Por: Danilo Santos de Miranda

Diretor do Sesc São Paulo

Há diversas maneiras de envelhecer e, do ponto de vista cultural, é necessário trazer para o centro da cena o respeito dado às pessoas idosas na tradição indígena e, por outro lado, a abstração dos artistas que fizeram a Semana de Arte Moderna de 1922 quando envelheceram. O ancião, termo utilizado pelos indígenas para as pessoas idosas, é valorizado como um arquivo vivo, um guardião das tradições. Eles transmitem os saberes nas aldeias, como os remédios feitos a partir de ervas, os cantos e as danças para os dias de festas, entre outros aprendizados para as diversas faixas etárias.

Já os idealizadores e artistas da Semana de 22 tinham em torno de 30 anos no auge do modernismo. A partir da Crise de 1929, com um novo contexto social e político, a vida e a obra de todos eles mudaram substancialmente. Novos rumos foram tomados e as carreiras seguiram caminhos diversos, com momentos de maior ou menor reconhecimento do público e da crítica. De qualquer maneira, o fato é que essas pessoas envelheceram e pouco foi mencionado sobre esse período.

No ano do bicentenário da Independência do Brasil e do centenário da Semana de Arte Moderna, a reflexão sobre o processo de envelhecimento tanto dos povos indígenas quanto dos artistas modernistas se faz presente para que questões relacionadas ao respeito, ao preconceito, à história, à tradição e à cultura estejam em destaque neste ano relevante para ambos os movimentos.

A pluralidade da velhice é tratada de forma transversal no Sesc São Paulo. No programa Trabalho Social com Idosos (TSI), as programações oferecidas nas unidades do Sesc atravessam as várias formas de envelhecer sob o ponto de vista cultural.

A revista Mais 60 abre espaço para a discussão, o conhecimento e os saberes tradicionais por meio dos artigos, entrevistas, relatos de experiências e rese- nhas que trazem representatividade e diversos olhares para assuntos que são contemporâneos e relevantes para a sociedade.

Boa leitura!

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