Exposição “Raiz, memória e humanidade”, no Sesc Santana, tem inspiração em “Os Sertões” de Euclides da Cunha

07/09/2019

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Ancestralidade, memória, alteridade e pertencimento | Foto: Alexandre Sequeira

No período de 03 de setembro a 17 de novembro, de terça a domingo, das 10h às 19h, o Sesc Santana apresenta a exposição Raiz, memória e humanidade, com obras que tratam da construção da identidade, tanto individual como coletiva, a partir de quatro eixos de investigação: a ancestralidade, a memória, a experiência de alteridade e o pertencimento.

A exposição é a segunda parte de uma trilogia inspirada pela obra “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, famoso relato publicado no início do século 20 sobre a Guerra de Canudos, quando o autor era correspondente do jornal O Estado de São Paulo. Dividido em três grandes blocos – a Terra, o Homem e a Luta – o livro se tornou um clássico e é referência para gerações de escritores desde sua publicação.

A exposição em cartaz é composta por quatro módulos:

Fábula do olhar, de Virginia de Medeiros (com intervenções de Mestre Julio Santos)

Virginia de Medeiros, no período de um mês e meio, instalou um estúdio fotográfico em dois refeitórios destinados a moradores de rua na cidade de Fortaleza. A artista retratou 21 moradores de rua numa série fotográfica em preto e branco, colheu depoimentos em vídeo sobre a história pessoal de cada um dos colaboradores e fez uma pergunta-chave que direciona e identifica a natureza da obra: Como você gostaria de se ver ou ser visto pela sociedade? Esta questão abre o campo de subjetividade dos indivíduos retratado que, fabulando sua condição, se fazem personagens da obra “Fábula do Olhar”. O momento da fabulação é esse, quando a diferença entre aquilo que é real e aquilo que é imaginado se torna indiscernível, quando por esse processo o indivíduo se constitui como um sujeito da cena e não como um mero objeto que é observado: criar um mundo, nele crer e se projetar. A artista convidou o fotopintor Mestre Julio Santos que, através da técnica da fotopintura digital, coloriu os retratos em preto-e-branco interferindo nas imagens de acordo com as revelações dos moradores de rua. Como resultado temos uma imagem-fabulosa que coloca em ação este jogo inelutável entre o real e o imaginário. Cada fotopintura é acompanhada por um texto literário, no qual o morador de rua se apresenta, fala do que é viver em situação de rua e faz a encomenda de sua representação.

Pontes sobre abismos, de Aline Motta:

Instigada pela revelação de um segredo de família, Aline partiu em uma jornada à procura de vestígios de seus antepassados. Ela viajou para áreas rurais no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, Portugal e Serra Leoa, pesquisando em arquivos públicos e privados e, ao mesmo tempo, criando uma contra narrativa do que geralmente se conta sobre a forma como as famílias brasileiras foram formadas. Com base em suas experiências pessoais, o trabalho pretende discutir questões como o racismo, as formas usuais de representação, a noção de pertencimento e identidade em uma sociedade que ainda tenta um ajuste de contas com sua história violenta e as noções românticas de sua louvada miscigenação.

Nazaré do Mocajuba, de Alexandre Sequeira:

Pesquisa desenvolvida nos anos de 2004 e 2005 no pequeno vilarejo de mesmo nome, localizado no município de Curuçá, no nordeste do Estado do Pará, na Amazônia brasileira. A partir da realização de serviços fotográficos solicitados pelos locais, como fotos para documentos ou de registros familiares, Alexandre é acolhido como um retratista da pequena vila e passa então a propor a troca de objetos pessoais, como cortinas, toalhas de mesa, lençóis ou redes, reproduzindo sobre eles a imagem de cada dono em tamanho real. A montagem realizada no Sesc Santana celebra os  anos do projeto mostrando etapas do processo do artista.

Pertencença, de Maurício Pokemon, Gê Viana e Rafael Ribeiro:

Pertencer e as formas de pertencimento definem o que somos. Três artistas e trabalhos de fotografia que tem em comum o deslocamento de histórias, personagens e seus territórios. As imagens dialogam com o fotojornalismo político ao apresentar realidades como a higienização social em curso na Av. Boa Esperança – em Teresina (PI) – por Maurício Pokemon, os indígenas urbanos, o apagamento das identidades e das origens – em São Luis (MA) – por Gê Viana e a rua e a diversidade de seus habitantes, no bairro do Bom Retiro – em São Paulo – por Rafael Ribeiro.

Foto: Carol de Freitas

Serviço:

“Raiz, memória e humanidade”
De 03/09 a 17/11.Terça a domingo, das 10h às 19h. Grátis. Livre.
Locais: Foyer do Teatro, Área de Convivência, Galeria 1º andar e Muro da Rua Viri.
Av. Luiz Dumont Villares, 579 – Jd. São Paulo.

Fotos: Carol de Freitas.

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