Cultura Estelar Tupi-Guarani: uma jornada pelo cosmos ancestral

06/08/2024

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Carta Celeste Tupi-Guarani (Foto: reprodução)

Saberes acerca dos movimentos do céu ao longo de milhares de anos desenvolvidos por povos originários do Brasil estão no livro Cultura Estelar Tupi-Guarani, escrito pelo historiador Gustavo Villa com ilustrações da artista indígena Maybí Machacalis; autores fazem palestra sobre o tema no Cosmos 2024

Para aqueles que desconhecem, a visão de cosmos entre os povos originários transcende a mera compreensão física do universo. Esses povos desenvolveram valiosos saberes acerca dos movimentos do céu ao longo de milhares de anos.

O historiador e pesquisador Gustavo Villa, cuja trajetória inclui mais de duas décadas de pesquisa dedicadas à história da astronomia originária em 14 países da América, compartilha como esses saberes são fundamentais não só para entender o movimento das estrelas, mas também para explorar dimensões que escapam à ciência moderna.

De acordo com Villa, a noção de cosmos à qual a sociedade tecnológica está familiarizada compreende as estruturas físicas formadoras do universo. “Sabemos que nosso planeta está contido em um sistema heliocêntrico situado na periferia da galáxia”, explica.

Já os povos originários desenvolveram saberes que abrangem as dinâmicas ambientais da Terra. “O cosmo originário se estende a estruturas que não são visíveis ou mensuráveis pela ciência moderna, captadas por processos intuitivos e espirituais”, explica Villa.

Registros Tupi-Guarani

Ao longo de suas pesquisas, Villa encontrou evidências de registros arqueológicos ligados ao conhecimento astronômico, como mapas estelares esculpidos em lajedos há milhares de anos e dispositivos para rastrear o movimento do sol.

“Através de fontes etnográficas e documentos históricos, compilamos os registros de antropólogos e frades desde a época dos primeiros contatos”, esclarece. Esses achados desafiam a visão eurocêntrica da história da ciência e destacam a profundidade do conhecimento astronômico indígena.

Os registros junto aos resultados de duas décadas de pesquisa de campo com diversas etnias de todo o continente americano estão no livro “Cultura Estelar Tupi-Guarani”, de autoria de Gustavo Villa, com ilustrações da artista originária Maybí Machacalis, cujos traços dão vida a constelações que há milênios guiam os passos dos indígenas brasileiros.

Na publicação, as constelações “Cruzeiro do Sul” ou “Cinturão de Órion”, como também é conhecida a constelação “Três Marias”, dão espaço para Pata da Ema, Jabuti, Homem Velho e Caminho da Anta, por exemplo.

Sobre a cauda da constelação ocidental da Ursa maior, os povos originários veem a canoa indígena

Onde temos a constelação ocidental do corvo, os originários do Brasil têm o Colibri

No lugar da constelação ocidental do Cruzeiro do sul, a Pata da Ema.

(Fotos: Livro Cultura Estelar Tupi-Guarani/Reprodução)


Sobre os autores

Gustavo Villa é um pesquisador que promove a diversidade natural e cultural brasileira. Formado em História pela PUC-Minas e com extensão em Pedagogia Waldorf pela UNB, estudou a história da astronomia originária em 14 países da América, visitando sítios arqueológicos e entrevistando remanescentes dos povos originários.

Parcerias e exposições incluem “A Astronomia nas pinturas rupestres em Minas Gerais” e “Antropoformas”. Em 2016, apresentou o documentário “O que as pedras contam…” e lançou um canal de Arqueoastronomia no YouTube.

Maybí Machacalis é uma artista indígena cujas ilustrações para o livro oferecem uma visão única das constelações. Sua arte é uma combinação de tradições ancestrais e novas perspectivas, refletindo a riqueza cultural dos povos originários. Autista e boderline, aprendeu a desenhar e pintar assistindo vídeos no YouTube e é reconhecida regionalmente por seu trabalho.


Palestra: Cultura Estelar Tupi-Guarani

Se você se interessou pelo assunto e quer mergulhar neste rico universo de saberes ancestrais, confira a palestra “Cultura Estelar Tupi-Guarani”, realizada em 7 de agosto, no Teatro do Sesc, com transmissão ao vivo pelo canal do Sesc no YouTube.

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