Com curadoria do CineSesc, programação do CineClubinho exibe gratuitamente três animações do premiado cineasta brasileiro Alê Abreu
O CineClubinho marca presença na plataforma Sesc Digital com uma programação especial e gratuita, dedicada ao público infantil e a toda a família. Neste mês de dezembro, três animações brasileiras estão em cartaz e permanecem em exibição durante o período de férias. São elas: o curta-metragem “Espantalho” (1998) e os longas “Garoto Cósmico” (2007) e “O Menino e o Mundo” (2013), todos com a assinatura criativa do diretor Alê Abreu, referência nacional em cinema de animação.
Abreu recebeu visibilidade ao se tornar o primeiro cineasta brasileiro a ter um de seus filmes indicado ao Oscar na categoria Melhor Animação. Trata-se da fábula “O Menino e o Mundo”, que encantou plateias em todo o globo, conquistando o Prêmio do Público no prestigiado Festival Internacional de Annecy, na França, considerado uma vitrine do que é produzido mundialmente no campo da animação.
Mesmo sem diálogos, “O Menino e o Mundo” se conecta com o espectador pelo tom poético que emprega em sua jornada de amadurecimento. Inconformado com a partida do pai, que vai embora para a metrópole em busca de trabalho, o Menino pega o mesmo trem rumo ao desconhecido para encontrá-lo, desbravando um mundo cheio de fraturas e desilusões. No meio do caminho, ele é surpreendido com uma realidade marcada pela pobreza, exploração de mão-de-obra e falta de perspectivas.
Pelo parágrafo acima, “O Menino e o Mundo” pode soar como um “filme triste” para as crianças. Mas não é. A grande sacada dos realizadores é trocar a perspectiva e mostrar as mazelas sociais do povo brasileiro pela lente da sensibilidade infantil. A pureza do personagem-título e a naturalidade com que ele interage em contextos desfavoráveis rendem cenas lúdicas e emocionantes, porque a observação de como o mundo funciona pelos olhos de uma criança não está carregada do pessimismo adulto. Mesmo ciente do conteúdo, mostrado com notável teor crítico, a animação é dosada e lança um olhar dócil e sensível. Esse contraste proporciona uma experiência cativante.
E para além da história, o aspecto técnico de “O Menino e o Mundo” é refinado. Os traços coloridos podem parecer simples, mas formam uma composição visual na tela de encher os olhos. Outros destaques são o apurado design de som e os arranjos da trilha sonora, composta pela dupla Ruben Feffer e Gustavo Kurlat, com participações do rapper Emicida, do músico Naná Vasconcelos e do grupo paulistano Barbatuques.
Outra atração do CineClubinho é “Garoto Cósmico”, primeiro longa-metragem de animação dirigido por Alê Abreu. A história futurista se passa no ano de 2973 e acompanha as aventuras no espaço sideral de três crianças que “fogem da programação” e fazem amizade com a trupe do Circo Giramundos. O trio de personagens vive no Planeta das Crianças, um lugar monótono, monocromático e sem diversão. Seus afazeres são controlados por uma programação rígida, que inclui hábitos cotidianos, como comer, dormir, estudar, escovar os dentes, etc. Na viagem interplanetária, eles vão conhecer várias criaturas diferentes e juntos vão explorar novas e divertidas experiências.
“Garoto Cósmico” é um convite às crianças para soltarem a imaginação. Inicialmente, a animação mostra os pequenos praticamente como robôs seguindo um protocolo de regras no tal Planeta das Crianças, e ao encontrarem a liberdade e soltarem a criatividade, suas vidas ganham cor e seus lábios estampam sorrisos. O filme se passa em um futuro distante, mas sua história é tranquilamente aplicável aos dias de hoje, mostrando que além das obrigações diárias, a alegria e a brincadeira precisam fazer parte do dia a dia das crianças.
Com participações na trilha sonora de Belchior, Vanessa da Mata e Arnaldo Antunes, “Garoto Cósmico” é a despedida do cinema do lendário ator Raul Cortez, que emprestou a sua voz para o personagem Giramundos, o dono do circo que transforma a vida das crianças.
Por fim, outra opção disponível no CineClubinho é o curta-metragem “Espantalho”, primeiro filme do diretor, lançado em 1998. Em apenas 10 minutos, o conto narra uma história cheia de fantasias, abordando temas como memória e novas amizades. “Espantalho” mescla animação com registros da fotógrafa catarinense Priscila Prade, e é embalado pelas notas doces do músico Marcos Romera.
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