* Por Gustavo Oliveira
Desenvolvemos as noções espaciais básicas na infância e, ao longo da vida, aprendemos sobre espaço e territórios em diálogo com nosso próprio corpo, experimentando o contato com os diferentes materiais e estruturas, até que essa delimitação aumenta: do corpo para a casa, da casa para a escola, sem falar no trajeto que fazemos para nos locomovermos até outros lugares. Assim, a noção de território começa a se estruturar.
Lembro, claramente, do momento em que compreendi a constituição do lugar em que morei por muitos anos. Para mim, não fazia sentido a formação do bairro, e as dúvidas eram as mais literais possíveis: qual o número de ruas necessário para compor um bairro? Onde ele começa e termina? Quem delimita esse espaço geográfico? As questões tornaram-se mais complexas e as respostas também.
Descobri que, o endereço que eu habitava estava afastado de muitos lugares, o que me limitava e me impedia de acessar tantas outras coisas. Essa distância, não apenas geográfica, mas também simbólica, me fazia acreditar que os movimentos e manifestações presentes na periferia não eram cultura. Falo dos bailes a céu aberto, das festas que juntavam gente de todo canto, na rua, feitas coletivamente. A produção cultural e o interesse pela música estavam ali, desde muito cedo. Aos finais de semana e feriados, a rua fechava, era o nosso lugar de encontro e pertencimento. O nosso território, cheio de contato e de pulsão de vida. A circulação entre os diferentes territórios passou a fazer parte da construção da minha personalidade e me ajudou a entender os microterritórios que habitam em mim.
Quando falo, falo de um lugar, e é desse lugar em que estou e que também está em movimento, que me percebo e encaro os desafios para ser e (re)existir como artista.
Crescendo e me questionando, encontrando caminhos possíveis para atravessar fronteiras e estabelecer diálogos e aprendizados nos diferentes lugares e nas diferentes culturas e manifestações.
O lugar de onde vim continua vivo, de outra forma, com outras vozes e manifestações, já que não tem mais festa, está proibido! Mas é a partir desse lugar em que cresci e em que me encontro, que pude perceber a poesia e a beleza da cultura popular, do que é feito a muitas mãos. Me reconheço artista no momento em que os caminhos que percorri me levam a outras casas, ruas, bairros e cidades. Sou o meu corpo-território, em permanente construção através da música, da dança e da cultura popular.
* Gustavo Oliveira é produtor cultural, DJ e estagiário de pedagogia da Gerência de Estudos e Programas Sociais do Sesc São Paulo.
__
Durante os meses de agosto e setembro, vídeos de artistas e coletivos jovens ocuparão as redes digitais do Sesc São Paulo. E você, jovem, está convidada(o) a publicar suas criações com a hashtag #ArteTerritorio_Sesc, a partir da palavra, do movimento, da imagem, do som ou de tudo isso junto!
Aquilo que você produz é cultura, é arte e diz sobre sua comunidade, suas experiências, sua vida! Compartilhe conosco, assim como fez a Fanieh, no quarto episódio do #ArteTerritorio_Sesc:
Esse vídeo é um trabalho de edição e produção feito por jovens. Ficha Técnica:
Edição Geral – Wesley Gabriel
Animação vinheta – Rodrigo Eba
Animação trilha – Paulo Junior
Libras – Amanda Alves Rodrigues
Música “Flor do Gueto” – Compositora: Fanieh
Clipe “Essência” – Artista: Fanieh
Fotografias – Arquivo pessoal Fanieh
Gostou? Continue acompanhando por aqui e nas redes sociais do Sesc São Paulo – @instagram e @facebook. Clique aqui para saber mais e assistir aos outros episódios. Acesse: sescsp.org.br/arteterritorio.
Utilizamos cookies essenciais para personalizar e aprimorar sua experiência neste site. Ao continuar navegando você concorda com estas condições, detalhadas na nossa Política de Cookies de acordo com a nossa Política de Privacidade.