona de restaurante, Barra do Turvo).


Siga nossas redes!

Conteúdo relacionado

Utilizamos cookies essenciais para personalizar e aprimorar sua experiência neste site. Ao continuar navegando você concorda com estas condições, detalhadas na nossa Política de Cookies de acordo com a nossa Política de Privacidade.