“Direitos Humanos em Cena: uma roda de saberes, vivências e afetos no Sesc Bertioga” 

08/04/2025

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Em um tempo em que o mundo parece girar mais rápido do que nossas respostas, um respiro coletivo se fez ouvir em Bertioga. Em março, o Sesc abriu suas portas para realização de um curso que aconteceu em três encontros, nos quais, entre saberes, vivências e afetos, falamos de algo que deveria ser tão essencial quanto o ar que respiramos: os Direitos Humanos

De 25 a 27 de março de 2025, o curso Educação em Direitos Humanos reuniu educadores, profissionais da cultura e da comunidade para refletir, sentir e criar possibilidades de transformação. Estruturado em três encontros interativos e complementares, o curso foi conduzido por três educadores de longa estrada e profunda escuta: Hamilton Harley, Renata Aquino e Luiza Souto, membros do Instituto Vladimir Herzog, referência nacional na promoção dos direitos humanos por meio da educação e da cultura. 

O curso integrou o projeto “Direitos Humanos para Todas as Pessoas”, promovido simultaneamente em 37 unidades do Sesc São Paulo. Este ano, o projeto teve como tema “Tecer Redes Colaborativas” – e não por acaso. Em tempos de individualismos reforçados e desmonte das políticas públicas, falar de redes, de coletividade, de pluralidade e partilha de saberes é mais do que urgente: é resistência. É, como dizia Paulo Freire, a aposta no inédito viável. 


A educação como experiência viva 

“A ideia era que os educadores pudessem sentir, experimentar na pele o que significa a dignidade humana”, explica Hamilton Harley, pedagogo com mais de 20 anos dedicados à educação em direitos humanos. E ele não fala em teoria. O curso foi um convite à prática: desde dinâmicas que escancaravam as injustiças cotidianas até atividades que desafiavam os participantes a pensarem em como trabalhar esses valores desde a infância, desde os bebês. 

“Pensamos em propostas que os professores pudessem replicar em seus espaços educativos, criando redes de reflexão junto aos seus colegas”, complementa Harley. E reforça: “Os direitos humanos não estão apenas nos grandes discursos ou nas leis internacionais. Eles estão no cotidiano, nas práticas simples, na escuta, na valorização da diversidade. Precisam ser sentidos para serem defendidos.” 

Escutar o território, transformar com ele 

Para Luiza Souto, uma das responsáveis pela formação, trabalhar com o público do Sesc foi “potente e enriquecedor”. Isso porque, segundo ela, a capilaridade do Sesc nos territórios permite alcançar um público engajado, com forte conhecimento local. “São profissionais e munícipes que vivem e atuam diariamente em Bertioga e região. Isso fortalece a formação e enriquece os debates”, conta. 

Renata Aquino, psicanalista e pedagoga, reforça essa ideia: “Foi uma grande alegria colaborar com profissionais da educação que estão na linha de frente dos desafios da implementação dos direitos humanos nas escolas. Saber que essa formação impacta diretamente suas práticas é motivo de orgulho.” 

Ambos destacam o papel transformador da Educação em Direitos Humanos. “Trabalhar com essa temática é trabalhar pela construção de uma sociedade mais justa, digna e que valorize a diversidade”, afirma Luiza. Renata acrescenta: “Mais do que transmitir conhecimento, buscamos proporcionar vivências que tornem os valores dos direitos humanos concretos e inspiradores.” 

Redes que sustentam 

O projeto do qual o curso faz parte propõe um caminho que se constrói com muitos. “Tecer Redes Colaborativas” não é apenas um bonito tema: é uma prática. O trabalho em rede amplia vozes, promove diálogos, une saberes. É onde se compartilham dores e também soluções. É, sobretudo, onde os direitos humanos deixam de ser abstratos e se tornam ação coletiva. 

A formação em Bertioga foi uma prova disso. Professores refletindo sobre suas realidades, partilhando experiências, construindo juntos alternativas para uma escola mais inclusiva, justa e plural. Saíram dali com mais do que ideias: saíram com ferramentas, com rede, com coragem. 

O futuro se planta em roda 

Educar para os direitos humanos é plantar sementes. Nem sempre veremos os frutos de imediato, mas o solo fica diferente depois de um encontro como esse. Fica mais fértil, mais atento, mais vivo. 

Como escreveu o poeta e compositor Milton Nascimento, em versos que poderiam muito bem ser a trilha sonora desse curso: 

“Todo artista tem de ir aonde o povo está.” 
Se for para viver com dignidade, todo educador também. 

E que sigamos assim, tecendo redes, trocando saberes, acreditando que a educação, quando feita com escuta, afeto e propósito, é mesmo o caminho mais bonito – e mais firme – para um mundo melhor. 

Veja algumas imagens dos nossos encontros e saiba mais sobre o projeto em: www.sescsp.org.br/direitos-humanos

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