Informamos que a atividade com o pesquisador, músico e educador Tadeu Kaçula, inicialmente prevista para este mês, foi adiada.

O curso aborda o legado cultural das diásporas africanas e a resistência negra no Brasil e especificamente na cidade de São Paulo. Em quatro encontros, são explorados temas como as rodas sagradas, a gentrificação de territórios negros, a identidade cultural em áreas rurais e urbanas, os apagamentos históricos, a produção intelectual negra e as corporalidades pretas.

Encontro 1: Vai cuidar de sua vida
Tema: As rodas sagradas do universo negro brasileiro
A gira de abertura dos encontros reflexivos sobre o legado cultural dos povos das diásporas africanas e propõe um debate acerca dos valores simbólicos e religiosos que orientam a cosmovisão das rodas de resistência do universo negro brasileiro. O candombe, a capoeira e o samba formam um conjunto de símbolos étnicos que imprimiram algumas das marcas que dão a identidade social do povo brasileiro.
As formas de organização social presentes nessas rodas sagradas do universo negro brasileiro nos ensinam muito sobre respeito, afeto, aquilombamento e manutenção dos valores culturais e simbólicos contidos nas falas e nos saberes ancestrais transmitidos através das oralidades das Mam´etus, Tat`etus, Ialorixás, Babalorixás, Mestres e Mestras de Capoeira, bem como das nossas Matriarcas e Baluartes do samba paulista.

Encontro 2: São Paulo, menino grande
Tema: Territórios de resistência negra.
A política de gentrificação dos territórios que correspondem ao centro expandido da capital paulista foi crucial para o processo de higienização étnica de bairros que, à época, eram predominantemente negros. Os apagamentos históricos e a invisibilização étnica desses territórios negros, a exemplo dos bairros da Liberdade e Bela Vista que nos últimos anos vem sofrendo com as políticas de reurbanização da cidade, são temos fundamentais para compreendermos a importância de reconhecermos e ressignificarmos os territórios negros, suas origens e seus legados históricos e culturais.

Encontro 3: Auê, Meu Irmão Café
Tema: Ruralidades e Urbanidades. Territórios Afro Banto no interior de São Paulo.
Ainda hoje, respeitando-se os saberes da tradição e oralidade dos ancestrais africanos, os batuques e o samba rural caipira dão identidade ao nosso jeito de fazer samba, tendo como referência a cidade de Pirapora do Bom Jesus, no vale do Ribeira, que ainda preserva o samba de bumbo, as cidades de Guaratinguetá e Piquete preservando o Jongo no Vale do Paraíba, e as cidades de Piracicaba, Tietê e Capivari e Campinas que preservam o Tambú, que são ritmos, danças e cantos peculiarmente paulistas e que legitimam a nossa identidade cultural, pois o Batuque de Umbigada está para São Paulo assim como o Tambor de Crioula está para o Maranhão, bem como o Maracatu está para Pernambuco.

Encontro 4: Silêncio
Tema: Apagamentos da população negra
Segundo a práxis sociológica do pensamento marxiano do professor Clóvis Moura (1925-2003), a exploração do homem pelo homem é um fenômeno social que dá sustentação ao sistema capitalista. Para o professor, no Brasil o sistema de exploração do homem pelo homem ocorreu durante todo o processo colonial onde os povos das diásporas africanas foram escravizados, explorados e desumanizados, o que na visão do intelectual tratava-se de um capitalismo primitivo. Mesmo com o advento da lei Áurea promulgada no dia 13 de maio de 1888, o sistema escravista ainda operou em grande escala nos anos seguintes à abolição. Além disso, o Estado brasileiro criou uma série de medidas institucionais e jurídicas para inviabilizar a inclusão social, econômica e cultural da população preta no projeto de nação que estruturou a identidade étnico social do povo brasileiro, em especial no período pós abolição.

Tadeu Kaçula é sambista, sociólogo, doutorando e mestre em Mudança Social e Participação Política pela Universidade de São Paulo (USP). Coordenador executivo da UNAFRO – Universidade Livre Afro-brasileira, membro do grupo de Estudos Latino Americano sobre Cultura e Comunicação (CELACC – USP).

💡 Em breve divulgaremos a nova data para esse encontro tão importante, que celebra e reflete sobre as contribuições e histórias das comunidades negras em São Paulo.

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